05 de novembro, 2023
Reitor do Santuário apela à coerência entre a fé que se professa e ações da vida quotidiana“Só a humildade e o espírito de serviço nos fazem grandes diante de Deus e é isso que realmente importa”- Padre Carlos Cabecinhas
O reitor do santuário de Fátima presidiu esta manhã à missa dominical na Basílica da Santíssima Trindade e desafiou os milhares de peregrinos presentes a serem coerentes na sua vida, conformando as suas ações quotidianas com a fé que professam. E para isso, deixou um itinerário próprio: “acolher a palavra de Deus no coração e na vida”, por “amor a Deus e ao próximo”, com “humildade e espírito de serviço”. A partir da liturgia proclamada neste 31º Domingo do Tempo Comum, que convida a uma reflexão séria sobre a seriedade, a verdade e a coerência do compromisso com Deus e com o Reino, nomeadamente no que toca à pureza do motivos com que agimos no dia-a-dia como cristãos, o padre Carlos Cabecinhas sublinhou que as palavras dirigidas “aos escribas e sacerdotes” do tempo de Jesus, são hoje dirigidas a todos os cristãos. “Se prestarmos atenção às recriminações de Jesus, facilmente nos daremos conta de que são também uma advertência para nós, pois o que está em causa são algumas tentações constantes da nossa vivência cristã” começou por dizer o sacerdote identificando algumas dessas tentações: professar o que não praticamos; fazer obras para sermos reconhecidos e exaltados e, um certo oportunismo. “Somos nós, hoje, que sentimos a tentação de agir de modo a conseguir a aprovação dos outros; de fazer o bem para que os outros vejam e aplaudam. É a motivação erra. E ficamos indispostos se não recebemos o reconhecimento pelo que fizemos. Ora, são as motivações que qualificam o nosso agir, pois o bem ou mal nasce, antes de mais, do coração humano. É aminha intenção que qualifica o que faço: posso fazer uma obra muito boa mas se a fiz pelas motivações erradas de nada serve”, explicou o reitor do santuário. “Só a humildade e o espírito de serviço nos fazem grandes diante de Deus e é isso que realmente importa” enfatizou o sacerdote sublinhando que “a verdadeira grandeza, a que importa, diante de Deus está na coerência de vida, no amor a Deus e aos outros e no serviço. Só isso nos faz grandes”. Nesta semana em que se assinalaram todos os Santos, o Padre Carlos Cabecinhas invocou, uma vez mais, o exemplo dos dois primeiros santos de Fátima- Francisco e Jacinta Marto-, que procuraram sempre, depois das aparições, “ser coerentes com a sua fé e fiéis aos apelos que o Anjo e Nossa Senhora lhes dirigiram”. “Também eles procuravam expressar amor a Deus e o que os movia era o desejo de reparar e consolar, de dar alegria a Jesus Cristo e a sua Mãe. Não pretendiam aplausos nem se julgavam superiores a ninguém até fugiam deles” recordou. “Também eles foram um incrível exemplo de humildade, certos de que a missão que lhes fora confiada pela Mãe de Deus não se devia aos seus méritos, mas ao amor misericordioso do bom Deus que, Se dignara pousar o Seu olhar sobre a humilde condição daqueles Seus servos, como fizera com Maria. E, por isso, fizeram das suas vidas, oferecidas a Deus, um serviço aos outros, sobretudo aos pobres e aos pecadores”, concluiu. Esta tarde, em Fátima, encerra-se o ciclo de Encontros na Basílica deste ano pastoral, com o V Encontro que apresentará uma reflexão sobre Fátima e a sua convocatória para a Paz, de resto uma intenção presente particularmente presente na missa dominical, quando o Reitor do santuário recordou a necessidade de paz "na Terra de Jesus, em Israel e na Palestina", mas também "na Ucrânia e em todos os lugares onde a guerra faz milhares de vítimas". A conferência será proferida pelo diretor do Departamento de Acolhimento e Pastoral, André Pereira. “Num momento da história em que a guerra, muito embora nunca desaparecida, está perto de nós como muitos de nós jamais a tinham visto, (…) como anunciar, então, um horizonte de esperança e de paz? (…) O acontecimento de Fátima oferece-nos pistas para vislumbrar e testemunhar esse horizonte em que o coração triunfa, em que o amor triunfa, assumido como dom e tarefa na construção da paz como condição integral e transversal; como condição, em suma, da vida segundo o Reino”, lê-se, na sinopse da palestra, que terá como ponto de partida o insistente apelo à oração que Nossa Senhora deixou aos Pastorinhos, nas aparições de 1917. André Pereira, após a sua formação teológica na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa – onde desenvolveu particular interesse pelos âmbitos de reflexão da Teologia Fundamental –, tem situado o pensamento e o estudo no horizonte hermenêutico-teológico do acontecimento e da mensagem de Fátima. O encontro será, como habitualmente, encerrado com um recital de música, desta vez a cargo de um trio com canto, órgão e piano, composto por elementos do Serviço de Música Sacra do Santuário. Marta Fagundes, como mezzo-soprano, e José Leite, como tenor, acompanhados ao órgão e piano por Davide Barros, irão interpretar peças do período barroco à atualidade, num alinhamento onde se poderão ouvir composições de: Bach; Gioachino Rossini; Mendelsshon; César Franck; Camille Saint-Saëns e William Gomez. O trio que interpretará o recital assume, diariamente, a animação musical das celebrações do Santuário de Fátima. Marta Fagundes, solista do Santuário de Fátima, é licenciada em Música/Canto, pela Escola Superior de Música de Lisboa. José Manuel Leite, maestro do coro infantojuvenil Schola Cantorum Pastorinhos de Fátima e organista do Santuário de Fátima, é licenciado em Música Antiga – Canto Barroco, pela Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo do Porto, com uma Pós-Graduação em Música Sacra na Universidade Católica Portuguesa. Davide Barros, organista no Santuário de Fátima, desde 2017, é licenciado em órgão pela Escola Superior de Música de Lisboa. O encontro tem entrada livre. |