12 de outubro, 2022

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“Quem vem a Fátima leva esse desejo de ser um lutador contra a indiferença global e leva o ardor de ser um construtor da paz”, afirma arcebispo de Braga

O arcebispo metropolita fala da atualidade da mensagem e do “oásis de paz e fraternidade”,que convida a um “diálogo frutuoso” entre religiões “sem perda de identidade”

 

O arcebispo metropolita de Braga considera Fátima como “um verdadeiro pulmão de espiritualidade” de Portugal e do mundo ,mas lembra que “isso não basta”.

“Fátima é a meta das pessoas ao longo do ano. Vir a Fátima já é um sinal mas não chega” refere D. José Cordeiro no podcast #fatimanoseculoXXI, que pode ouvir na integra em www.fatima.pt/podcast ou nas plataformas Itunes e Spotify.

Este lugar “sendo de escuta” tem de ser também “lugar de acolhimento dos que vêm pela primeira vez e são mais distantes mas sentem um apelo maior pelo silêncio, interioridade, e também dos que vêm de forma organizada” diz o prelado, que presidiu pela primeira vez a uma peregrinação internacional aniversária na Cova da Iria desde que tomou posse como arcebispo de Braga em fevereiro deste ano.

“Fátima é este apelo de um coração que arde por amor, que quer iluminar o mundo e a atualidade da mensagem, sendo numa linguagem tão simples que as crianças entenderam, tem de ser entendida por nós” refere lembrando que o próprio espaço do Santuário favorece o encontro com Jesus.

“O recinto do Santuário tem como centro o próprio Jesus; é Maria que, a partir da Capelinha, aponta para Ele. Temos de saber ler e ver o invisível”.

“Este é o desafio permanente: vir a Fátima ver o invisível” enfatiza sublinhando que “as pessoas ficam tocadas pela noite, pela procissão das velas e pelo silêncio que experimentam, escutam e tocam e este é um caminho para a paz do coração”.

“O Santuário de Fátima é um pulmão enorme de espiritualidade e aqui são convidadas a beber das fontes do evangelho através de vários elementos como na liturgia bem celebrada, na palavra bem proposta e partilhada, no sacramento da reconciliação, no acolhimento aos peregrinos, em especial aos doentes e mais frágeis”, refere.

Mas, a peregrinação e a piedade popular sendo “um tesouro inesgotável” exigem um “trabalho constante, dinâmico e sinodal” que não “se esgota no momento da vinda mas que se estende ao momento que precede e que se segue à própria peregrinação”, acrescenta.

Por outro lado, D. José Cordeiro sublinha que “existem novas interpelações e novos desafios”.

“Fátima já não é só o grande coração espiritual de Portugal mas de todo o mundo; há uma clara atração pela mensagem de Fátima” afirma.

“Fátima é um oásis de paz e fraternidade(...) a imagem e a iconografia de Fátima remetem-nos para o caminho orante do crente para a paz, para a fraternidade e amizade social, que é no fundo o caminho imprescindível para a construção da paz”, diz.

 

Um lugar de construção da fraternidade

“Fátima é este coração pulsante da Igreja de hoje porque aqui toca-se o coração do evangelho. A misericórdia, como o Papa Francisco tem sublinhado, é o coração pulsante do evangelho e em Fátima sentimos esse milagre e ao mesmo tempo o dom e agraça do perdão, da misericórdia e da reconciliação a vários níveis”, adianta ainda o arcebispo metropolita de Braga ao salientar o virtuoso “ encontro da multiculturalidade dos peregrinos que hoje tocam Fátima e que não ficam indiferentes à peregrinação”.

“Os frutos podem não ser imediatos mas hão de surgir” porque “só juntos como peregrinos no mesmo caminho da paz poderemos ter um mundo melhor, mais fraterno e mais solidário”.

“Quem vem a Fátima leva esse desejo de ser um lutador contra a indiferença global e leva o ardor de ser um construtor da paz”.

No podcast #fatimanoseculoXXI, D. José Cordeiro reflete sobre o risco de hoje os cristãos celebrarem a fé sem Jesus; do “cansaço e do desânimo” que dominam a sociedade, afundada em problemas que resultam da pandemia, da indiferença e da falta de solidariedade e da necessidade “urgente”dos cristãos regressarem à fonte, isto é, à presença de Cristo vivo.

“Só na presença de Cristo ressuscitado é que nós somos pedras vivas, corpo de Cristo e discípulos missionários, criando uma verdadeira fraternidade social”.

 

A narrativa das aparições e atualidade da mensagem

O prelado, natural de Angola, doutorado em Liturgia, fala ainda da narrativa das aparições, em especial da quinta aparição, “mais atual que nunca”.

“Esse apelo ao sacrifício, à conversão e à oração na linguagem de hoje é muito interessante: só se faz sacrifício por amor; penitência pela penitência não tem sentido; é o próprio coração de Deus que se abre à misericórdia” adianta o prelado.

“O sacrifício é um ato de amor: o amor dos pais pelos filhos, aos que amamos ou quando encontramos o sentido pleno das nossas orações em ordem à participação na obra maior da reparação que também aqui é a linha mais abrangente da mensagem de Fátima”.

D. José Cordeiro tece ainda algumas considerações sobre o papel de Fátima no diálogo inter-religioso, “sem beliscar um milímetro na nossa matriz católica”.

“Temos de nos encontrar e reconhecer como irmãos, ainda que por caminhos culturais religiosos e antropológicos diferentes, mas sentirmos que a nossa dignidade humana nos remete para aquilo que é maior que nosso coração e a nossa inteligência, que é Deus”.

“Em Fátima nós bebemos do evangelho, nas fontes que Fátima faz brotar do próprio evangelho: é uma chave de leitura no aqui e agora da história”.

 

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