13 de fevereiro, 2020
Protagonistas de Fátima recordam-nos que a santidade “não é um privilégio reservado a alguns eleitos”Reitor do Santuário presidiu à missa votiva de Nossa Senhora de Fátima, que hoje teve como intenção especial a memória da Irmã Lúcia de Jesus, que morreu há 15 anos
Fátima é “escola de santidade” e os seus protagonistas mostram como este “chamamento” é feito a cada cristão no dia-a-dia da sua vida, afirmou esta manhã o reitor do Santuário de Fátima na homília da Missa Votiva de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, que faz memória das Aparições da Virgem Maria, no dia em que se completam, também, 15 anos do falecimento da Irmã Lúcia de Jesus. “Fátima é escola de Santidade. E é-o, antes de mais, no exemplo de vida dos seus protagonistas. Por um lado, Nossa Senhora, verdadeiro modelo do crente: a sua santidade é desafio sempre renovado à imitação, atitude essencial da verdadeira devoção mariana. Mas Fátima é também escola de santidade no testemunho dos Santos Francisco e Jacinta” afirmou o padre Carlos Cabecinhas. “E, hoje, que passam 15 anos da morte da Irmã Lúcia, é importante recordar a necessidade da nossa oração pelo bom êxito do processo para a sua beatificação e canonização, se for essa a vontade de Deus” acrescentou ainda. A vidente de Fátima, cujo processo de beatificação decorre em Roma, morreu há 15 anos, no dia 13 de fevereiro de 2005, aos 97 anos de idade, depois de várias décadas vividas em clausura no Carmelo de Coimbra, onde hoje será celebrada uma missa em sua memória, presidida pelo bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes, e que será concelebrada, entre outros, pelo reitor do Santuário de Fátima. “Nos seus protagonistas, Fátima fala-nos desta `santidade ao pé da porta´, para usar a expressão do Papa Francisco: uma santidade acessível, feita na nossa vida, sem coisas muito extraordinárias a não ser um viver em Deus, procurando em tudo passar fazendo o bem como Jesus”, esclareceu ao sublinhar, uma vez mais, que Fátima recorda-nos constantemente que a santidade “não é um privilégio reservado a alguns eleitos: pelo Batismo, todos somos chamados a viver em Deus, isto é, a sermos santos”. O responsável pelo Santuário de Fátima concretizou por, outro lado, o itinerário dessa santidade experimentada no quotidiano da vida. “O apelo à oração e à adoração, dando a Deus o lugar central da vida; o convite a fazer da própria vida uma oferta a Deus; o desafio a consolar Jesus Cristo e a fazer a experiência do encontro com Ele, vivo e ressuscitado na Eucaristia; o chamamento a deixar-se conduzir até Deus pelo Imaculado Coração de Maria; a atenção aos outros, sobretudo os mais pobres e os que vivem longe de Deus... elementos fundamentais da mensagem de Fátima, configuram as atitudes fundamentais da resposta humana ao chamamento divino à santidade” explicitou ao concluir que a mensagem de Fátima “é um autêntico caminho de santidade”.
Irmã Lúcia de Jesus faleceu há 15 anos Nascida em Aljustrel, como os seus primos, em 28 de março de 1907, batizada dois dias depois, Lúcia recebeu a Primeira Comunhão em 30 de maio de 1913, por mediação do Pe. Cruz – de acordo com a documentação conhecida –, impressionado com os seus conhecimentos catequéticos. Nas suas Memórias, Lúcia relata que em 1915 teve pela primeira vez visões de uma espécie de nuvem, com forma humana, por três ocasiões diferentes, quando estava com outras amigas. É no ano seguinte, 1916, que as três crianças recebem as manifestações do Anjo de Portugal, como se apresentou. A partir da primeira Aparição de Nossa Senhora, em 13 de maio de 1917, a vida de Lúcia e dos seus primos transformou-se completamente: não só porque acolhem os pedidos da Senhora, recitando diariamente o terço, fazendo sacrifícios, alguns dolorosos, pelos pecadores e comparecendo durante seis meses, ao dia 13, naquele local, mas sobretudo porque passam a ser constantemente interrogados sobre o que viram e acusados de mentirem e de inventarem os acontecimentos. Recolhida no Asilo de Vilar, no Porto, depois da última Aparição (ocorrida em 13 de outubro de 1917), a conselho do bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, Lúcia de Jesus começa uma vida retirada do mundo que a irá levar ao postulantado das Irmãs Doroteias, em Espanha, aos 15 anos de idade, e, mais tarde, à clausura do Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, onde permanecerá desde 17 de maio de 1946 até à sua morte, em 13 de fevereiro de 2005. Ainda em Vilar escreve, em 5 de janeiro de 1922, o primeiro relato das Aparições e dois anos e meio depois, em 8 de julho de 1924, responde, no Porto, ao interrogatório oficial da Comissão Canónica Diocesana nomeada por D. José Alves Correia da Silva, sobre os acontecimentos de Fátima. No ano de 1925, ingressou na Congregação de Santa Doroteia, em Espanha, onde se deram as aparições de Tuy e Pontevedra, as aparições da Santíssima Trindade, de Nossa Senhora e do Menino Jesus. Em 1948, entra para o Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, para levar uma vida de oração e penitência. Os restos mortais da irmã Lúcia de Jesus encontram-se sepultados na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, no Santuário de Fátima, desde do dia 19 de fevereiro de 2006. Entre Papas, chefes de estado e de governo, cineastas e gente simples, Lúcia de Jesus respondeu a milhares de cartas e de pedidos de oração, correspondência que foi analisada e estudada no âmbito da fase diocesana do Processo de Canonização que chegou ao fim no dia 13 de fevereiro de 2017. O processo de canonização da irmã Lúcia, encontra-se agora na competência direta da Santa Sé e do Papa. O seu processo de canonização decorre desde 2008, apenas três anos após a sua morte, tendo na altura o agora Papa emérito Bento XVI dispensado que se esperassem os habituais cinco anos. A beatificação representa, na Igreja Católica, a confirmação, por parte da Igreja, que um fiel católico é digno de culto diocesano e pode ser dado aos fiéis como intercessor, enquanto que a canonização e reconhecimento de santidade abre ao culto universal e o novo santo é apresentado como modelo de vida. O reconhecimento das “virtudes heroicas” é um passo central no processo que leva à proclamação de um fiel católico como beato, penúltima etapa para a declaração da santidade; para a beatificação, exige-se o reconhecimento de um milagre atribuído à intercessão do venerável. |