18 de maio, 2007

Santuário de Fátima, 25 de Abril de 2007
Homilia da Eucaristia

Os sinais da vida nova em Cristo ressuscitado
Meus caros irmãos na graça do sacerdócio ministerial,
minhas irmãs e meus irmãos na graça da fé e do baptismo em Cristo Senhor,
Saúdo-vos a todos, a cada um e cada uma em particular, muito afectuosamente, com as palavras do Apóstolo S. Pedro na sua primeira carta que acabámos de ouvir: “Paz a todos vós que estais em Cristo”! Saúdo com particular afecto os nossos irmãos e irmãs doentes, aqueles que estão aqui presentes e aqueles que nos acompanham através da televisão da Canção Nova. Uma saudação carinhosa para os meus amiguitos e amiguitas, os mais pequenitos,  que vi na procissão de entrada e vejo agora,  aqui do alto, espalhados pela assembleia. Quero dizer-vos que o bispo vos quer muito bem, é muito vosso amigo e, por isso, daqui de cima, abraço-vos e abençoo-vos a todos no nome de Jesus.
Jesus está vivo e actua em nós
E depois desta breve saudação, quero fazer convosco uma meditação, deixando-nos iluminar e inspirar pela Palavra de Deus que acabámos de ouvir.
 Hoje celebramos a festa de S. Marcos evangelista, que nos deixou, por escrito, o Evangelho de Jesus, com a preocupação particular de levar aqueles que o lêem e meditam a interrogar-se: Quem é Jesus? Quem é Jesus para mim? Quem é Jesus para a igreja? Quem é Jesus para o mundo?
 Hoje ouvimos o texto final com que S. Marcos encerra o seu Evangelho. É como que um pequeno catecismo, isto é, uma síntese da mensagem da ressurreição tão própria para este tempo pascal que ainda estamos a viver Por isso nos convida a contemplar Jesus ressuscitado e a descobrir quem é Jesus ressuscitado para nós, quem somos nós para Ele, qual é a nossa missão de discípulos de Jesus ressuscitado hoje.
 Então, a primeira mensagem que São Marcos nos quer transmitir ao apresentar Jesus ressuscitado, que se manifesta aos onze apóstolos, é que Jesus não é uma figura do passado, que disse e fez coisas boas e belas, que nos deixou uma doutrina e um exemplo maravilhosos, que nos deixou, porventura, regras de bom comportamento e nada mais. A primeira mensagem é: Jesus está vivo,  vive connosco, caminha connosco, actua em nós. Exactamente a última frase do Evangelho: “o Senhor colaborava com os discípulos e confirmava a sua palavra com as maravilhas da graça, os sinais da graça”. Por isso, leva-nos a contemplar o Senhor Jesus ressuscitado e, como que faz brotar do nosso coração uma breve oração: “Senhor Jesus ressuscitado, Tu não só estás comigo mas actuas em mim. Eu actuo contigo, mas Tu és sempre o primeiro a trabalhar em mim, comigo e através de mim”. Esta é a grande palavra de fé que nos sustenta, que nos dá animo e apoio com a sua força.
Gritai a boa notícia da ressurreição!
Em segundo lugar, quem faz esta experiência de Jesus vivo e presente na sua vida e na sua Igreja é convidado pelo Senhor a irradiar, a contagiar, com a palavra e o testemunho da vida, esta boa notícia. Por isso o Senhor diz: “Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda a criatura”, a toda a criação. É interessante que a palavra original no texto de S Marcos quando diz “proclamai” podíamos traduzi-la: “gritai” o Evangelho da ressurreição, gritai a boa notícia da ressurreição. Não se trata de gritar uma fórmula, mas sim o poder salvífico de Cristo sobre a minha vida e sobre o mundo de hoje. Gritai, testemunhai a força que Jesus tem de transformar o meu coração, a minha vida, o mundo inteiro.
Os cinco sinais da vida nova em Cristo ressuscitado
 E depois, o Evangelho mostra-nos como se expressa esta força salvífica de Jesus ressuscitado naqueles e através daqueles que o acolhem, que nele crêem. Através de cinco sinais que vós ouvistes e eu também ouvi. Queria dizer-vos que, quando era jovem estudante no seminário e ouvia estes sinais que acompanham a missão dos que crêem em Jesus, ficava sempre perplexo e pensava comigo mesmo: “se calhar eu não tenho fé porque eu não faço, nem sou capaz de fazer, estes sinais: expulsar demónios, falar línguas novas, pegar em serpentes, tomar veneno e não morrer, impor as mãos sobre os doentes e curá-los… Que quer dizer isto?” Só compreendi mais tarde, passada a juventude, mas encontro aqui toda a beleza da vida que Cristo ressuscitado nos oferece. Eis o que significam estes cinco sinais:
