20 de novembro, 2022

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Reitor do Santuário convida a Igreja a abandonar “visões triunfalistas decalcadas de outros ambientes”

O simbolismo da liturgia da solenidade de Cristo Rei foi apresentado como providencial para uma certa purificação dentro da Igreja

 

O reitor do Santuário de Fátima afirmou esta manhã que a solenidade de Cristo Rei, que a Igreja hoje celebra, é uma oportunidade “providencial” para a Igreja se purificar e abandonar “visões triunfalistas decalcadas de outros ambientes”.

A partir da liturgia proclamada no último domingo deste ano litúrgico, que nos apresenta a realeza de Jesus Cristo a partir de um momento do relato da Sua paixão e morte na Cruz, ao contrário de outras realezas que se expressam no poder  e no domínio sobre os outros, o padre Carlos Cabecinhas desafiou os milhares de peregrinos participantes na celebração na Basílica da Santíssima Trindade a compreender e a imitar a realeza de Cristo de outra forma, “sem equívocos”.

“Se a cruz é o verdadeiro trono de Cristo Rei, uma vez que é no momento da paixão e morte que se manifesta a Sua verdadeira realeza, não faz sentido alimentarmos visões triunfalistas da Igreja, decalcadas sobre os modelos de poder dos ambientes que nos circundam ou acalentadas por uma certa nostalgia de um passado idealizado, embora nem sempre glorioso” disse o responsável pelo Santuário de Fátima.

Referindo-se ao atual momento da Igreja, o reitor convidou ao exercício da humildade.

“Talvez o momento presente, com as suas dificuldades e as suas dores, com a exposição pública de graves casos de abusos por parte de pessoas da Igreja, seja um necessário momento de purificação e um doloroso antídoto contra esse tipo de visões triunfalistas da Igreja,  seja um tratamento de humildade para uma igreja que se sabe seguidora d’Aquele que reina na cruz e que tem ali o seu trono” afirmou desafiando à conversão, palavra-chave da Mensagem.

“Em vez de nos lamentarmos de perseguição e incompreensões, talvez seja mais importante aproveitar a oportunidade para sermos mais e melhor Igreja e tentarmos seguir a Jesus, a pedra angular da nossa razão de sermos Igreja”, afirmou.

“Talvez este seja um momento providencial para procurarmos ser mais Igreja e melhor Igreja, que tem em Cristo o seu modelo, o seu Mestre e o seu Rei”, enfatizou ao recordar que a conversão que esta atitude implica tem eco na mensagem de Fátima.

“A cruz é a expressão máxima de uma vida feita amor e entrega e é, por isso, o verdadeiro trono de Cristo Rei, que vem ao nosso encontro para servir; que não pretende afirmar o seu poder, mas manifestar o seu amor até ao dom da própria vida… É este mesmo caminho que, em Fátima, Ele nos aponta, pela mão de Maria, Sua e nossa Mãe”, afirmou o sacerdote lembrando como os Pastorinhos deixaram guiar-se pela sua mão..

“Deixar que Jesus Cristo reine sobre nós, que reine nas nossas vidas, é aceitar seguir o mesmo caminho de oferta da vida a Deus e de serviço aos outros; o caminho da atenção à vontade de Deus e ao bem dos que nos rodeiam. Deixar que Jesus Cristo, Rei, reine sobre nós, é aceitar dar-lhe o lugar central nas nossas vidas, lugar que só a Ele compete”, concluiu.

Neste domingo de Cristo Rei participaram na celebração na Basílica da Santíssima Trindade cerca de 20 grupos organizados provenientes de Portugal, Espanha, Itália, Brasil, Estados Unidos da América, Itália, Polónia, Porto Rico e Filipinas.

 

 

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