16 de fevereiro, 2023
“Se os jovens fizerem uma experiência feliz de Fátima, regressarão”No encontro com os hoteleiros, esta tarde, o reitor do Santuário perspetivou a Jornada Mundial da Juventude de 2023, em Lisboa, e a presença do Papa como oportunidades para projetar Fátima e a sua mensagem.Os hoteleiros de Fátima conheceram, esta tarde, em primeira mão, as contas e estatísticas de Fátima relativas ao ano de 2022, num encontro onde o reitor do Santuário perspetivou o ano que agora começa, que vem acompanhado da expectativa de uma “grande presença de jovens”, durante a Jornada Mundial de Juventude de Lisboa (JMJ Lisboa 2023), e que terá o seu auge na presença do Santo Padre na Cova da Iria, por aqueles dias. Na apresentação dos dados relativos ao ano passado, o padre Carlos Cabecinhas começou por destacar o regresso dos grupos organizados de peregrinos a Fátima, concretizado na presença das grandes famílias religiosas, dos movimentos eclesiais, que retomaram as suas peregrinações nacionais, mas também das peregrinações das várias dioceses de Portugal e dos grupos estrangeiros. O sacerdote sintetizou, de seguida, em linhas gerais, o tema definido para a vivência pastoral do triénio em Fátima “Como Maria, portadores da alegria e do amor”, que tem como ponto de chegada a JMJ Lisboa 2023, encontro que “marcará a vida do Santuário ao longo do presente ano pastoral”. “Os meses de julho e agosto vão ter um impacto direto em Fátima, não só pela vinda do Papa, mas por todos os jovens e muitos outros peregrinos que marcarão presença neste lugar”, conjeturou o responsável, ao apresentar os seis caminhos que o Santuário já definiu para os jovens que queiram fazer a experiência da peregrinação a Fátima, assim como as diversas propostas de formação, reflexão e oração que estarão disponíveis por altura das JMJ de Lisboa 2023. “Há grupos muito numerosos que já manifestaram a sua vontade de visitar a Cova da Iria”, revelou o padre Carlos Cabecinhas, ao dar a conhecer a “aldeia jovem” que está a ser pensada pelo Santuário, em parceria com outras entidades, para acolher os grupos de jovens e que funcionará de 27 de julho a 11 de agosto. “Este ano tem um significado muito especial para Fátima, não só por contarmos com a presença do Papa, mas pela presença de jovens, que permite fazer chegar a mensagem de Fátima a estes que, se fizerem aqui uma experiência feliz, regressarão e serão potenciais peregrinos, no futuro”, acrescentou o reitor, no final da tarde, aos jornalistas, ao assinalar a centralidade e proximidade geográfica de Fátima com Lisboa, que será o ponto de encontro dos jovens de todo o mundo, e a articulação que o Santuário tem vindo a encetar com a autarquia para oferecer possibilidades de deslocação, através de bolsas de autocarros. Na conversa com os meios de comunicação social, o padre Carlos Cabecinhas apresentou o Recinto de Oração como lugar celebrativo capaz de dar resposta às grandes multidões que são esperadas na Cova da Iria, durante os meses de verão, e lembrou a exposição interativa que o Santuário de Fátima vai dinamizar em Lisboa, para oferecer aos jovens uma experiência de Fátima.
Marco Daniel Duarte deu a conhecer as presenças pontifícias em Fátima, do Papa Paulo VI ao Papa Francisco.
Numa segunda parte do encontro, e antes de serem apresentadas as estatísticas de 2022, pela diretora do Gabinete de Comunicação do Santuário de Fátima, Carmo Rodeia, foi oferecida aos hoteleiros presentes uma apresentação que percorreu as várias visitas pontifícias à Cova da Iria, orientada pelo diretor do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima, as várias visitas papais à Cova da Iria. Na comunicação, Marco Daniel Duarte partiu da “importância de Nossa Senhora de Fátima nos vários pontificados”, concretizada no facto de “a mariofania de Fátima ser a única inscrita nos documentos do Concílio Vaticano II”, para lembrar as particularidades da presença na Cova da Iria de: Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI e do Papa Francisco. O orador sublinhou ainda a “forte experiência do silêncio de Fátima” vivenciada pelos Papas, enfatizando a predisposição que todos eles assumiram em se fazerem mararem presença na Cova da iria como peregrinos.
D. José Ornelas Carvalho alertou os hoteleiros para o perigo da dinâmica meramente economicista.
“Esta não pode ser uma ocasião simplesmente para multiplicarmos receitas”, alerta o bispo de Leiria-Fátima.A palavra final coube ao bispo de Leiria-Fátima, que começou por agradecer o “valioso contributo” dos profissionais e voluntários do Santuário de Fátima no trabalho desenvolvido na Cova da Iria, em 2022, assim como a estreita colaboração das autoridades civis e o acolhimento que foi disponibilizado pelos hoteleiros aos peregrinos de Fátima, durante o ano passado. Aos hoteleiros em particular D. José Ornelas pediu a atenção para uma prática que “crie um ambiente de desenvolvimento que possibilite um bom acolhimento dos peregrinos”, numa prática que não seja orientada apenas por uma “dimensão economicista”. “Esta não pode ser uma ocasião simplesmente para multiplicarmos receitas, mas para dizermos que fazemos o possível e o impossível para que todos os que chegam possam ser acolhidos e compensados no esforço que fazem para aqui chegarem, tendo em conta, claro, o justo equilíbrio das instituições.” O prelado projetou, depois, Fátima em duas dimensões da atualidade. Numa primeira referência, destacou a importância da dimensão mariana que Fátima pode emanar junto dos jovens no contexto da JMJ de Lisboa, este verão. “O facto de o Papa ter posto uma característica mariana nesta Jornada é muito sintomático pelo que significa para o nosso país e para o significado de Fátima”, afirmou, ao partilhar o alinhamento que o Santo Padre lhe expressou desta “imagem materna que sai de Fátima”, que, afirmou, intui “uma Igreja que cuida da fragilidade”, especialmente nos “momentos de encruzilhada da História” como o que o mundo vive atualmente. Numa última referência, o bispo de Leiria-Fátima e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa abordou também da “questão dos abusos de menores, que se passam na Igreja e na sociedade”, perspetivando-a na “atenção específica às crianças que Fátima assume como missão”, tendo em conta o próprio contexto das aparições de 1917. “A decisão da Igreja de querer esclarecer e compreender esta questão é para que se possam encontrar caminhos para cuidar e proteger das crianças, um objetivo que têm já lugar especial na mensagem de Fátima”, afirmou, ao lembrar a Peregrinação das Crianças à Cova da Iria, a cada mês junho. No final do encontro, na resposta às questões dos jornalistas presentes, D. José Ornelas reforçou a importância de se enfrentar a realidade dos abusos de menores, para um empenho conjunto na erradicação deste problema não só na Igreja, mas no país e no mundo. Interrogado sobre o facto de ainda não se saber a data concreta em que o Papa virá a Fátima, no âmbito da JMJ de Lisboa, o bispo de Leiria Fátima justificou o facto com o normal agendamento das visitas pontifícias, assegurando, uma vez mais, a intenção que o Santo Padre lhe transmitiu, pessoalmente, em “vir a Fátima rezar, como peregrino”, aquando da Sua visita a Portugal.
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