06 de janeiro, 2022

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Seminário DesCodificar Fátima une Portugal ao Brasil, Costa Rica, Itália Espanha e Panamá

Cerca de 200 participantes inscreveram-se na primeira iniciativa on-line do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima, para interpretar a forma como Fátima se diz e é dita pelos milhões de fieis que peregrinam à Cova da Iria

 

Iniciou-se esta noite o ciclo de sessões do Seminário DesCodificar Fátima, no qual participam cerca de duas centenas de pessoas, oriundas das mais diversas partes de Portugal, Brasil, Costa Rica, Itália, Espanha e Panamá. 

“Esta iniciativa é um sinal dos tempos, sobretudo se nos detivermos no seu formato, o que tem claras vantagens: por um lado mantem-nos na comodidade do nosso lar e por isso não precisamos de usar máscara, imunes a vírus e, por outro lado, facilita e permite uma participação muito mais diversificada como a que vemos aqui representada de tantos lugares, e alguns bem distantes”, afirmou o reitor do Santuário, padre Carlos Cabecinhas, no inicio da primeira de quatro sessões desta iniciativa do Departamento de Estudos do Santuário, que teve por temas inaugurais, esta quarta-feira, “Visões, aparições e outras formas de dizer” e “A imagem de Nossa Senhora de Fátima”.

“Os temas são muitos variados e ajudarão a descodificar Fátima, a conhecer melhor a história e a aprofundar a sua Mensagem” afirmou ainda o responsável pelo Santuário ao sublinhar que “este curso, em virtude de ser on-line, é uma síntese, mas é sobretudo um estímulo para podermos aprofundar posteriormente o conhecimento sobre Fátima”.

A proposta foi idealizada para o público em geral e, concretamente, para investigadores das áreas das Ciências Humanas e Sociais (História, História da Arte, Antropologia, Sociologia, Geografia Humana, Filosofia, Teologia, Ciências Religiosas); estudantes universitários das áreas das Ciências Humanas e Sociais (História, História da Arte, Antropologia, Sociologia, Geografia Humana, Filosofia, Teologia, Ciências Religiosas); professores do ensino básico e secundário (áreas de História, História da Arte, Filosofia, Educação Moral e Religiosa Católica); e formadores, catequistas e outros agentes pastorais.

O formador do webinar, Marco Daniel Duarte, é o diretor do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima, onde dirige o Arquivo e a Biblioteca, e do Museu do Santuário de Fátima. É também diretor do Departamento do Património Cultural da Diocese de Leiria-Fátima. Doutorado em História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, tem desenvolvido a sua investigação no âmbito dos estudos da Iconografia e da Iconologia e, bem assim, no âmbito de diferentes temáticas relacionadas com o pensamento humano no contexto da História de Fátima.

“Aqui está patente a linguagem do Pentecostes” afirmou o formador logo no inicio dos trabalhos ao enumerar as presenças “diversificadas” dos participantes, seja do ponto de vista geográfico seja do ponto de vista da formação de base.

“Fátima, como qualquer realidade humana é feita de codificações de linguagens, vocabulário próprio, um campo semântico especifico” salientou ao adentrar-se pelo primeiro tema do webinar, explicitando que as questões terminológicas, diante de um fenómeno histórico e religioso, são sempre difíceis e exigem algum posicionamento racional e intelectual, suscitando várias discussões sobre como “codificar ou descodificar” um fenómeno especifico como o de Fátima, mas que atravessa o grande drama da humanidade, que é o "desejo de entender o mundo e se esse mundo pode ser entendido sem Deus".

“Vivemos numa época em que os assuntos religiosos não são pacíficos” destacou Marco Daniel Duarte, numa premissa válida para o tempo das aparições de Fátima, mas também para os nossos dias e que motiva sempre “resistência das elites”.

“A codificação que se vai fazer do fenómeno de Fátima, está eivada de uma grande tensão, a que não é alheia a própria Igreja, que lhe resiste” afirmou salientando que em virtude disso surgem inúmeras teses, que ainda hoje são referidas na extensa bibliografia sobre o acontecimento de Fátima, mas todas elas traduzem a forma como cada um vê o fenómeno tendo em conta as suas próprias circunstãncias.

“Olhando para a documentação- especialmente a Documentação Crítica de Fátima- , enquanto fenómeno histórico as referências documentais apontam para aparição. Fátima foi um fenómeno traduzido por aparição, cuja palavra aparece mais vezes referida. No entanto, quanto mais erudito é o interlocutor mais é utilizada a palavra visão. Foi assim com D. José Alves Correia quando declarou dignas de crédito as aparições de Fátima”, afirma o orador detendo-se depois no comentário à Mensagem feito por Joseph Ratzinger, para concluir que a utilização da expressão “aparição” ou “visão” tem a ver com a forma como se disse o fenómeno e com o uso de uma linguagem comum ou cíentifica e não com a substância ou a veracidade do fenómeno.

No segundo tema desta primeira sessão do webinar DesCodificar Fátima foi apresentada uma reflexão sobre a escultura de Nossa Senhora de Fátima, que se venera na Capelinha das Aparições, que é “um arquétipo” que serve de modelo para várias representações da Virgem que ocupam o imaginário de inúmeros artistas plásticos da contemporaneidade portuguesa.

“A Imagem de Nossa Senhora de Fátima inaugura uma nova forma de representar a Virgem Maria” e, por isso, “a escultura tornou-se num ícone” com uma “força que se desenvolve pelo mundo inteiro”.

Na próxima semana, quarta-feira, a segunda sessão abordará “Os escritos de Lúcia de Jesus” e “Os Papas e Fátima”. O penúltimo encontro, a 19 de janeiro, terá como temas “Segredo ou segredos?” e “As três representações de Nossa Senhora de Fátima”. Por fim, Marco Daniel Duarte apresentará uma reflexão sobre “Os lugares das aparições” e “As orações de Fátima”.

As inscrições para este curso online decorrem pela ordem de chegada, mediante o pagamento da taxa de inscrição de 20 euros. Aos participantes que frequentarem, pelo menos, 75% das sessões do curso, receberão um certificado de participação.

 

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