- Aqueles que acreditarem em Cristo expulsarão demónios, quer dizer, serão capazes de libertar-se e libertar do poder do mal, que escraviza os corações e as consciências
quando essa força do mal se aninha neles.
- Falarão línguas novas: quem acolhe o Evangelho no seu coração e na sua vida falará uma linguagem nova e universal que todos compreenderão: a linguagem do amor, a linguagem da comunhão, a linguagem da mansidão, quer dizer da não violência, a linguagem da paz.
- Pegarão em serpentes: o Senhor dar-lhes-á a força e a capacidade de enfrentar situações adversas: a hostilidade ou a indiferença do ambiente social e cultural em relação à fé, enfrentar estas situações sem medo, sem complexo de inferioridade, com a certeza de que o Senhor ressuscitado está sempre connosco e é a nossa força.
- Não ficarão envenenados: significa a força espiritual que nos dá Cristo ressuscitado para não nos deixarmos contaminar, isto é, envenenar pelo veneno do mal, do pecado, da corrupção moral, da corrupção social; significa a força que o Senhor nos dá de suportar dificuldades, críticas, porventura troça e desprezo com coragem, com serenidade e com paz.
- Depois disso, finalmente, o quinto sinal: curarão os enfermos sobre quem impuserem as mãos. Sim! O Evangelho de Cristo, a palavra de Cristo, os sacramentos da Sua graça, têm um poder terapêutico, curativo, quer dizer, de curar as feridas dos corações e das almas, de reconciliar as divisões, de consolar, de infundir ânimo onde se instala tristeza, o desânimo e a solidão.
Esta é, meus irmãos e irmãs, a vida nova em Cristo ressuscitado, a vida que traz as marcas da ressurreição de Cristo, os sinais onde se torna visível e palpável o poder salvífico de Cristo ressuscitado. Este é o testemunho de que Jesus é verdadeiramente o Senhor dos nossos corações, das nossas vidas e da nossa história. Esta é a vida e é o testemunho dos que confiam na força do amor, do perdão, da misericórdia, da compaixão de Deus por cada pessoa, da mansidão evangélica e da paz. Esta é a beleza de Cristo ressuscitado. Esta é a beleza da fé dos que acreditam e acolhem Cristo ressuscitado. Bem gostaria que saísseis daqui, hoje, com esta beleza e com esta alegria a inundar o vosso coração.
 O Evangelho não nos diz nada sobre Maria na sua relação com Cristo ressuscitado, mas a tradição cristã ama, gosta de a apresentar no encontro cheio de alegria com o Filho ressuscitado, que primeiro recebera no seu regaço quando descera da cruz; e nós podemos, sem dúvida, dar largas à nossa imaginação para de algum modo compreender a alegria da mãe no encontro com o Filho ressuscitado. Que ela, hoje, nos ajude a descobrir, a saborear esta alegria e esta beleza da fé em Cristo ressuscitado. Levai-a convosco! Levai esta beleza do amor que salva. Levai-a no vosso coração, nos vossos olhos, nos vossos lábios, nos vossos gestos. Levai-a para vossa casa,  para a vossa família. Levai-a para as vossas comunidades e para as vossas paróquias. Levai-a para o mundo onde viveis, onde conviveis e onde trabalhais. E então, com Maria, a cantora e a solista do Magnificat, poderemos também nós cantar, com o coração, com a alma e com a vida o refrão do salmo de hoje: “Senhor, cantarei para sempre a Tua bondade!” Ámen! Aleluia!

† António Marto, Bispo de Leiria-Fátima
PDF

HORÁRIOS

07 jul 2024

Missa, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima

  • 07h30
Missa

Rosário, na Capelinha das Aparições

  • 10h00
Terço
Este site usa cookies para melhorar a sua experiência. Ao continuar a navegar estará a aceitar a sua utilização. O seu navegador de Internet está desatualizado. Para otimizar a sua experiência, por favor, atualize o navegador.