16 de dezembro, 2014
A presença de Maria na Igreja Isabel Varanda, teóloga e docente da Universidade Católica Portuguesa, em Braga, foi a primeira conferencista do V Ciclo de Conferências que se propõe abordar, a um ritmo mensal, até abril de 2015, o tema do corrente ano pastoral, “Santificados em Cristo”. “A Mãe de Jesus estava com eles”. A presença de Maria na Igreja foi o tema da conferência em que Isabel Varanda refletiu sobre as diversas expressões de Maria na história e no quotidiano da humanidade e da Igreja, num exercício sobre a identidade de Maria e sobre a luz que dela brota para a antropologia e para a compreensão do que é ser Igreja de Jesus Cristo, hoje: «Ao longo dos séculos os homens e mulheres conseguiram de facto levar Maria a um lugar de tal destaque que ela própria foi estímulo, foi inspiração e continua a ser inspiração para as mulheres de todos os tempos»; «[...] à imagem de Maria, a Igreja é convidada simplesmente a habitar, a encarnar pela Palavra e depois a dá-la à luz. [...] Mas para dar à luz é preciso gerar, isso é todo um processo que poderíamos apreender com Maria», afirmou a teóloga. Citando as conclusões do acordo assinado conjuntamente entre católicos e anglicanos, Maria, graça e esperança em Cristo [da Comissão internacional Anglicana-Católica Romana, 2005], Isabel Varanda, destacou que «nenhuma interpretação sobre Maria pode obscurecer a mediação de Cristo», que «toda a consideração de Maria deve estar ligada às doutrinas de Cristo e da Igreja» e que «Maria foi preparada por graça para ser a mãe do nosso redentor, por quem ela própria foi resgatada e recebida na glória». Com base nas conclusões do mesmo documento, Isabel Varanda referiu também que «reconhecemos Maria como modelo de santidade, de fé e de obediência para todos os cristãos», e que a sua figura «pode ser considerada como uma figura profética da Igreja». Sobre os “incontáveis” atributos, invocações e propriedades que são reconhecidos a Nossa Senhora, a teóloga sintetiza: «Maria, a mulher em quem os crentes confiam nos momentos de aflição, nos momentos de alegria, no nascer como no morrer, nas duras labutas como no lazer, Maria é invocada Nossa Senhora nos guarde, Nossa Senhora te guie». Maria é vista como uma mulher exemplar por um motivo único: «O ser a mãe de Jesus. O mistério de Maria lê-se à luz de Jesus Cristo; não podemos pensar Maria independentemente do seu filho, como também não poderemos falar do Filho sem falar dos benditos seios que o amamentaram». A teóloga recordou também os núcleos básicos da fé cristã: «o dogma marial, a conceção virginal, a maternidade divina, a virgindade perpétua, a imaculada conceição e a assunção». Para a teóloga, a pedagogia mariana é «coisa simples»: «Maria, com a sua própria vida, como Porta do Céu, mostra-nos que também podemos ser portas, também somos capazes de ser portas, somos capazes de aceder e de experimentar esta transcendência que se faz real imanência». Num tempo como o atual «em que se pretende reduzir o ser humano a uma mera biologia, a um materialismo biológico», Nossa Senhora é a prova de que «o humano é capaz de transcendência», de que «o ser humano é capaz de Deus». No final da conferência Isabel Varanda convidou todos os presentes a dirigirem uma oração a Nossa Senhora. L.S. |