13 de fevereiro, 2021
VAMOS JUNTOSPor Maria João Ataíde*
É neste mês de Fevereiro, exactamente no dia 12, que faria 98 anos a minha catequista. Que privilegio o meu, ter podido conviver com ela desde os 5 anos !!! Pois embora saibamos que a primeira e principal responsabilidade na formação das crianças e jovens, sobretudo no aspecto espiritual e religioso, pertence à família, a verdade é que ao longo de 73 anos esta senhora me transmitiu valores que marcaram para sempre a minha vida, a saber : Sempre que vires algo Belo, agradece a Deus… Sempre que fizeres uma boa acção, toda a humanidade se torna melhor… …e quando, aos 10 anos, recebi o Santo Crisma preparada por ela, deu-me um exemplar do Novo Testamento que muito releio e no qual ela transcreveu, do Evangelho de S. João 14, 25-26: “ O Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” explicando-me que encontraria n’ Ele a força e o discernimento nos momentos difíceis sempre que O invocasse. Pela vida fora, perante situações em que não sabia o que dizer ou fazer, comprovei esta promessa de Jesus. Tambem o Cardeal Tolentino, no seu discurso de 31 de Dezembro de 2020 a que chamou O Ano que virá em que confia a Deus este ano de 2021, invoca o Espírito Santo ”para quem o quer ouvir, o vento do teu espírito passa como um assobio primaveril anunciando o degelo ….” Alem da minha catequista, vieram-me à ideia outras duas figuras admiráveis que partiram em 2020, dois pensadores que tinham em comum extraordinaria cultura e inteligência mas sobretudo uma enorme simplicidade: Eduardo Lourenço, que ao receber em Abril o prémio “Àrvore da Vida”, respondeu na radio à pergunta porque nunca fizera o Doutoramento “ Olhe, esqueci-me…” E Gonçalo Ribeiro Telles, precursor na arquitectura paisagística e defesa do ambiente, quando questionado porque nunca escolhera viver e trabalhar fora de Portugal onde seria mais reconhecido, respondeu “Olhe, gosto disto…” Pois a minha catequista, quando há um ano adoeceu e teve que ser hospitalizada e depois isolada, recebeu de Deus a graça de partir no dia 1 de Janeiro, na festividade de Santa Maria Mãe de Deus e dia Mundial da Paz…Como diz a jornalista Laurinda Alves, numa crónica antiga (Revista XIS, 31 de Janeiro 2004) intitulada “Viver e morrer no hospital” mas que é actualíssima : “Cada vez mais as pessoas morrem no hospital, longe de casa e dos amigos. Por vezes até longe da sua própria família. E é porque cada vez mais se morre no hospital que cabe reflectir sobre o sentido da vida e sobre a dimensão espiritual dos doentes.” Em tempos de pandemia e de quebra na economia global e nacional, ter um sentido para a vida que transcenda as catástrofes e, pior, as notícias catastrofistas que todos os dias chovem nos telejornais e nas rádios, é fundamental. Para nos ajudar, o Papa Francisco deu-nos em 2021 “um intercessor, um amparo e um guia…” na figura de São José “o homem da presença quotidiana discreta e escondida “ e estou a citar as palavras de Francisco ao proclamar este ano dedicado a São José. São José também é patrono dos operários e trabalhadores em geral. Neste ano que lhe é dedicado, possa ele interceder pelos tantos que ficaram desempregados ou que viram os seus empreendimentos fechar portas… questiona o Papa “Como poderemos falar da dignidade humana sem nos empenharmos porque todos, e cada um, tenham a possibilidade de um digno sustento?” E Francisco recomenda-nos uma oração a este Santo, publicada no sec. XIX pela Congregação das Religiosas de Jesus e Maria: “Glorioso Patriarca São José, cujo poder consegue tornar possíveis as coisas impossíveis, vinde em minha ajuda nestes momentos de angústia e dificuldade. Tomai sob a vossa proteção as situações tão graves e difíceis que vos confio, para que obtenham uma solução feliz. Meu amado Pai, toda a minha confiança está colocada em Vós. Que não se diga que eu vos invoquei em vão, e dado que tudo podeis junto de Jesus e Maria, mostrai-me que a vossa bondade é tão grande como o vosso poder. Amen”.
* Maria João Ataíde é Pedagoga. (In Voz da Fátima, Ano 099, N.º 1181, 13 de fevereiro 2021) |