25 de julho, 2021

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"Somos convidados a visitar os mais velhos, as pessoas que estão sozinhas” porque “esta é uma forma de partilha e de realizar milagres”, disse o padre Carlos Cabecinhas

Reitor do Santuário presidiu à Missa dominical na Cova da Iria; lembrou os avós e os idosos, para quem pediu oração e atenção.

 

O reitor do Santuário de Fátima alertou hoje para a indiferença e diversas formas de abandono dos mais velhos, na homilia proferida durante a  missa dominical na Cova da Iria, que evocou de forma especial o I Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que se assinala hoje em toda a Igreja.

“Este é um dia que nos lembra que devemos dar graças a Deus pelos nossos avós, vivos ou já defuntos, e rezar por eles”, começou por dizer o padre Carlos Cabecinhas ao salientar as inúmeras ocasiões em que nos devemos lembrar dos mais velhos, que “sofreram particularmente” durante a pandemia, pela “solidão”, pelas “dificuldades materiais” ou pela “doença”.

“Esta celebração recorda-nos os mais idosos que vivem em dificuldades: aqueles que por causa da pandemia têm experimentado a solidão; aqueles que pela doença são abandonados nas camas dos hospitais-  e durante a pandemia multiplicaram-se as notícias dos idosos sozinhos que depois da alta hospitalar não tiveram ninguém para os acolher- e, ainda,  aqueles que depois de uma vida inteira de trabalho nada têm e vivem com tantas dificuldades” esclareceu o sacerdote a uma assembleia expressiva composta por muitas famílias, com várias gerações, que domingo após domingo peregrinam a Fátima.

A partir da liturgia proclamada este domingo, que nos remete para esse gesto extraordinário de Jesus, que multiplica os pães e os peixes e com eles sacia a multidão, o reitor do Santuário sublinhou que hoje este milagre concretiza-se na "partilha, na solidariedade e na generosidade".

“Quando somos capazes de sair do nosso egoísmo e da nossa  indiferença diante do sofrimento dos outros e quando estamos disponíveis para partilhar os dons de Deus com os outros eles não só chegam para todos como sombram” frisou o padre Carlos Cabecinhas.

“A generosidade, a partilha e a solidariedade nunca nos empobrecem e são geradoras de vida e de vida em abundância” referiu ainda lembrando que Deus continua hoje a “operar milagres” através de nós.

“Ele sacia a fome através da nossa partilha com os outros, da nossa disponibilidade e da nossa atenção aos outros”, acrescentou dando como exemplo os Santos Pastorinhos que, depois das aparições, aprenderam a “compadecer-se” dos outros, fosse pelos pecadores, por quem faziam sacrifícios, fosse pelos mais pobres, com quem  partilhavam a merenda.

“A celebração de hoje compromete-nos a não ficarmos indiferentes, como eles não ficaram. Somos convidados a visitar os mais velhos, as pessoas que estão sozinhas” porque “esta é uma forma de partilha e de realizar milagres”, concluiu.

Após a homília os peregrinos foram convidados a escutar e a rezar a oração do Papa para este dia, dita por um casal de avós, voluntários do Santuário de Fátima, pedindo ao Senhor “a sua força e o seu vigor” para a vida.

Esta oração está a ser rezada em todas as celebrações do programa oficial do Santuário de Fátima este domingo.

A Igreja celebra o I Dia Mundial dos Avós e dos idosos, na véspera da festa litúrgica de Santa Ana e São Joaquim, os avós de Jesus. Na mensagem para este dia,  o Papa Francisco evoca o sofrimento dos mais velhos durante a pandemia.

“A pandemia foi uma tempestade inesperada e furiosa, uma dura provação que se abateu sobre a vida de cada um, mas a nós, idosos, reservou-nos um tratamento especial, um tratamento mais duro”, escreve Francisco, de 84 anos.

A mensagem, intitulada ‘Eu estou contigo todos os dias’, dirige-se aos avôs e avós de todo o mundo, num “tempo difícil”.

“Muitíssimos de nós adoeceram – e muitos partiram –, viram apagar-se a vida do seu cônjuge ou dos seus entes queridos, e tantos – demasiados – viram-se forçados à solidão por um tempo muito longo, isolados”, recorda o Papa na primeira pessoa. Francisco apresenta-se como um idoso e sublinha a importância de manter viva a fé, num momento de particular sofrimento.

O texto evoca a experiência de sofrimento de São Joaquim e Santa Ana, os pais de Maria, mãe de Jesus, para falar das “noites de insónia” de muitos idosos, “povoadas por lembranças, inquietações e anseios”.

“Como sabeis, o Senhor é eterno e nunca vai para a reforma. Nunca”, acrescenta.

A mensagem considera que avós e idosos têm a missão de “salvaguardar as raízes, transmitir a fé aos jovens e cuidar dos pequeninos”.

O Papa aponta três “pilares” para esta reconstrução – “os sonhos, a memória e a oração” – em que os mais velhos têm um papel fundamental.

A partir deste ano o Dia dos Avós e dos Idosos celebrar-se-á sempre no quarto domingo de julho.

 

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