04 de junho, 2014
Presente em Fátima como conferencista no simpósio teológico-pastoral “Envolvidos no amor de Deus pelo mundo”. Experiência de Deus e responsabilidade humana, o teólogo italiano Franco Manzi sublinhou que “o vértice mundial de Fátima alcançou-se, graças aos mass média, com a publicação do chamado ‘terceiro segredo’, 26-27 de junho de 2000, após João Paulo II ter atribuído à proteção de Nossa Senhora o fracasso do atentado de que foi vítima a 13 de maio, 64 anos após a primeira aparição mariana em Fátima”. Convidado a apresentar a sua reflexão sobre o tema “O mistério do amor de Deus pelo mundo na mensagem de Fátima”, Franco Manzi, sacerdote da diocese de Milão, doutorado em Estudos Bíblicos, e, entre outras funções, diretor da revista teológica do Seminário Arquidiocesano de Milão, La Scuola Cattolica, realçou que, ainda no plano eclesial, “através do sinal profético de Fátima”, “o Espírito deu um impulso ao renascimento espiritual de Portugal que, no primeiro quartel do século XX, estagnara no ateísmo e no anticlericalismo”, isto pela ação de Deus, que, contudo, “fez sentir a sua ação bem para além da Igreja portuguesa”. “O Consolador fez sentir a sua ação (…) exercitando a sua atração salvífica sobre a Igreja enquanto tal, e sobre todo o mundo, sobretudo a partir dos repetidos reconhecimentos pontíficios da autenticidade das aparições de Fátima”. Franco Manzi, membro da Associação Mariológica Italiana, lembrou ainda “os milagres de Deus” operados em Fátima há quase um século, aqueles que “foram irradiando reflexos sobre todo o mundo”, como as “conversões duradouras”. “Tratam-se de frutos muitos deles ordinários, ainda que verdadeiramente maravilhosos, como os milhões de peregrinos que continuam há dezenas de anos a vir rezar a Fátima; e de frutos muitas vezes extraordinários, como os inumeráveis milagres que, desde os primeiros tempos após as aparições, começaram a acontecer em Fátima”, afirmou. “Também o discernimento eclesial sempre recebeu o máximo das confirmações das autorizadas intervenções dos pontífices”, acrescentou o teólogo, ao recordar alguns dos “efeitos do sinal de Fátima no campo sociopolítico”, tais como, “o movimento de libertação da Polónia, a sucessiva ‘queda do muro’ de Berlim, a perestrojka, que, além disso, quer dizer conversão, mas especialmente a atividade da Santa Sé, estimulada pelo próprio João Paulo II. O que aconteceu em Fátima foi verdadeiramente um “sinal do Espírito” ou simplesmente “um sinal dos tempos”? Em Fátima manifestou-se o Deus "incondicionalmente bom" ou o Deus “condicionalmente justo”? Franco Manzi procurou também refletir sobre estas perguntas. “Certas visões e mensagens de Fátima podem efetivamente suscitar nas crianças profetas [Lúcia, Francisco e Jacinta] e nos seus interlocutores de então – e de hoje – um certo ‘temor e tremor’. Esta sensação deve-se ao uso de categorias escatológico-judiciárias, dentro deste particular género literário profético de cunho apocalíptico constituído por visões e oráculos de ameaça”, afirmou Franco Manzi. Contudo, o teólogo explicou que as visões e os oráculos apocalípticos de ameaça comunicados aos três videntes “são ‘profecias’ no sentido em que, sob o influxo do Espírito do Ressuscitado, são mensagens ‘em nome de’ Nossa Senhora e, em última análise, do próprio Deus". e que os três pastorinhos agiam também como profetas "porque – como indica o prefixo pro- da palavra prophetes – falavam ‘diante’ das pessoas, mas sobretudo ‘em favor de’ tantas pessoas”. Sobre Maria, que em Fátima revelou o Seu Imaculado Coração, o teólogo conclui que “o símbolo do coração imaculado de Nossa Senhora, ao qual as profecias de Fátima convidam a consagrar-se, indica a sua consciência incondicionalmente crente, sede de um autêntico discernimento cristão”. LeopolDina Simões |