14 de maio, 2010

"Rosa de Ouro" - entrada na Enciclopédia de Fátima, uma edição "Princípia"

Rosa de Ouro, É um símbolo, enviado pelos Papas a soberanos, príncipes, rainhas e outras eminentes personagens, como sinal de particular benevolência ou em reconhecimento de assinalados serviços prestados à Igreja ou a bem da sociedade; também a santuários insignes, igrejas e mesmo cidades que desejam distinguir. É sinal, pois, de fidelidade à Igreja de Cristo e ao Seu Vigário
O seu significado funda-se na liturgia do 4º domingo da Quaresma Domingo (Laetare), a alegria da Jerusalém Celeste, a Igreja triunfante, e da Jerusalém terrestre, a Igreja militante, por ser o domingo em que o Papa a benze.
A princípio, era constituída por uma única flor. Com o Papa Sisto IV, tomou a forma que se manteve durante séculos: um ramo de roseira, com alguma folhagem, tudo completamente de ouro, a que, às vezes, se acrescentavam algumas pedras preciosas.
A 21 de Novembro de 1964, no fim da 3ª sessão do Concílio Vaticano II, depois de promulgada a Constituição sobre a Igreja, Paulo VI, na sua alocução, referiu-se à Virgem de Fátima, afirmando: «Julgamos oportuno lembrar, hoje em particular», a consagração solene do «nosso predecessor Pio XII ao Coração Imaculado de Maria. Com este fim, decidimos mandar proximamente, por uma missão especial, a Rosa de Ouro ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima».
A 28 de Março de 1965, benzeu a «Rosa de Ouro» na Capela Matilde, Palácio Apostólico, Vaticano. Esteve exposta na Igreja de Santo António dos Portugueses, em Roma, até ser levada para Portugal, onde do mesmo ano, foi entregue ao Santuário de Fátima. Com ela, enviou uma carta a D. João Pereira Venâncio, pelo Legado Pontifício D. Fernando Cento, onde escreveu: «atribuímos e concedemos ao Santuário de Fátima a Rosa feita de ouro».
A Rosa de Ouro enviada ao Santuário de Fátima é diferente das anteriores: singela e simples, a exprimir a Imaculada Virgem Maria. Possui uma inscrição latina na placa que a envolve: «PAULUS PP VI DEIPARAE PATROCINIUM PRO TOTA ECCLESIA IMPLORANS AUREAM ROSAM FATIMENSI TEMPLO DD DIE XIII MAI A. MCMLXV» (O Papa Paulo VI, implorando o patrocínio da Mãe de Deus, dedicou a Rosa de Ouro ao Templo de Fátima no dia 13 de Maio de 1965).
Outras Rosas foram oferecidas a soberanos portugueses ou a outras individualidades e personagens importantes: D. Afonso V em 1454, por Nicolau V; D. Manuel I, em 1506; em 1525, D. João III, pelo Papa Clemente; D. Catarina e  D. João, filho de D. João III em 1550, por Júlio III; D. Maria II em 1842.
Em 1770, a Igreja de Santo António dos Portugueses em Roma foi presenteada pelo Papa Clemente XVI, e outra por Pio VI, a 30 Março 1794, por anterior ter sido roubada da anterior. Em 1892, a D. Amélia;  e à Arquidiocese de Goa, em 1953. Em 2004, foi entregue ao Santuário de Nossa Senhora da Conceição, no Sameiro, Braga.
 Dr. Frederico José Faria Fernandes da Silva Serôdio

BIBLIOGRAFIA
VITERBO, Sousa - Curiosidades históricas e Artísticas: A Rosa de Ouro. Presentes a D. João III... in O Instituto .- nº 65 (1918), p. 542-547; SANTUÁRIO DE FÁTIMA - Textos sobre Fátima. Fátima: Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, 1991 .- p. 68-70; CARREIRA, Joaquim - A Rosa de Ouro. Leiria: Gráfica de Leiria, 1965 .- 19, [5] p ; FÁTIMA NA PALAVRA DE PAULO VI. Documentos, nº 10.  Lisboa: Grupo de Apoio, 1977, pp. 6-11; VOZ DA FÁTIMA – Solene entrega da ROSA DE OURO – in Voz da Fátima, A. 42 (511) 13 Abril 1965; A.42 (512) 13 Maio 1965 ; VOZ DA FÁTIMA  - Dias de glória para Nossa Senhora e para Portugal – in Voz da Fátima. Ano 42, nº 513 (13 de Junho de 1965)
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