28 de janeiro, 2017

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Trasladação dos restos mortais do «Apóstolo de Fátima»

Santuário da Cova da iria acolheu hoje homenagem ao padre Manuel Formigão 

 

Decorreu este sábado  a cerimónia de trasladação dos restos mortais do padre Manuel Nunes Formigão, conhecido como 'o apóstolo de Fátima´, do cemitério local para um mausoléu construído na Casa de Nossa Senhora das Dores.

A celebração de trasladação deste sacerdote e servo de Deus começou com uma concentração na casa das Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima, `Espaço Padre Formigão, Casa do Apóstolo de Fátima´,  com centenas de pessoas, seguida de saída para o cemitério da Freguesia de Fátima. Daí, a urna foi levada para a Basílica da Santíssima Trindade tendo sido celebrada uma missa presidida pelo bispo da diocese de Leiria-Fátima, D. António Marto.

Na homilia, o prelado destacou uma figura que "se rendeu ao mistério e à revelação do amor de Deus, da beleza da sua santidade tal como brilhou aos pastorinhos de Fátima".

O bispo de Leiria-Fátima recordou o padre Manuel Formigão como alguém que "captou de uma maneira admirável para o seu tempo, a dimensão reparadora da vivência da fé tão sublinhada na mensagem de Fátima".

“Sem ele, Fátima não seria o que é presentemente”  disse o bispo de Leiria-Fátima reproduzindo as palavras do cardeal patriarca de Lisboa D. António Ribeiro.

“A ele devemos, sem dúvida, a garantia da autenticidade dos acontecimentos e das testemunhas, da sinceridade dos videntes e da verdade das suas afirmações, a divulgação da mensagem através de escritos, a fundação da Voz da Fátima e dos Servitas. Queremos exprimir a nossa gratidão a ele e a Deus que o escolheu para esta missão. E pedimos a Nossa Senhora e aos pastorinhos a sua intercessão para que ele possa aceder em breve à veneração dos altares” referiu D. António Marto.

Durante a homilia, o bispo de Leiria-Fátima traçou um paralelo entre São Tomás de Aquino, cujo dia hoje se celebra e o padre Manuel Formigão, e apresentou-os como testemunhas de uma fé “orante, adorante e eucarística”, em que assentou toda a sua espiritualidade.

“De facto, Nossa Senhora veio à busca de colaboradores para a reparação do pecado do mundo e seus estragos e destruições na relação com Deus, com os outros e com o mundo como casa comum” e o  padre Formigão “entendeu a reparação como adesão plena à vontade de Deus, aceitar a vontade de Deus a colaborar com Ele nos acontecimentos da vida quotidiana e do mundo mesmo que isso exija sacrifício e renúncia”, disse o prelado.

D. António Marto fez questão de explicitar o sentido da reparação para `o apóstolo de Fátima´: “Reparar quer dizer pois recompor, refazer, reconstruir, re-sanar, tecer de novo o que se rompeu, renovar o mundo, a começar pelo coração de cada um na relação com Deus, com os outros e entre os povos”.

“Isto realiza-se na oração e adoração como expressão de amor a Deus e da comunhão dos santos em que oramos uns pelos outros; mas realiza-se também no trabalho de evangelização e na caridade cuidando e curando as feridas, as chagas, os sofrimentos da humanidade”, concluiu o prelado diocesano.

De acordo com uma nota biográfica enviada pela postulação do processo da Causa de Canonização, o padre Manuel Nunes Formigão nasceu em Tomar, a 1 de janeiro de 1883 e aos 12 anos entrou no Seminário Patriarcal em Santarém, onde realizou os estudos eclesiásticos.

Terminada a sua formação, e “tendo em conta a sua sagacidade intelectual e grande vida de piedade, foi enviado para Roma, onde obteve o grau académico de Doutor em Teologia e Direito Canónico pela Pontifícia Universidade Gregoriana”.

A 13 setembro de 1917 foi pela primeira vez à Cova da Iria, como simples curioso e “profundamente cético relativamente aos factos que se diziam ali estarem a acontecer”.

Não se aproximou do local das aparições e saiu de Fátima ainda “mais cético, pois não presenciou nada de invulgar, apenas notando a diminuição da luz solar por altura das supostas aparições, mas facto que não deu qualquer importância”.

No entanto voltou a Fátima, em concreto a Aljustrel, no dia 27 desse mesmo mês a fim de interrogar, em separado, os três videntes.

A este interrogatório sucederam-se outros nas semanas seguintes, nomeadamente o efetuado no dia 13 de outubro, horas depois da última aparição e depois de ter sido testemunha, juntamente com mais de 60 mil pessoas ao assombroso fenómeno solar, que o povo apelidou como “Milagre do Sol”.

O servo de Deus faleceu em Fátima, a 30 de Janeiro de 1958, e no ano 2000 a Conferência Episcopal Portuguesa concedeu a anuência para a introdução da causa de Beatificação e Canonização do Apóstolo de Fátima.

Também o postulador, pe Arnaldo Pinto Cardoso,  usou da palavra para sublinhar a “decisiva influência” que teve a mensagem de Fátima sobre  o cónego Formigão, depois do contacto com os três pastorinhos.

“Em tempos difíceis e adversos o padre Formigão soube acolher os pastrorinhos, interpretar as suas declarações, divulgar os acontecimentos, apropriar a mensagem, aconselhar os bispos responsáveis, viver com os fieis as peregrinações à Cova da Iria”, disse o postulador.

“Como há cem anos, também hoje se respira o ar das guerras, sentem-se os efeitos do ódio, em muitos lugares a igreja é perseguida. O homem precisa de ser regenerado, e de se abrir ao bem, à verdade e à justiça. E Deus, ofendido de tantas maneiras, necessita de ser reparado das ofensas. Parece que voltámos aos tempos de Formigão”, concluiu o padre Arnaldo Pinto Cardoso.

Os restos mortais do padre Formigão vão permanecer no mausoléu na Casa de Nossas Senhora das Dores, de Fátima, num espaço que pode ser visitado diariamente e onde estão também alguns objectos que atravessaram a sua vida desde fotografias, paramentos a objectos pessoais como os óculos ou o relógio que usava.

Na cerimónia estiveram também presentes o Núncio Apostólico, D. Rino Passigato, D. José Cordeiro, bispo de Bragança –Miranda e o bispo emérito de Leiria-Fátima, D. Serafim Silva, bem como o reitor do santuário de Fátima, Pe. Carlos cabecinhas, entre outros sacerdotes.

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