22 de fevereiro, 2007

Homilia na Missa do dia 4.02.2007
5º Domingo do Tempo Comum – Ano C
Santuário de Fátima

“Faz-te ao largo”: lança as redes da cultura da vida
 
A página do Evangelho que escutámos, sobre a pesca miraculosa, é-nos tão familiar que, porventura, já não nos surpreende. E, no entanto, é cheia de surpreendente beleza e actualidade.
A pesca miraculosa e superabundante é símbolo da missão dos apóstolos e da Igreja, ao longo dos tempos, com as suas grandes questões e dificuldades. A própria barca é uma metáfora muito bela não só da nossa condição humana, mas também da Igreja que atravessa o mar imenso da história.
 
 “À Tua Palavra lançarei as redes”
Jesus sobe para a barca e quer embarcar connosco ao longo da nossa vida. Toma o seu lugar e alimenta o povo, a multidão do povo,  com a Sua Palavra de vida. Eis a imagem da comunidade cristã que vive a sua fé pondo no centro a Palavra de Deus, isto é, Jesus como Palavra de revelação e de salvação. E na força desta Palavra é enviada em missão: “Faz-te ao largo”… “À Tua Palavra lançarei de novo as redes” – responde Pedro.
A Palavra revela-se eficaz, portadora de frutos, de abundância de vida numa pesca abundante. É a Palavra de Jesus que enche as redes e que torna eficaz o trabalho apostólico. Com o sopro do Espírito, a Palavra impulsiona as velas da barca da Igreja e dá-lhe força e coragem para olhar em frente e de realizar a missão confiada a Pedro de “ser pescador de homens”, isto é, de ir ao encontro dos que têm necessidade de ser amados e de ser salvos de morrer afogados no mar da opressão, do egoísmo, da injustiça, do sofrimento, da escuridão, do medo de viver e da própria morte.
 
“Faz-te ao largo”: lança as redes da cultura da vida, em profundidade
“Faz-te ao largo”: é o convite poderoso que o Senhor nos dirige hoje para enfrentarmos os desafios da evangelização no terceiro milénio, as grandes responsabilidades da hora presente, entre as quais o anúncio renovado do Evangelho da vida.
“Faz-te ao largo” e lança as redes em profundidade: especialmente nas águas profundas da cultura de hoje marcada por um vazio de sentido, onde faltam referências fundamentais para o viver comum, e por visões fragmentárias do ser humano que o deixam fragilizado no amor e na paixão pela vida humana. Uma situação que nos interpela “a abrir o coração aos outros, reconhecendo as feridas provocadas à dignidade do ser humano; a combater qualquer forma de desprezo da vida e de exploração da pessoa; e a aliviar os dramas da solidão e do abandono de tantas pessoas” (Bento XVI). 
 
Toda a vida pede amor, em cada fase da vida!
“Faz-te ao largo” e lança as redes em profundidade: é o convite a sair da superficialidade e a ir ao mais profundo de nós mesmos, do nosso coração e da nossa consciência e a perguntarmo-nos: amo e respeito verdadeiramente a vida humana? O nosso tempo, a nossa cultura, a nossa nação amam verdadeiramente a vida?
Quem ama a vida, de facto, não a tira mas dá-a. Amar a vida significa não negá-la a quem quer que seja, nem sequer ao mais pequeno e indefeso nascituro. Nenhuma vida humana, mesmo no seu primeiro desabrochar, pode ser considerada de menor valor ou disponível como um objecto. É necessária uma decidida viragem cultural para percorrer o caminho virtuoso do amor solidário à vida humana!
Sim, a vida humana é uma aventura para pessoas que amam sem reservas e sem cálculos, sem condições e sem interesses. Mas é, sobretudo, um dom em que reconhecemos o amor do Pai e a alegre responsabilidade pelo seu cuidado e pela sua protecção, particularmente quando é mais frágil e indefesa. Amar a vida é então empenhar-se para que cada homem e cada mulher acolham a vida como dom, a guardem com amorosa solicitude e a vivam na partilha e na solidariedade.
“Ó Maria, Mãe de Jesus e Mãe nossa, confiamo-nos a Ti, queremos deixar-nos conduzir por Ti; abençoa todos os que trabalham ao serviço da vida, e o Teu Coração terno e materno, o Teu Imaculado Coração, nos inspirará a amar, proteger, cuidar, partilhar defender e servir toda a vida humana. Ámen!”
 
                                                     †António Marto, Bispo de Leiria-Fátima
PDF

HORÁRIOS

07 jul 2024

Missa, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima

  • 07h30
Missa

Rosário, na Capelinha das Aparições

  • 10h00
Terço
Este site usa cookies para melhorar a sua experiência. Ao continuar a navegar estará a aceitar a sua utilização. O seu navegador de Internet está desatualizado. Para otimizar a sua experiência, por favor, atualize o navegador.