03 de dezembro, 2007

 

O Bispo Auxiliar do Sudão esteve em Portugal durante a primeira semana de Dezembro, onde foi recebido por várias entidades da Igreja Católica.
Em Fátima, D. Daniel Adwok presidiu, no dia 9, à Eucaristia internacional, celebrada na Igreja da Santíssima Trindade. No dia 8, proferiu uma conferência, na Casa de Nossa Senhora das Dores, onde deixou novo alerta para a grave situação vivida pelo povo sudanês.
Durante a homilia do dia 9 de Dezembro o Bispo Auxiliar de Cartum disse: «As duas guerras civis que têm devastado o meu país, o Sudão, são certamente o resultado de as pessoas não se quererem aceitar umas às outras.
A guerra no Sul do Sudão, que terminou nos fins de Janeiro de 2005, ainda nos está a causar problemas no que respeita à implementação do protocolo acordado entre as partes. O conflito do Darfur ainda não encontrou o caminho para uma genuína resolução. O Darfur e o Sul do Sudão são habitados por povos de etnias tribais africanas com a única diferença de que o povo do Darfur é predominantemente Muçulmano, embora ambos sofram igualmente às mãos das elites governantes, as quais são compostas sobretudo por Árabes ou pessoas de origem árabe. O Governo do Sudão tem um programa de islamização da nação e esta foi, em parte, uma das principais causas da guerra civil no sul do país, em primeiro lugar.
Por isto se pode ver quão difícil se apresenta a situação para a Igreja. Mas a Igreja, como São Paulo diz na segunda leitura, nunca desistiu de ter esperança, e assim a sua fé foi reforçada ao ponto de cuidar dos verdadeiros pobres, aqueles que não têm voz. Os programas da Igreja vão desde a educação à saúde e ao provimento de habitação e alimentos. Estes são serviços prestados a seres humanos em necessidade. A situação que nos levou a esta iniciativa foi criada pela negação de justiça, uma virtude que neste (segundo) Domingo de Advento é ao mesmo tempo a imagem do Doador e um mandamento para aquele que foi baptizado no ‘Espírito e no Fogo’».
Conferência no dia 8 de Dezembro:
"A comunidade internacional por vezes é ingénua"
Uma acção concertada de islamização, sem respeito pela liberdade individual e religiosa do povo, uma profunda insegurança, muitas mortes e sofrimento, são algumas das realidades vividas no Sudão, um repto à actuação da comunidade internacional. O alerta pela liberdade foi feito, esta tarde, 8 de Dezembro, em Fátima pelo bispo católico D. Daniel Marko Kur Adwok, Bispo Auxiliar de Cartum, no Sudão.
D. Daniel Adwok relatou, em conferência realizada na Casa de Nossa Senhora das Dores, no Santuário de Fátima, os diversos aspectos da guerra no Sudão, que se arrasta desde 1992, mas que só se tornou internacionalmente conhecida no ano de 2003, através da divulgação feita pela comunicação social internacional. D. Daniel Adwok recordou vários momentos de negociação pela paz, as sucessivas assinaturas dos acordos de paz, e também os sucessivos incumprimentos dos mesmos tratados.
Considera o Bispo Auxiliar do Sudão que a guerra no sul do Sudão é diferente da vivida nas zonas mais a norte do país, porque os conflitos no norte têm como causa primeira as pressões económicas, devido à existência do petróleo, e também ideológicas. A guerra no sul do Sudão “tem dificuldades acrescidas”, causadas pelo processo de islamização a cargo dos sucessivos governos instalados no poder.
O prelado acusa os governos sudaneses de “terem sempre o mesmo manifesto”, com uma “agenda de islamização” que procura, através dos mais diversos meios, erradicar a Igreja Católica no Sudão. Para D. Adwok, que considera que “a comunidade internacional por vezes é ingénua ou fácil de enganar”, se a agenda de islamização tiver sucesso o povo (cristão) não poderá aceder a lugares de decisão económica ou política, e continuarão as perseguições.
O Bispo sudanês sublinhou em Fátima que a Conferência Episcopal do Sudão ambiciona uma solução pacífica e negociada para os conflitos e agradeceu aos organismos civis internacionais e também aos da Igreja Católica que prestam apoio às populações.
“Não podemos deixar de dar apoio ao povo, de lhes dar aquilo que eles necessitam, eles necessitam de ser livres, de se auto determinarem quanto ao seu futuro e de terem a sua própria terra”, afirmou D. Adwok.
D. Daniel Marko Kur Adwok, Bispo Auxiliar de Cartum está em Portugal durante esta primeira semana de Dezembro, a convite da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
O Bispo visitou o Santuário de Fátima pela primeira vez. “Sinto-me o advogado do meu povo, apelo à Virgem pela paz”, disse.
As palavras de abertura da conferência de D. Adwok couberam ao Reitor do Santuário de Fátima, Mons. Luciano Guerra. “Pretendo que o Senhor Bispo (D. Adwok) sinta que existe fraternidade cristã e humana, que estamos com os cristãos do Sudão mas não estamos contra os muçulmanos do norte”, afirmou relembrando que “ou as religiões se entendem ou o mundo não é capaz de se entender”.
Mons. Luciano Guerra anunciou ainda que o Santuário de Fátima procurará com o Bispo de Leiria-Fátima estudar qual a iniciativa concreta que possa vir a  ser feita para ajudar o povo do Sudão.


ARQUIVO:
D. Daniel Marko Kur Adwok, Bispo Auxiliar de Cartum, no Sudão, está em Portugal durante esta primeira semana de Dezembro, a convite da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS). Nesta viagem em que pretende falar da dramática situação vivida no Sudão, o Bispo será recebido em audiência por alguns dignitários da Igreja Portuguesa.
A 8 de Dezembro, Sábado, pelas 15h30, terá lugar na Casa de Nossa Senhora das Dores, no Santuário de Fátima, uma conferência sobre a situação dos cristãos naquele país de África, com particular atenção para a questão da violência na região do Darfur.
A conferência visa alertar também a opinião pública sobre o drama do povo sudanês na mesma altura em que os líderes dos países africanos estarão presentes em Portugal para participar na cimeira EU-África.
De tarde, o Bispo Auxiliar de Cartum participará nas celebrações do Santuário, como peregrino.
No mesmo dia (8 de Dezembro), D. Daniel Marko Kur Adwok será recebido em audiência por D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, na Casa Episcopal de Leiria, pelas 18h00.
No dia 9, Domingo, D. Daniel Adwok terá a Presidência de Honra na Celebração Eucarística das 11h00, na Igreja da Santíssima Trindade.
“D. Daniel Adwok tem sido uma voz incómoda para o regime, denunciando as falhas de quem governa o Sudão no que diz respeito à construção de um país próspero e pacífico”, refere em comunicado a AIS.
Campanha para auxiliar os cristãos do Sudão

Como forma de celebrar o 60º aniversário, a Fundação AIS decidiu lançar uma grande campanha para auxiliar os cristãos do Sudão.
Em primeiro lugar, foi publicado o Relatório "Sudão. Sem lugar na estalagem", denunciando a situação de pelo menos 2,3 milhões de pessoas obrigadas a deixar as suas casas e a procurar refúgio em campos onde estão totalmente dependentes das Nações Unidas e organizações humanitárias.
Está igualmente a decorrer uma campanha na Rádio Renascença a anunciar a "Estrela de Belém", um produto solidário cujas receitas revertem integralmente a favor dos projectos do Sudão.
A vinda do Bispo Auxiliar de Cartum a Portugal integra-se também na acção de sensibilização.
 
Outras informações: www.fundacao-ais.pt
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