Setembro de 1917 marcado pela primeira grande enchente na Cova da Iria
Pela primeira vez a multidão peregrina de Fátima ultrapassou as duas dezenas de milhar, segundo relatos da época
O bispo emérito de Santarém, D. Manuel Pelino, presidirá à Peregrinação Internacional Aniversária de setembro, em Fátima, que celebra a quinta aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos e regista, pelo segundo mês consecutivo, a presença de grupos estrangeiros no Santuário.
Nesta aparição, de novo na Cova da Iria, em 13 de setembro de 1917, além de reforçar o pedido de oração do Terço, Nossa Senhora anuncia que em outubro virão Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo e S. José com o Menino Jesus, para abençoarem o Mundo.
“Continuem a rezar o Terço a Nossa Senhora do Rosário, todos os dias, [que abrande ela a guerra] para alcançarem o fim da guerra, [que a guerra está para acabar]. Em Outubro virá também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, S. José com o Menino Jesus para abençoarem o Mundo”, relata Lúcia nas suas Memórias replicando, uma vez mais, aqueles que eram os pedidos expressos por Nossa Senhora a cada encontro.
Nesta aparição, que regista a primeira grande multidão- segundo relatos da época deveriam estar entre 20 mil a 30 mil pessoas na Cova da Iria- há um tema que, embora atravesse todas as aparições se torna mais evidente.
No dia 13 de setembro, quando a vidente, juntamente com os primos Francisco e Jacinta Marto se deslocavam para o lugar das aparições, várias pessoas se prostravam de joelhos pedindo que apresentassem a Nossa Senhora “as suas necessidades”, refere Lúcia nas suas Memórias.
“Outros, não conseguindo chegar junto de nós, chamavam de longe: Pelo amor de Deus! Peçam a Nossa Senhora que me cure meu filho, que é aleijadinho! Outro: - Que me cure o meu, que é cego! Que me traga o meu marido (da guerra)...Ali apareciam todas as misérias da pobre humanidade”, relata ainda a vidente de Fátima, ao que a Senhora do Rosário respondeu: “Têm-me pedido para Lhe pedir muitas coisas: a cura de alguns doentes, dum surdo-mudo.– Alguns curarei, outros não, [porque Nosso Senhor não quer crer neles]. Em Outubro farei o milagre para que todos acreditem”, conclui o relato de Lúcia.
As curas, que partem sempre dos pedidos do povo aos videntes, e os milagres de Fátima, na sua maioria, obedecem a uma tipologia simultaneamente de fé e de ciência médica, atravessando todas as aparições e a própria história de Fátima.
Logo em junho , depois de perguntar à Senhora “o que é que Vocemessê me quer”, Lúcia pede imediatamente a cura de um doente. Mas o que a Senhora responde sempre a este pedido, de acordo com os relatos da própria Lúcia, é que ela e os primos rezem o terço todos os dias, para obter a paz no mundo e o fim da guerra, os sacrifícios pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o seu Coração Imaculado, e que não ofendam mais a Deus. Os pedidos de cura sendo importantes e atendíveis por Nossa Senhora não serão porventura o foco imediato da sua atenção, como refere Joaquim Carreira das Neves na Enciclopédia de Fátima.
“Ela está atenta aos pedidos, mas responde como que à pressa, ( por vezes de forma seca) passando imediatamente para o essencial da mensagem” ditado pela “oração, sacrifício e arrependimento” refere o teólogo.
O programa desta Peregrinação Internacional Aniversária, a quarta que contará com peregrinos desde o fim do confinamento, ea segunda com grupos estrangeiros inscritos, mantém-se idêntico, isto é, começa no dia 12, às 21h30, com a recitação do Rosário na Capelinha das Aparições; segue-se a Procissão das Velas e depois uma celebração da palavra no Altar do Recinto de Oração.
No dia 13, às 9h00, terá lugar o Rosário Internacional e depois a Missa com a Bênção do Santíssimo e terminará com a Procissão do Adeus.
De referir que no ano passado nesta peregrinação fizeram-se anunciar no Santuário de Fátima 570 grupos, 407 dos quais estrangeiros, num total de mais de 172 mil peregrinos entre portugueses e estrangeiros que se inscreveram nos serviços do Santuário.
Esta Peregrinação Internacional Aniversária integrará a VI Peregrinação da Comunidade Surda ao Santuário
Esta é uma peregrinação nacional promovida pelo Santuário de Fátima em conjunto com o Grupo de Intérpretes de Língua Gestual Portuguesa do Santuário.
Foi com “muita alegria”, que o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, comunicou através de uma mensagem de vídeo a realização desta peregrinação, e na qual deixou o convite a “este momento que é de encontro, de oração, de alegria e convívio”.
O programa desta peregrinação começa no sábado, dia 12 de setembro, pelas 17h30, com o acolhimento. Pelas 21h30, a Comunidade Surda participa no Rosário e Procissão das Velas, inserido no programa da Peregrinação Internacional Aniversária de setembro. Será recitado um mistério em Língua Gestual Portuguesa por um peregrino surdo. Pelas 22h30 participam na celebração da Palavra e Procissão do Silêncio.
No domingo, dia 13 de setembro, o programa tem início pelas 10h00, com uma Catequese sobre a mensagem de Fátima. Pelas 15h00 há Missa com interpretação em Língua Gestual Portuguesa, na Basílica da Santíssima Trindade.
A primeira peregrinação da comunidade surda ocorreu em setembro de 2015 e contou com cerca de três dezenas de surdos que participaram em várias iniciativas propostas. Esta primeira peregrinação realizou-se dois anos depois do Santuário ter começado a oferecer uma Missa semanal com interpretação em Língua Gestual, como forma integrar e proporcionar as melhores condições àqueles que têm necessidades especiais.
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