13 de julho, 2020

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VIMOS-TE COM FOME E DEMOS-TE DE COMER

 

Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. 37 Então, os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? 38 E, quando te vimos estrangeiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? 39 E, quando te vimos enfermo ou na prisão e fomos ver-te? 40 E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.

                                                                                                                                  Mateus 25:36-40

 

São difíceis, os tempos que correm. Todos os dias nos chegam notícias de mortos e infetados, a todas as horas se contam famílias que perderam entes queridos, pessoas cada vez mais isoladas, trabalhadores que ficaram desempregados, homens e mulheres em risco de perder a casa e tudo o que têm. A multiplicação de casos de falência, mais as pobrezas instantâneas, ou iminentes, enchem-nos de angústias e preocupações.

A solidão dos mais frágeis e o abandono dos mais vulneráveis têm que nos interpelar e fazer agir, pois os doentes ficaram também mais doentes e muitos até sem acesso a tratamentos e medicamentos. Perante a pandemia, a oncologia deixou de ser uma prioridade e nada mais aflitivo do que ver alguém em grande sofrimento físico e padecimento emocional ser obrigado a ir para o fim da fila.

Tudo nos atravessa e tudo nos convoca a refletir e a agir. Agora, mais do que nunca, somos chamados a ser criativos e efetivos. A distância social não pode confundir-se com ausência, com desistência. Os novos protocolos medem e estabelecem a distância física, mas não impedem a proximidade de coração. Temos que ficar atentos aos que andam mais frágeis à nossa volta, pois aos sofridos pobres que sempre houve e haverá, juntaram-se agora legiões de novos pobres que não podemos ignorar.

Ninguém pode argumentar que o distanciamento social nos obriga a afastar-nos dos que precisam, passando ao largo das suas necessidades, porque é exatamente o contrário. É justamente porque somos forçados a ficar em casa, a não visitar a família e os amigos, que temos que nos preocupar mais. Temos que ficar alerta, vigilantes, atentos aos que precisam da nossa ação, do nosso apoio, da nossa voz, da certeza do nosso abraço, mesmo quando ele só pode ser virtual, mediado por um ecrã ou um telemóvel.

Este é o tempo de revisitar a palavra de Deus, de ler e ouvir o que nos diz Jesus, de focar nas obras de misericórdia. Todos nunca seremos demais para apoiar, para salvar, para resgatar. E cada um de nós sabe muito bem onde pode procurar (e encontrar!) os que já estão a sobreviver em condições precárias, em absoluta pobreza ou extrema miséria. Nunca foi difícil identificar os que sofrem, seja pela falta de dinheiro, de saúde ou de companhia, mas agora temos uma luz suplementar com que iluminar as sombras do mundo. Basta querermos ver o que está à vista. E agir.

Nunca como agora foi tão urgente ir ao encontro do outro. Nunca como até aqui tínhamos ficado privados de templos e igrejas, cerimónias e celebrações de culto, onde nos encontrávamos, onde nos reuníamos, onde dávamos o nosso contributo e onde conversávamos e passávamos palavra sobre este ou aquela que estavam mais necessitados. E é também a pensar nisto que temos que reforçar a nossa generosidade para com a Igreja que ajuda os que sofrem, bem como encontrar meios criativos, mas efetivos, de contribuir para alimentar, vestir, acolher e visitar os carenciados.

E sempre que fizermos isto aos mais pequeninos e vulneráveis, sabemos a quem o estamos a fazer.

 

Laurinda Alves, Jornalista, escritora, tradutora e professora universitária de Comunicação, Liderança, e Ética

(In Voz da Fátima, Ano 098, N.º 1174, 13 de julho 2020) 

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