25 de setembro, 2021

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Vida e obra de um dos arquitetos da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima publicadas em livro

Escrito biográfico sobre João Antunes foi apresentado, esta tarde, em Fátima. Investigação para o livro resultou na doação dos documentos pessoais do arquiteto ao Arquivo do Santuário.

 

Um livro que apresenta a vida e obra de João Antunes, arquiteto que deu continuidade ao projeto da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, após a morte de Gerardus Samuel van Kriekenr, foi apresentado, esta tarde, no Centro Pastoral de Paulo VI, em Fátima. Da autoria de António Borges da Cunha e Pedro Moniz, a obra biográfica contou com a apresentação de Marco Daniel Duarte, diretor do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima, que assina o prefácio do escrito.

“Nem todos os arquitetos têm, no seu currículo, a possibilidade de poderem dizer que, na obra construída, passaram miríades e miríades de pessoas. Entre os espaços mais frequentados no mundo da arquitetura está a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, a obra mais emblemática da vida de Josão Antunes”, disse Marco Daniel Duarte, ao elogiar o esforço que aquele arquiteto encetou ao dar continuidade a um projeto que não era seu de raiz, no respeito pela traça do trabalho do seu antecessor, apesar das alterações inovadoras introduzidas, nomeadamente a substituição da abóbada de madeira, prevista no primeiro projeto, por uma abóbada de pedra, que enobrece o espaço.

O diretor do Departamento de Estudos qualificou João Antunes como um arquiteto “muito brioso da sua obra e consciente da valia do seu trabalho” e mostrou o seu agrado por ver o interesse gerado em volta desta figura da arquitetura nacional, que situou “na fronteira entre os arquitetos anónimos e os mediaticamente conhecidos”.

“Apesar de João Antunes ter conseguido vencer o anonimato, a historiografia não o conseguiu ditar aos livros maiores da arquitetura, em Portugal”, justificou.

 

Familiares do arquiteto doam últimos documentos ao Arquivo Santuário de Fátima

“Sem pretensões científicas na análise, este livro de 205 páginas reúne um bom jogo de informações, que podem ajudar a encontrar, no panorama artístico nacional, o lugar do arquiteto responsável pelas obras do Santuário de Fátima, nas décadas de 30 e 40, do século XX. Fica, assim, a historiografia da arte a dever a este trabalho um primeiro contributo para ulteriores abordagens sobre a obra de um arquiteto que tomou diferentes linguagens, conforme as funções dos edifícios que projetava”, sintetizou Marco Daniel Duarte, ao lembrar a relação estreita que João Antunes estabeleceu com o Santuário de Fátima, nomeadamente através da troca epistolar com o bispo de Leiria-Fátima, D. José Alves Correia da Silva Basílica, que está presente neste livro.

O diretor do Departamento de Estudos elogiou a iniciativa da publicação deste livro, que reune uma investigação, que impulsionou a opção da família do arquiteto a doar os últimos documentos de João Antunes ao Arquivo do Santuário de Fátima, decisão que Marco Daniel Duarte agradeceu, em nome do Santuário de Fátima.

A apresentação do livro, que tem a chancela da editora Hora do Livro, foi moderada pelo jornalista Otávio Carmo e contou com uma palestra do escritor de origem russa e residente em Moscovo Alexandre Dianine-Harvard, que falou sobre o impacto da mensagem de Fátima na Rússia de Hoje.

“Fátima, como dizia o Papa João Paulo II, está aqui para durar. Nos próximos anos veremos, creio, a intercessão de Nossa Senhora em tudo. A missão profética de Fátima ainda continua e ainda tem algo mais a dizer ao mundo, além da conversão da Rússia, que talvez tenha sido o princípio da história de Fátima”, disse o escritor, ao percorrer a conversão comunitária e pessoal que a Rússia ainda atravessa.

A tarde foi intercalada por momentos musicais a cargo do Adesba Chorus.

Nascido em 1897 e falecido em 1989, João Antunes tem entre os seus principais projetos “As três Graças”, o Teatro Ginásio (ambos em Lisboa), e a continuação das obras da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima e de várias outras igrejas, por todo o país. João Antunes destacou-se ainda na área da escultura, sendo o autor do sacrário e dos altos-relevos dos mistérios do Rosário da primeira Basílica a ser edificada na Cova da Iria.

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