Santuário de Fátima é “porta-voz” da oração pela Paz no mundo, diz Diretor do Museu do Santuário de Fátima
Conferência de Marco Daniel Duarte teve lugar este domingo na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima
O Santuário de Fátima realizou este domingo, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, a quarta de um ciclo de cinco conferências de temática mariana intitulada “«Glória a Ti, Rainha da Paz». Fátima como mensagem de Paz”, proferida pelo Diretor do Serviço de Estudos e Difusão do Santuário, Marco Daniel Duarte.
O orador , que dirige o Museu do Santuário de Fátima, apresentou uma comunicação assente na ideia de que a Paz “é o tema primordial de Fátima”e quem fizer uma leitura da história contemporânea, à luz dos valores cristãos, não poderá omitir uma referência ao que se passou na Cova da Iria há cem anos.
O investigador dividiu a sua comunicação em quatro pontos: a Paz como tema primordial de Fátima; o terço como “mandatum” de Fátima para alcançar a Paz; o Santuário como perímetro de Paz e Fátima como promessa de Paz.
“Em Fátima, vinca-se de forma muito marcada que a paz se alcança, que se pede e que se pode receber. E não é raro que se sublinhe que a paz se alcança sob condição: se se rezar...” referiu o orador destacando que a oração em Fátima “não é apenas de louvor, mas é de súplica e de súplica pela Paz”.
“Se fizermos a pergunta `por que razão se reza em Fátima?´ a resposta, à luz dos escritos fundacionais, é clara: para alcançar a Paz”, afirma. A este propósito, sublinha a importância da oração do Rosário, intimamente ligada à questão da Paz, até pelas referências dos Papas, nomeadamente de João Paulo II.
“A insistência que em Fátima e a partir de Fátima se faz na oração do Rosário tem alicerce na certeza que João Paulo II detinha ao dizer que com ele «se possa vencer uma “batalha” tão difícil como é a da Paz» e na certeza que levou o Papa Francisco a dizer, em dia da Assunção da Virgem, que «a oração com Maria, especialmente o Terço, também tem essa dimensão "agonística", ou seja, de luta, uma oração que dá apoio na luta contra o maligno e seus aliados. O Terço também nos sustenta nesta batalha»” acrescentou.
“O comentário de Fátima tem assumido que cada conta daquela cadeia é mais forte que o poder das balas e que estas não têm a última palavra”, precisou o responsável pelo Serviço de Estudos e Difusão do Santuário da Cova da Iria.
Para o investigador a persistência com que se reza o Rosário em Fátima fez com que o Santuário se transformasse como “porta voz dessa notícia (da oração pela paz), transformando-se num dos lugares da cristandade em que se rezava pela paz e se agradecia a Paz”.
Sobre a ideia do Santuário como lugar de oração pela Paz, salientou como Fátima constituiu, ao longo do século XX, o contrário do que se entendeu ser um entrave ao estabelecimento da Paz. A oferta das jóias pelas mulheres portuguesas em sinal de gratidão por Portugal não ter entrado na guerra, a primeira saída da imagem da Virgem Peregrina, em 1947, para anunciar a mensagem de Fátima pela Europa ou a instituição da adoração eucarística permanente, em 1960, no primeiro dia do ano, dia que a igreja convencionou como o Dia Mundial da Paz, são sinais mais do que evidentes que “Fátima está relacionada com a Paz”.
“Não é fácil explicar todas as implicações que o tema da paz tem na Mensagem de Fátima”, contudo “na serra de Aire, há cerca de cem anos, ouve-se uma saudação, em tom de desejo e, ao mesmo tempo, em tom imperativo. É uma saudação pascal, isto é, conjugada com os verbos típicos da paixão, morte e ressurreição: é uma saudação que transborda do acontecimento reparador: “A paz esteja convosco”. Foi dita como promessa segura, embora com as dificuldades de entendimento que só podem ser vencidas no quadro da teologia mais bela: «a guerra acaba hoje»”, destacou, ainda, Marco Daniel Duarte.
A conferência centrada no tema pastoral do ano no Santuário mariano- ‘O meu imaculado coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus’ - terminou com Marco Daniel Duarte a reafirmar a profecia do triunfo do Imaculado Coração.
“Esse tempo de paz só será verdadeiro quando o coração humano triunfar junto do coração de Deus. Será esse o triunfo do Coração de Maria, aquela que, sendo a honra do povo e a rainha da Paz, representa a humanidade junto de Deus”, afirmou.
“Nesse dia se cumprirá Fátima, quando, em Cristo, o Deus que dá a Paz e o ser humano que quer receber a Paz puderem abraçar-se na plenitude”, concluiu o conferencista.
Neste segundo domingo da Quaresma, os peregrinos que se deslocaram até ao Santuário assistiram, ainda, a um momento musical- Fragmentos III- que trouxe à Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima as Tradições na Música Sacra do Barroco por Tânia Ralha, Nélia Gonçalves e Júlio Dias.
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