23 de abril, 2023

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Reitor do Santuário exorta peregrinos a não perder a fé diante das “noites” que invadem o mundo

Padre Carlos Cabecinhas lembra caminho de Emaús e sublinha a importância da presença de Deus para restaurar a esperança

 

As dificuldades impostas pela guerra, pelo sofrimento da doença, ou pela crise económica podem conduzir à perda de esperança mas a fé em Jesus Cristo ressuscitado renova-a, afirmou esta manhã, na missa dominical em Fátima, o reitor do Santuário.

A partir da liturgia proclamada neste III Domingo da Páscoa, que nos relata o desânimo experimentado pelos discípulos a caminho de Emaús, o padre Carlos Cabecinhas sublinhou a importância da presença de Deus vivo na vida dos cristãos.

“É esta experiência que somos convidados a fazer, hoje, também nós” disse o sacerdote.

“Na caminhada que é a nossa vida, fazemos muitas vezes a experiência do desânimo, do desalento e desencanto; experimentamos o fracasso e passamos por momentos de dúvida e de angústia. Por isso, tal como os discípulos de Emaús, caminhamos temerosos, tristes e desalentados... E tal como os discípulos de Emaús, pedimos: `Ficai connosco, Senhor! Ficai connosco, porque ... vem caindo a noite´”, disse o sacerdote ao recordar várias situações  que estão presentes na vida de cada um.

“A noite da crise económica em que tantas famílias se veem mergulhadas e da insegurança em relação ao futuro; a noite das inúmeras feridas que emergem das nossas relações uns com os outros ou da experiência da doença; a noite do ressurgimento da ameaça da guerra, seja na Ucrânia ou no Sudão, na Síria ou no Iémen...Tantas vezes fazemos a experiência da noite, das trevas que nos envolvem. Por isso, embora saibamos que Jesus se põe a caminho connosco, mais do que nunca, precisamos de lhe suplicar: `Ficai connosco, Senhor, porque vem caindo a noite´”, referiu o responsável aos milhares de peregrinos que participaram na Eucaristia dominical no Santuário de Fátima, entre os quais os irmãos da peregrinação nacional da Sociedade de São Vicente de Paulo.

O sacerdote lembrou, a este propósito, o itinerário cristão para evitar o desânimo e a desesperança: a escuta e a meditação da palavra de Deus, a oração atenta e comprometida e a participação na Eucaristia.

“A sua Palavra faz-nos arder o coração, indica-nos os caminhos a seguir, abre-nos horizontes de esperança, enche-nos de confiança” afirmou destacando que “a Eucaristia é outra forma de presença de Cristo ressuscitado no meio de nós, na nossa vida”.

“É a forma por excelência dessa presença” enfatizou, recordando que “é o pão dos frágeis, a resposta de Deus à nossa vulnerabilidade, o alimento com que Deus fortalece o nosso caminhar pelos caminhos da vida, tantas vezes marcados pelo sofrimento”.

“ A Eucaristia é o Pão dos frágeis e não o prémio para os impecáveis e irrepreensíveis. Infelizmente, esquecemo-nos disto com demasiada frequência” recordou ainda lembrando, por outro lado, que Cristo vem ao nosso encontro através das pessoas que fazem o bem e em todos os acontecimentos que “são sinais de esperança”.

“A celebração festiva da Páscoa, que prolongamos por 50 dias, até ao Pentecostes, recorda-nos esta presença do Senhor ressuscitado ao nosso lado, nos caminhos da vida, e exorta-nos a reconhecermos o quanto precisamos que o Senhor fique connosco” afirmou.

Nesta celebração participaram ainda mais 9 grupos organizados de Portugal (5 grupos), dos Estados Unidos da América, de Espanha, de Itália e da Polónia (um grupo de cada uma destas nacionalidades).

“Como os discípulos de Emaús, peçamos ao Senhor que fique connosco. Peçamos-lhe que aumente a nossa fé e fortaleça a nossa esperança” disse o padre Carlos Cabecinhas.

Esta tarde no Santuário os sinos da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima soarão às 20h23 para assinalar os cem dias que faltam para o início da Jornada Mundial da Juventude, que decorrerá em Lisboa de 1 a 6 de agosto.

A iniciativa nacional juntará mais de 900 igrejas em todo o país, incluindo mosteiros e conventos.

O Santuário de Fátima, desde o início do seu ano Pastoral, que tem a sua vida sintonizada com este evento da igreja portuguesa desde logo naquele que é o seu plano pastoral que tem como mote “Maria Levantou-se e partiu apressadamente”.

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