13 de dezembro, 2007

 

De novo, no dia em que a Igreja celebrou a Imaculada Conceição de Maria, foram muitas as famílias, em especial portuguesas, que rumaram a Fátima. Na manhã de 8 de Dezembro, os muros que resguardam a Capelinha das Aparições, onde se encontra a Imagem de Nossa Senhora, estiveram repletos de flores oferecidas pelos peregrinos. Foi dia de festa no Santuário de Fátima.
 
Desde há vários anos a esta parte, o dia 8 de Dezembro vem sendo aquele em que se regista, nos meses de Inverno, um maior número de participações nas eucaristias oficiais do dia. Assim, e tal como em anos anteriores, a Eucaristia internacional das 11h00, foi celebrada no Recinto de Oração, uma vez que os quase nove mil lugares sentados da Igreja da Santíssima Trindade, utilizada aos domingos nos meses de Inverno para a celebração desta Eucaristia, não seriam suficientes para acolher o grande número de peregrinos que, apesar do frio e da chuva, quiseram estar em Fátima.
 
Em termos de grupos organizados, anunciaram-se no Serviço de Peregrinos dezoito grupos, a maioria de Portugal (13), mas também de Itália (3) e de Espanha (2).
 
A todos, o presidente da celebração, o Reitor do Santuário de Fátima, Padre Virgílio Antunes, recordou que Nossa Senhora tem um lugar de eleição no plano de Deus para a humanidade.
 
“Maria foi portadora de toda a esperança e salvação para o mundo decaído e afastado de Deus. Não foge de Deus, não receia encontrá-lo, não necessita de outras explicações para o sentido da criação, não acusa ninguém nem se esconde da sua consciência”, disse.
 
“Num claro contraste com a antiga Eva, de que todos somos herdeiros, Maria, em vez da dúvida, é a mulher da certeza; em vez do medo, declara-se segura; em vez da fuga, aproxima-se e deseja o encontro; não se angustia, nem desespera, mas sente a mais fina felicidade; não dá lugar à tristeza, mas manifesta a grande alegria no Senhor; não se envergonha da sua pequenez, mas encontra nela um caminho para conhecer a glória e a grandeza da Deus”, acrescentou o Reitor.
 
Ainda durante a sua reflexão, na homilia, o Padre Virgílio Antunes sublinhou que na Solenidade da Imaculada Conceição está a resposta de Deus às grandes questões da criação, do sentido do universo e do homem, temas que nos últimos séculos têm sido fecundos em polémicas, que levaram, nos ambientes de raiz materialista e ateísta, à própria negação da existência de Deus.
 
“Nossa Senhora é a imagem mais perfeita da realização do plano do Deus Criador; dá-nos a conhecer que Ele nos predestinou para sermos santos e irrepreensíveis na Sua presença, para sermos um hino de louvor e gratidão ao Seu nome e um cântico de amor juntamente com todo o universo”, conclui o Reitor.
 
                                                                Boletim Informativo, 120/2008, de 8 de Dezembro de 2008
 
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Homilia, do Reitor do Santuário de Fátima, na íntegra:
 
                                                                      IMACULADA CONCEIÇÃO
                                                                                   2008-12-08
 
         Os últimos séculos têm sido fecundos em polémicas sobre Deus, sobre o homem e a criação. A partir do cientismo e positivismo modernos, em grande parte de raiz materialista e ateia, pôs-se em causa a doutrina tradicional acerca da criação como obra de Deus, por se pôr em causa a existência de Deus. Noutros casos, a experiência das catástrofes naturais e dos aparentes limites da criação, pareciam negar a bondade de Deus. Por vezes ainda, o contacto com o sofrimento humano, particularmente o das crianças inocentes, fez a muitos afirmar Deus como o tirano da humanidade.
Os tempos modernos têm sido fecundos na negação de Deus para afirmar o homem, na exaltação do homem como senhor do seu destino e na afirmação do desenvolvimento das leis da natureza para explicar a origem de tudo o que existe. Nem sempre os resultados têm sido os melhores, pois os tempos da afirmação de Deus não ficaram imunes de guerras e sofrimentos, como os tempos da negação de Deus continuam a ser conturbados com tragédias e sofrimentos de toda a espécie.
A humanidade tem necessidade de saber de onde vem e para onde vai, necessidade de sentido para a sua existência, precisa de conhecer as suas origens. Apesar do desenvolvimento que tiveram as ciências exactas, continuamos a não ter explicações satisfatórias acerca da vida, da morte, do universo, do presente e do futuro. Continuam a ser um mistério, do qual nos podemos aproximar pela via da reflexão, mas particularmente pela via da teologia, da fé e da revelação.
As hipóteses científicas de explicação das origens – como tudo aconteceu - estão sobre a mesa, mas nenhuma delas reúne consenso total. Não se ocupando do como tudo aconteceu, o livro do Génesis e a revelação cristã dão-nos uma certeza: tudo o que existe é fruto de um projecto amoroso do Deus Omnipotente e Criador, Aquele que está acima de todas as coisas.
 
