“Sofrimento, sacrifício e amor ao próximo” apresentados como essência da vida cristã

“Sofrimento, sacrifício e amor ao próximo” apresentados como essência da vida cristã

Na homilia da Missa deste domingo, o padre Carlos Cabecinhas refletiu sobre a centralidade do sofrimento e do sacrifício na atitude cristã de dádiva ao próximo

Milhares de peregrinos, de diversas partes do mundo, congregaram-se esta manhã, no Recinto de Oração do Santuário, para participar na Missa dominical. Hoje, a celebração foi presidida pelo reitor do Santuário, padre Carlos Cabecinhas, que, na homilia, refletiu sobre a relação do sofrimento com a atitude cristã de dádiva ao próximo.

“A vida plena, a que Jesus nos convida, só se atinge pelo caminho do dom de nós próprios, que é o caminho da cruz, que é caminho de amor”, começou por dizer o sacerdote, após repetir as palavras de Cristo, relatadas no Evangelho: “Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me.”

“O convite a tomar a cruz não pretende absolutizar o sofrimento, mas fazer-nos compreender que a cruz é caminho que conduz à vida, à ressurreição. O sofrimento e a morte de Jesus são consequências da sua vida, da sua Mensagem e da coerência com essa Mensagem. Jesus não procura a morte, mas a fidelidade com a vontade de Deus e a nossa salvação. A sua morte é consequência dessa fidelidade e torna-se manifestação suprema do seu amor”, explicou.

Com referência à atitude de incompreensão de Pedro perante o anúncio da Paixão de Jesus, o presidente da celebração esclareceu que o Evangelho apresenta o sofrimento não como uma “inevitabilidade, à qual nos devemos resignar”, mas como uma “escolha”, a partir da qual uma pessoa se deixa “permear por Deus”.

“Este renunciar a si mesmo significa renunciar ao egoísmo, à autossuficiência, para fazer da nossa vida um dom a Deus e aos outros. Com as Suas palavras, Jesus desmascara a grande ilusão de pensarmos que conseguimos a nossa felicidade fechando-nos em nós… É só a vida entregue que faz sentido. A vida dada é que é uma vida feliz”, sublinhou o padre Carlos Cabecinhas, antes de concretizar a atitude cristã ideal com vista à dádiva ao próximo.

“Não se trata de grandes atos heróicos, mas das pequenas escolhas, gestos e atitudes do dia-a-dia... Os pequenos nadas que demonstram a vitalidade da nossa fé. É aí que se vive a renúncia a si mesmo e que se perde a vida, isto é, que se dá a vida para que ela ganhe pleno sentido.”

Ao finalizar, o presidente da celebração deu como exemplo de entrega ao próximo, pela renúncia a si mesmos, as vidas dos santos Pastorinhos.

“Os Pastorinhos tinham especial preocupação em fazer sacrifícios, contudo não os procuravam por si mesmos, mas pelos pecadores, como ato de amor, para consolar a Jesus como ato de reparação. Não tenhamos dúvidas: quem ama, sacrifica-se… Quem ama, renuncia a si mesmo, porque procura o bem daqueles que ama”, concluiu.

A procissão inicial da celebração foi colorida com estandartes e bandeiras de diversas origens. Estiveram representados grupos de peregrinos de paróquias e dioceses portuguesas e do estrangeiro: Espanha, França, Luxemburgo, Itália, Malta, Polónia, Eslováquia, Irlanda, Reino Unido, Brasil, México, Estados Unidos, Quénia, Filipinas, Índia e Malásia.

Na assembleia celebrativa estiveram também os participantes na Peregrinação Nacional dos Dadores de Sangue e na Peregrinação Nacional da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, que hoje se realizam.

Durante o dia de hoje, decorre, ainda, a quarta peregrinação da comunidade surda em Portugal, promovida pelo Santuário de Fátima, em conjunto com o Grupo de Intérpretes de Língua Gestual Portuguesa do Santuário, que está a ser participada por cerca de 150 peregrinos, que, pela primeira vez, foram convidados a um momento de Reconciliação comunitária.