14 de abril, 2018
Santuário de Fátima manifesta “grande alegria e regozijo” pelo reconhecimento das “virtudes heróicas” do Cónego FormigãoO “apóstolo de Fátima” é a partir de hoje venerável da igreja, ficando aberto o caminho para a beatificação
O Santuário de Fátima recebeu com “grande alegria e regozijo” o reconhecimento por parte do Papa Francisco das “virtudes heróicas” do Cónego Formigão, disse à Sala de Imprensa o reitor Padre Carlos Cabecinhas. “É com grande alegria e regozijo que vemos este reconhecimento” que, por um lado “revela que o cónego Formigão foi um grande apóstolo de Fátima” mas, por outro, “também mostra o reconhecimento da igreja pela forma exemplar como viveu e conduziu a sua vida” disse o responsável pelo Santuário de Fátima. Este reconhecimento “sinaliza, uma vez mais, Fátima como uma escola de santidade”. O reitor do Santuário endereça ainda os parabéns à congregação das Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima, fundada pelo sacerdote que foi figura incontornável na investigação às Aparições na Cova da Iria. Francisco aprovou a publicação do decreto que reconhece as “virtudes heróicas” do cónego Formião, após uma audiência concedida ao prefeito da Congregação para as Causas dos Santos (Santa Sé), cardeal Angelo Amato. Este é um passo central no processo que leva à proclamação de um fiel católico como beato, penúltima etapa para a declaração da santidade; para a beatificação, exige-se o reconhecimento de um milagre atribuído à intercessão do agora venerável Manuel Formigão. Manuel Nunes Formigão nasceu em Tomar, a 1 de janeiro de 1883 e aos 12 anos entrou no Seminário Patriarcal em Santarém, onde realizou os estudos eclesiásticos. Terminada a sua formação, e “tendo em conta a sua sagacidade intelectual e grande vida de piedade, foi enviado para Roma, onde obteve o grau académico de Doutor em Teologia e Direito Canónico pela Pontifícia Universidade Gregoriana”. A 13 setembro de 1917 foi pela primeira vez à Cova da Iria, como simples curioso e “profundamente cético relativamente aos factos que se diziam ali estarem a acontecer”. No entanto voltou a Fátima, em concreto a Aljustrel, no dia 27 desse mesmo mês a fim de interrogar, em separado, os três videntes. A este interrogatório sucederam-se outros nas semanas seguintes, nomeadamente o efetuado no dia 13 de outubro, horas depois da última aparição e depois de ter sido testemunha, juntamente com mais de 60 mil pessoas ao assombroso fenómeno solar, que o povo apelidou como “Milagre do Sol”. O agora venerável da Igreja faleceu em Fátima, a 30 de Janeiro de 1958, e no ano 2000 a Conferência Episcopal Portuguesa concedeu a anuência para a introdução da causa de Beatificação e Canonização do Apóstolo de Fátima. Em janeiro de 2017, decorreu a cerimónia de trasladação dos restos mortais do religioso, do cemitério local para um mausoléu construído na Casa de Nossa Senhora das Dores, das Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima. O bispo de Leiria-Fátima destacou então uma figura que “se rendeu ao mistério e à revelação do amor de Deus, da beleza da sua santidade tal como brilhou aos pastorinhos de Fátima”, um sacerdote que “captou de uma maneira admirável para o seu tempo, a dimensão reparadora da vivência da fé tão sublinhada na mensagem de Fátima”. “Sem ele, Fátima não seria o que é presentemente”, disse D. António Marto, reproduzindo as palavras do antigo cardeal-patriarca de Lisboa D. António Ribeiro. “A ele devemos, sem dúvida, a garantia da autenticidade dos acontecimentos e das testemunhas, da sinceridade dos videntes e da verdade das suas afirmações, a divulgação da mensagem através de escritos, a fundação da Voz da Fátima e dos Servitas. Queremos exprimir a nossa gratidão a ele e a Deus que o escolheu para esta missão”, referiu D. António Marto. |