07 de junho, 2009

II CONGRESSO IBERO-AMERICANO DE DESTINOS RELIGIOSOS
V CONGRESSO INTERNACIONAL DE CIDADES-SANTUÁRIO
 
SAUDAÇÃO
 
Ex.mos Senhores e Senhoras
Participantes no II Congresso Ibero-Americano de Destinos Religiosos
V Congresso Internacional de Cidades-Santuário
 
Perde-se na bruma dos tempos o fenómeno das itinerâncias humanas por motivos de carácter religioso. Conhecemos melhor as migrações localizadas no Próximo Oriente Antigo, por existirem algumas evidências arqueológicas e inclusivamente alguns documentos escritos. Nelas se inscrevem as que encontramos narradas nos textos bíblicos: a peregrinação de Abraão de Ur dos Caldeus, na Baixa Mesopotâmia, em direcção a Harran, a sua descida a Canaã e ao Egipto, para depois voltar em direcção a norte e se fixar em Hebron; a peregrinação do povo Hebreu, do Egipto em direcção à Terra Prometida; muitas outras em direcção a santuários e templos localizados em lugares que assumem um grande significado histórico, teológico e espiritual.
Os livros do Pentateuco, particularmente o Génesis, o Êxodo, os Números e o Deuteronómio podem ser lidos como literatura de viagem por motivos de ordem religiosa. Os próprios Evangelhos, sobretudo o de S. Lucas, é construído com base nesta perspectiva geográfica e apresenta Jesus em caminho da cidade de Nazaré da Galileia em direcção à Judeia, para subir à cidade de Jerusalém, o maior centro de peregrinação do mundo judaico, depois, também do mundo cristão e, mais tarde, um dos mais importantes do mundo islâmico. O fenómeno das peregrinações cristãs à Terra Santa, a Roma a Santiago de Compostela é universalmente reconhecido como elemento fundamental no desenvolvimento da unidade do Continente Europeu.
A progressão geográfica no terreno simboliza sempre um caminho interior, religioso, espiritual, moral e mesmo cultural de alcance muito profundo na evolução de um povo ou da própria humanidade.
Podemos afirmar que as peregrinações, no sentido muito vasto do termo, tiveram um papel decisivo na estruturação de pessoas e povos; ajudaram a definir e moldar a sua identidade religiosa e cultural; tiveram inclusivamente uma forte incidência na construção da organização social e económica das cidades.
 
O fenómeno da mobilidade humana por motivos religiosos, da peregrinação e, no mundo contemporâneo, do turismo religioso, atravessa todos os períodos da história conhecida. Está presente, e cada vez mais presente, no nosso mundo, apesar do crescimento do laicismo e mesmo apesar do enfraquecimento de algumas estruturas e instituições religiosas tradicionais.
O ser humano é religioso e não é possível retirar-lhe esta marca bem inscrita na sua condição. Enquanto ser religioso precisa de sentir-se em caminho, e, a peregrinação torna real, sob a forma de representação, esta sua condição de caminhante. As metas – lugares, cidades, santuários – são necessárias enquanto representações das metas que se perseguem na vida, enquanto sinais da possibilidade de a pessoa se ultrapassar a si mesma, enquanto lugares de encontro com a dimensão da transcendência e lugares de encontro com Deus.
Ao contrário do que se passou noutras épocas da era moderna e contemporânea, hoje está-se a reconhecer cada vez mais esta realidade incontornável e, em vez de acabarem ou diminuírem, como chegou a pensar-se, estão a aumentar os destinos religiosos e as cidades que albergam santuários. Tem, por isso, pertinência, a abordagem destes temas na tentativa de se conhecer melhor o fenómeno e de reunirem esforços para o permitir e valorizar como factor de crescimento humano e espiritual. Dentro do mundo cristão/católico, no qual nos situamos é de justiça e bom senso que todas as entidades reconheçam esta realidade e procurem enquadrá-la e respeitá-la. Este respeito pela peregrinação exige que se renuncie à tentação de subjugar tudo ao factor económico, o que constituiria um desvirtuar de algo que é muito mais do que as suas implicações económicas.
 
Foi, por isso, com grande alegria que o Santuário de Fátima recebeu a notícia da realização destes Congressos e com muita satisfação tomou a decisão de os apoiar tanto ao nível da Comissão Científica como com a cedência destas instalações em que nos encontramos.
Dou-vos as boas vindas a todos vós, aqui presentes, assegurando que temos muito gosto em receber-vos neste Santuário, que, a partir das aparições de 1917, se tornou também um grande destino religioso e uma cidade-santuário.
Faço votos de que vos encontreis bem em Fátima e em Portugal e de que este encontro seja um marco no estreitar de laços de paz entre os povos que representamos, pois Fátima, cidade da paz, e a mensagem aqui deixada por Nossa Senhora, são um forte incentivo para que todas as cidades sejam cidades de paz.
Obrigado pela atenção e boa estadia em Fátima.
 
 
Fátima, 4 de Junho de 2009
 
P. Virgílio do Nascimento Antunes
Reitor do Santuário de Fátima
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