24 de dezembro, 2024
“Somos desafiados a ser esse lugar que Jesus tem para nascer”Na noite em que se celebra o nascimento de Cristo, o reitor do Santuário de Fátima encoraja os peregrinos a acolherem o Deus Menino, sublinhando que dele brota o desafio de transformação do mundo.
Na homilia da missa da noite de Natal, celebrada na Basílica da Santíssima Trindade, o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, começou por destacar a contemplação dos presépios e como dela “transparece a imensa ternura de Deus para connosco”. É na fragilidade que os presépios deixam entrever que Deus se revela: “na total dependência de uma criança recém-nascida, Deus mostra a sua glória; na debilidade de uma criança, em tudo dependente, Deus revela a sua força; na impotência de um recém-nascido que chora, Deus manifesta a sua omnipotência”, afirmou o presidente da celebração. Nesta noite de celebração do Natal, o padre Carlos Cabecinhas desafiou os peregrinos a acolher “um Deus que vem até nós como criança para que não nos sintamos ameaçados nem atemorizados”. Vem porque quer ser amado e nós somos desafiados a ter lugar para Jesus, “a sermos esse lugar que ele tem para nascer”, referiu. A esse propósito, citou Ângelo Silésio, um místico cristão, que dizia: “Ainda que Jesus tivesse nascido mil vezes em Belém, de que me serviria isso se não tivesse nascido em mim? [...] Oh, pudesse o teu coração tornar-se uma manjedoura! Deus nasceria menino de novo sobre a terra”. “Fazer do nosso coração a manjedoura que acolhe Jesus – eis uma bela imagem do que significa o Natal! Eis o grande desafio que Natal põe a cada um de nós”, sublinhou o presidente da celebração. O padre Carlos Cabecinhas salientou ainda que é do acolhimento de Jesus que nascem a alegria de O encontrarmos no rosto daqueles que nos cercam, a confiança que esmorece num tempo marcado por tantas formas de violência, a paz como grande dom de Deus à humanidade, e a esperança. Retomando as palavras do Papa Francisco, esta noite, em Roma, na abertura do Ano Jubilar, frisou que “a esperança não é nunca uma atitude passiva, não é cruzar os braços à espera de que algo aconteça, e não é compatível com a preguiça dos que se acomodaram no seu próprio conforto”. O presidente da celebração reforçou ainda que “do acolhimento do Deus Menino, fonte de esperança, vem-nos o desafio de ‘transformação do mundo’, de levarmos ‘a esperança onde ela se perdeu’”. Referiu, por fim, que é deste acolhimento que nasce “o compromisso de estarmos atentos aos outros e às suas necessidades, pois se Deus se identificou com os ‘pequenos’, não podemos ficar indiferentes às suas necessidades e dores”. |