A incarnação de Jesus Cristo, O Filho de Deus, é para nós, cristãos, o sinal revelador maior, que dissipa todas nossas dúvidas e nos dá o conhecimento do princípio e do fim de tudo. Em Cristo compreendemos o amor de Deus que nos criou, não para o sofrimento nem para a morte - as realidades humanamente mais falhas de sentido - mas para a alegria e para a vida.
Bendito seja, por isso, o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo que nos destinou para sermos seus filhos adoptivos mediante Jesus Cristo, pelo qual nos tornámos herdeiros de todas as graças, como nos dizia a Epístola aos Efésios.
É em Cristo que encontramos o sentido de toda a criação: o louvor e a glória de Deus, que passa pela felicidade e bem do homem. É em Cristo que vemos o sentido do plano de Deus e é esse plano que surge já em acção no princípio e terá a seu desfecho no fim dos tempos, quando Cristo vier para consumar todas as coisas.
 
A leitura do livro do Génesis, que escutámos, faz-nos reflectir sobre aquilo que somos em consequência do pecado que a todos nos afecta: pessoas distantes e fugidias, que dificilmente se encaram a si mesmas tais quais são, com dificuldade de encarar os outros e tentados a esconder-se de Deus.
Onde estás? – disse Deus. Que fizeste? Escondi-me, porque estava nu. Tive medo. Esta é a situação de grande parte da humanidade e um pouco a situação de todos nós. Fuga ao encontro e ao confronto, refúgio em ideias e práticas de vida que encobrem a realidade, alienações que retiram da responsabilidade e do encontro confiante e fiel.
Como Deus se não contenta com o destino que o nosso pecado nos traça, o livro do Génesis aponta-nos imediatamente as possibilidades de saída: Ela há-de atingir-te na cabeça e tu a atingirás no calcanhar. O homem deu à esposa o nome de Eva, por se haver tornado a mãe de todos os homens. Deus quis e quer que em qualquer situação, por mais negativa, dura e desesperante que seja, haja luzes de esperança e salvação. A mulher, a mãe de todos os viventes, que calca aos seus pés a serpente, é símbolo dessa esperança, que por Maria, nova Eva, há-de chegar até nós; é símbolo da Igreja que continua a dar Cristo ao mundo como Salvador.
 
O trecho do Evangelho de S. Lucas, que escutámos, centra-se na pessoa de Maria,por ela ter um lugar de eleição e privilégio dentro do plano de Deus: Ela foi portadora de toda a esperança e salvação para o mundo decaído e afastado de Deus. Não foge de Deus, não receia encontrá-lo, não precisa de outras explicações para o sentido da criação, não acusa ninguém nem se esconde da sua consciência. Antes pelo contrário: Maria apresenta-se confiante diante do Senhor, quando Ele se lhe dirige por meio do Arcanjo Gabriel; Maria confia nas palavras do Altíssimo, quando Ele lhe garante: O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; para a pergunta que Deus dirige a todo o ser humano - onde estás? – ela tem uma resposta decidida e pronta: Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra. O mesmo é dizer: estou aqui, livre e disponível para Deus e para os irmãos.
Num claro contraste com a antiga Eva, de que todos somos herdeiros, Maria, em vez da dúvida, é a mulher da certeza; em vez do medo, declara-se segura; em lugar da fuga, aproxima-se e deseja o encontro; não se angustia nem desespera, mas sente a mais fina felicidade; não dá lugar à tristeza, mas manifesta grande alegria no Senhor; não se envergonha da sua pequenez, mas encontra nela um caminho para conhecer a glória e a grandeza de Deus.
 
Nesta Solenidade da Imaculada Conceição temos a resposta de Deus às grandes questões da criação, do sentido do universo e do homem. Nossa Senhora é a imagem mais perfeita da realização do plano do Deus Criador; dá-nos a conhecer que Ele nos predestinou para sermos santos e irrepreensíveis na sua presença, para sermos um hino de louvor e gratidão ao seu nome e um cântico de amor juntamente com todo o universo.
Maria, a Imaculada Conceição, imune de toda a mancha do pecado, é aquilo que, pelo pecado, nós não conseguimos ser, mas é também aquilo que pela graça de Jesus Cristo nós já somos: criaturas em comunhão com o Criador.
Na experiência dos seus limites, Maria reconhece a grandeza de Deus; na consciência da sua pequenez exalta o valor dos outros; ao conhecer-se como criatura, acredita no amor do Criador; ao tornar-se serva do Senhor, permite que nela se gere a vida de Deus.
Não é por crer em Deus que despreza os homens, nem é por amar a Deus que diminui o seu amor pelo próximo. Pelo contrário: ao crer em Deus acolhe os homens e ao amar a Deus ama todos os seus filhos.
 
Obrigado, Senhor, por Maria, Mulher admirável.
Obrigado, Maria, pelo teu coração Imaculado.
Livra-nos das seduções do tempo presente e conserva-nos santos e irrepreensíveis na esperança da vinda do Salvador. Amen.
 
Padre Virgílio Antunes

 
 
A Virgem Maria, por graça e privilégio de Deus, Todo-Poderoso, em atenção aos méritos de Jesus Cristo, Salvador do género humano, foi preservada e imune de toda a mancha da culpa original, no primeiro instante da sua concepção.

PROGRAMA:
7 de Dezembro
21h00 - ROSÁRIO, na Capelinha, e PROCISSÃO DE VELAS para a Igreja da Santíssima Trindade, seguindo-se o canto do Hino "Akathistos".
8 de Dezembro
10h00 - ROSÁRIO, na Capelinha
11h00 - MISSA, no Recinto.
14h00 - HORA DE REPARAÇÃO ao Imaculado Coração de Maria, na Capelinha.
17h30 - VÉSPERAS CANTADAS, na Basílica.
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HORÁRIOS

14 nov 2024

Missa, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima

  • 11h00
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  • 12h00
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