21 de dezembro, 2020

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Reitor do Santuário de Fátima convida cristãos a serem o “reflexo da ternura de Deus” junto dos frágeis e necessitados

Celebrações de Natal longe das multidões, num ano marcado pela contenção e pelo “essencial”

 

O reitor do Santuário de Fátima afirma que celebrar o Natal num “ano estranho”, marcado pela pandemia, é “confiar em Deus” e ser “reflexo da ternura de Deus” junto dos frágeis e necessitados.

Na mensagem para este Natal, longe das multidões de Fátima, o padre Carlos Cabecinhas fala de um Deus que se “identifica” com a fragilidade da humanidade.

“Vem assumir a nossa própria fragilidade, de tal modo que o nosso sofrimento não é estranho a Deus, que as nossas angústias não são estranhas a Deus, que as nossas preocupações não deixam Deus indiferente”, sublinha.

Num ano particularmente difícil, o padre Carlos Cabecinhas refere que “celebrar o Natal é celebrar esta certeza de que Deus se aproxima da fragilidade, da condição limitada, sofredora” de cada pessoa.

Este ano pastoral em que os peregrinos são convidados a viver o tema “Louvai o Senhor que levanta os fracos”, o sacerdote fala de um “Deus surpreendente”.

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Viver as celebrações da época com alegria, beleza e segurança 

O ano que agora termina impossibilitou a realização de grande parte da agenda que o Santuário tinha para 2020. As limitações na mobilidade impostas pelo controlo da pandemia condicionaram a vinda das habituais multidões de peregrinos à Cova da Iria, ausência especialmente notada nas grandes peregrinações e neste período em que se celebra o “Natal e os dias da sua oitava, até ao Ano Novo, também eles normalmente vividos de modo especial na Cova da Iria”, constata André Pereira, diretor do Departamento de Acolhimento e Pastoral do Santuário de Fátima.

“Do contexto que atravessamos ressalta a evidência de que a vinda de peregrinos ao Santuário de Fátima no Natal deste ano não terá a dimensão a que os anos anteriores nos habituaram. Contudo, permanece a convicção de que estes não deixarão de ser, entre as semanas e os meses que compõem este outono-inverno tão condicionado, dias com maior presença de peregrinos em Fátima”, refere o responsável pelo acolhimento aos peregrinos, ao lembrar o empenho do Santuário em tornar os seus espaços celebrativos seguros.

“Segundo o mesmo princípio de responsabilidade por que se tem regido, o Santuário de Fátima tudo fará para que o Natal decorra de forma segura e com a beleza e solenidade com que sempre procura dignificar as suas celebrações”, assegura.

A celebração da Liturgia é um dos aspetos que mais marca a vida do Santuário e o “compasso do caminho dos peregrinos que aqui acorrem para se encontrarem com Deus por meio de Maria”, refere o diretor Departamento de Liturgia, padre Joaquim Ganhão, ao sublinhar que, apesar das limitações impostas pelas circunstâncias, o “Natal do Senhor tem necessariamente de ser um desses pontos altos da vivência da nossa fé”.

“Nestes tempos de pandemia que nos tem atingido, fomos obrigados a rever procedimentos, ajustar atitudes e a assumir posturas responsáveis na celebração da liturgia. Não mudámos a essência dos ritos e muito menos aligeirámos a sua profundidade. Ao contrário, temos sido estimulados a aprofundar o sentido do que celebramos e vivemos, fixando-nos, cada vez mais, no essencial. Será este um dos desafios importantes na celebração das festas natalícias: encontrar nelas o essencial do Mistério que celebramos: contemplar e acolher Deus que, no seio de Maria, se faz homem e nos vem abraçar com a ternura do amor misericordioso do Pai. Esse amor que, na afirmação do lema do Santuário para este novo ano, levanta os fracos, alenta os desanimados e oferece a salvação.”

A osculação da imagem do Menino Jesus é um dos ritos que não poderão realizar-se neste ano de pandemia, mas nem por isso se deixará de assinalar este gesto, com o mesmo sentido que ele merece.

“Não iremos beijar fisicamente a sua imagem, nem tão pouco a iremos tocar com as nossas mãos. Não deixaremos, no entanto, de a venerar, de a contemplar e de lhe oferecer todo o afeto que lhe dedicamos, e de lhe enviar um pouco mais de nós, na partilha que iremos fazer para os pobres e deslocados de Cabo delgado”, assegura o diretor do Departamento de Liturgia ao afirmar  o desejo que o Santuário tem em continuar a “manifestar a todos os que aqui vierem e aos que pelo mundo fora nos acompanham através dos meios digitais, a alegria, a esperança, a beleza que este lugar nos oferece”.

