14 de agosto, 2016

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Reitor do Santuário de Fátima desafia peregrinos a zelar pela coerência entre a fé professada e o testemunho de vida

Missa dominical no Santuário assinala também encerramento da 44ª Semana Nacional das Migrações
 

O reitor do Santuário de Fátima, que presidiu à missa dominical no Recinto, lançou hoje um desafio aos milhares de peregrinos presentes na Cova da Iria, de serem capazes de viver a fé com “entusiasmo e coerência” tal como os pastorinhos, nomeadamente a beata Jacinta que quebrou a promessa do silêncio partilhando a aparição de Nossa Senhora “porque tinha uma coisa cá dentro que não me deixava ficar calada”.

A partir do Evangelho deste 20º domingo do tempo Comum, “que pode escandalizar”- <<Eu vim trazer o fogo à terra e que quero eu senão que ele se acenda? Pensais que eu vim estabelecer a paz na terra? Não, eu vos digo que vim trazer a divisão>>- , o Pe Carlos Cabecinhas, sublinha que o “choque das palavras de Jesus é propositado” e serve essencialmente para nos lembrar que “muitas vezes vivemos uma fé sem graça nem entusiasmo” e a fé “implica opções, coerência e testemunho”.

“Estas palavras pretendem escandalizar-nos e chamar-nos a atenção para a forma como vivemos a nossa fé, para a coerência entre a fé professada e a nossa vida e para o testemunho que a nossa vida oferece. São palavras estranhas que nos incomodam: mas é isso que Nosso Senhor quer: desafiar-nos”, disse o responsável.

Por outro lado, acrescenta que esta “coerência implica opções e é exigente”.

“A paz que Jesus nos quer trazer não se consegue com meias tintas, com equilíbrios e com meias verdades” assinalou o Pe Carlos Cabecinhas.

“Tal como Jeremias- o profeta-  não agradou aos chefes de Jerusalém, também nós devemos ter a plena consciência de que a missão profética não é um concurso de popularidade, antes significa testemunhar com verdade e coerência a verdade de Deus” exemplificou o reitor frisando que “esta é que é a fonte de divisão de que fala Jesus no Evangelho” que “nos incendeia a todos e faz-nos fervorosos no espírito”.

O reitor do Santuário de Fátima fez mesmo uma analogia com os incêndios que grassam no país, na sua maioria com ignição humana, para reafirmar a importância da nossa disponibilidade para espalhar a palavra de Deus.

“Infelizmente todos os dias nós temos bem vivos os exemplos dos incêndios que afectam o nosso país deixando um rasto de destruição. Se há algo que fica destas noticias é percebermos a facilidade com que o fogo se propaga, com que ele progride e se espalha” disse o Pe Carlos Cabecinhas  sublinhando que a forma como acolhemos os desafios e a forma como vivemos e testemunhamos a nossa fé é decisiva para a evangelização.

O sacerdote terminou a sua homilia destacando “este dinamismo do Evangelho que está também presente na mensagem de Fátima”.

“ A pequena Jacinta incapaz de conter a alegria da aparição de Nossa Senhora partilhou-a e quando Lúcia lhe perguntou porque contou e não guardou segredo, tal como tinham combinado, ela respondeu dizendo que tinha cá dentro uma coisa que não a deixava ficar calada”. Por isso, “a mensagem de Fátima é esse fogo que Deus trouxe pelas mãos do Anjo e da Virgem para que se espalhe”.

“A mensagem de Fátima é convite a experimentarmos Deus na nossa vida”, concluiu.

A missa dominical voltou a trazer ao Santuário de Fátima milhares de peregrinos, alguns deles emigrantes que por estes dias participaram na Peregrinação dos Migrantes e Refugiados.

Neste domingo fizeram-se anunciar no Santuário 15 grupos.

Esta noite haverá ainda no Santuário uma Vigília para celebrar a Assunção de Nossa Senhora e amanhã o Santuário, tal como toda a igreja católica, celebrará a solenidade litúrgica da Assunção de Maria, um dogma solenemente definido pelo Papa Pio XII em 1 de novembro de 1950 e celebrado há vários séculos, numa data que é feriado em Portugal.

“Declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial", refere a constituição apostólica ‘Munificentissimus Deus’ com a qual se deu a definição deste dogma da fé católica.

Pio XII referia que “não só os simples fiéis, mas até aqueles que, em certo modo, personificam as nações ou as províncias eclesiásticas, e mesmo não poucos padres do Concílio Vaticano pediram instantemente à Sé Apostólica esta definição”.

No Santuário de Fátima esta segunda feira, cumpre-se o programa dos domingos.

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