Seja pela internet ou presencialmente, a convicção do diretor do Museu do Santuário e dos Departamento de Estudos, Marco Daniel Duarte, é a de que, "mesmo em tempos de pandemia, o Santuário de Fátima continuará a ser procurado como lugar de abrigo para quantos querem viver o Natal na reconciliação com Deus e com os irmãos".

"Para além das celebrações, serão muitos os que quererão visitar os espaços do Museu do Santuário de Fátima, designadamente a sua exposição temporária, nela procurando os rostos de Fátima, aprofundando o conhecimento sobre o passado e fazendo a experiência de ali encontrarem o seu rosto e o rosto dos que consigo caminham nos trilhos da paz para o mundo, isto é, nos trilhos dos caminhos que Fátima propõe para o nosso tempo", prevê este responsável.

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Um Natal desafiante que traz oportunidades  

Para bem acolher os peregrinos que vão pernoitar na Cova da Iria neste Natal, as palavras de ordem são responsabilidade, criatividade e humildade, tal como tem sido ao longo deste ano atípico, diz Tânia Rocha, que dirige o Departamento de Hospedagem. Na gestão das reservas, o esforço passa por inovar.

“É preciso inventar o Natal possível, mas que não seja um Natal apagado, sem cor: com alguns peregrinos, enquanto não podemos ter muitos. Em diálogo, a dois metros de distância, sem contacto físico, mas com entreajuda entre colegas de trabalho e o calor humano de que nos orgulhamos, recebendo sempre com um sorriso no olhar. Somos, deste modo, convidados a redescobrir o valor do nosso trabalho, a humildade no acolhimento e ficarmos na sombra, para que Deus chegue a cada um”, afirma a responsável.

“Reinventar” é também a atitude certa para Cláudia Camelo, diretora do Gabinete dos Recursos Humanos do Santuário de Fátima, que perspetiva o recolhimento a que o tempo obriga como um “desafio interior”.

“Este Natal coloca-nos um grande desafio: terá que ser reinventado à luz das circunstâncias atuais o que não implica que deixe de ser vivido com igual relevância. O desafio é, sobretudo, interior” refere a responsável pelo Gabinete de Recursos Humanos.

“O momento que vivemos obriga-nos a um recolhimento que não é necessariamente mau, antes uma oportunidade para valorizarmos as habituais manifestações festivas que não vão acontecer e que agora terão de ser vividas dentro de cada um de nós. Este Natal traz consigo a oportunidade de salientar a importância que todos assumimos enquanto membros de uma mesma comunidade, de uma mesma instituição”, esclarece.

Ao lembrar as muitas dificuldades operacionais que 2020 e a “inatividade e imensidão do aparente silêncio provocado pela ausência de peregrinos”, André Silva, diretor do Departamento de Vigilância e Gestão Operacional, fala também deste Natal como uma oportunidade para aprofundar a fraternidade.

“Revejo os silêncios que senti durante este ano no momento de silêncio da imensidão de peregrinos que neste Santuário com o Papa Francisco rezaram diante da Imagem da Nossa Mãe, a 13 de maio de 2017.  Este silêncio de milhões de peregrinos une-se agora ao Santuário, a partir de suas casas, num silêncio orante com os poucos peregrinos que aqui podem experienciar fisicamente. Neste sentido, a vivência desta época natalícia poderá ser reveladora de um sentimento de fraternidade e esperança, que se reflete também em novos gestos”, afirma este responsável, ao perspetivar as circunstâncias atuais como um caminho para “revigorar” a missão do Santuário.

“A missão continua a ser a mesma, mas este tempo certamente nos poderá ajudar a revigorar a missão primeira…a de acolher! O tempo esse, continua a ser de vigilância… A vigilância da esperança, da perseverança e da alegria a que nos convida o Advento.”

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Um Natal recriado para o essencial

Para o primeiro Natal que passa na Cova da Iria o padre polaco André Wegrzyn, que assume funções de capelão do Santuário desde outubro de 2018, lança expectativas positivas.

“Quem me conhece sabe que pertenço ao grupo de pessoas otimistas. O meu lema é ‘A vida vai melhorar’ (que é título de uma canção brasileira), e o meu profeta predileto é Isaías, que sonha com um mundo bonito, alegre, justo, cheio de paz e amor. Estas são as minhas expectativas para este Natal, para o ano novo e em geral para o futuro”, diz o sacerdote que, depois de viver a sua vocação em países como Polónia, a Espanha, o Brasil e o Uruguai, quer agora “ver e sentir a forma” como vivem os Portugueses o Natal.

Para o também capelão padre José Nuno Silva o Natal deste ano em Fátima vai ser um “Natal Essencial”, que “poderá ajudar à vivência pacífica e confiante destes dias” na lógica de conversão a que apela a mensagem de Fátima.

“Fátima pede, também, que assumamos como essencial a responsabilidade pela salvação uns dos outros, que é fundamento teológico-espiritual da `cultura do cuidado´ que o Papa Francisco propõe para o Dia Mundial da Paz de 2021. Esta cultura corresponde à grande exigência que a situação de pandemia apresenta à humanidade nesta hora em que tomamos consciência da nossa comum fragilidade e tantos são projetados para situações de exclusão económica e social”, afirma o sacerdote, ao perspetivar o novo ano na lógica do tema pastoral que Santuário de Fátima assumiu para 2021.

“A travessia da pandemia pede-nos que reinventemos o Natal, que sejamos capazes do Natal Essencial. Fátima pode ajudar-nos neste exercício de recriação da festa do nascimento de Deus em nossa história. Quem vier ao Santuário, física ou virtualmente, poderá descobrir esta luz do Natal Essencial a que o tempo nos chama, e não apenas porque no-lo impõe. De facto, pede-no-lo com o grau de necessidade com que a noite nos pede a luz quando temos que a atravessar.”

 

Voluntários vivem Natal à distância, mas aconchegados pelo amor materno de Maria

Joana Amaral, presta voluntariado na Sala de Imprensa do Santuário de Fátima desde 2017, está familiarizada com as multidões de peregrinos que passam pela Cova da Iria. Este ano, provada de viver a peregrinação internacional aniversária de maio presencialmente, acompanhar pelos meios de comunicação trouxe “um sentimento de união em oração com todos”.

“Voltar ao Santuário foi uma bênção e poder voltar a colaborar foi muito bom, foi como voltar a casa”, conta esta jovem educadora de infância que só regressou a Fátima em agosto e outubro. Num ano diferente, o Natal também será diferente, mas acredita que “mesmo longe estaremos todos juntos, pois a fé é só uma, estejamos nós onde estivermos e Maria estará com cada um de nós, seus filhos”.

Carolina Freitas, natural de Felgueiras, atualmente reside em Fátima, e faz voluntariado no Santuário de Fátima, colaborando nos vários serviços, desde o acolhimento, à expedição das publicações, no apoio à liturgia, entre outros.

“A viver aqui tão perto e estando tão dentro da dinâmica do Santuário, foi estranho, ao longo do ano, ver a eucaristia pela TV mas mais impactante foi ver o 12 e 13 de maio, num Santuário completamente vazio”, explica, recordando a “imagem das velas à noite, e aquele silêncio profundo” que a fez “ viver realmente o Evangelho pelos olhos de Maria, o silêncio desta Mãe marcado pela impotência de agir face à realidade que se apresentava naquele momento da morte do seu filho”.

Carolina, olha para esta época natalícia de uma forma mais “triste”.

“O Menino Jesus não será beijado, mas espero, de coração, que a cerimónia seja quente e que o Amor chegue a casa de todos através dos meios de comunicação social e digital”, explica.

Paulo Santos, Dirigente do Corpo Nacional de Escutas, faz voluntariado em Fátima, de forma regular, desde o Centenário. Compara o silêncio imposto este ano ao que se viveu com o Papa Francisco, quando durante oito minutos rezou diante da Virgem, na Capelinha das Aparições, destacando este silêncio orante de Fátima que lhe aconchega o coração. Este ano também o Natal será vivido num clima de “contenção, e os católicos sentem algum tom de perseguição”.

No entanto, Natal “é nascer e Fátima pode ser o renascimento da entrega e da partilha da fé, ao serviço de um mundo mais frágil, mas também mais irmão”, considera.

Este ano, as festividades de Natal terão transmissão direta nos meios de comunicação digital do Santuário- Youtube e Facebook- em www.fatima.pt e no MeoKanal 707070. Dia 24, a Missa da Noite de Natal é às 23h00; no dia de Natal a Missa solene é às 11h00. No final far-se-á um gesto de veneração à imagem do Menino-Jesus. A coleta destes dias reverterá a favor da diocese de Pemba, em Moçambique, com especial d intenção de ajudar os deslocados da região de Cabo Delgado, uma zona fortemente martirizada pelos ataques brutais de fundamentalistas islâmicos.

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