"A única verdade é amar"
D. Manuel Clemente presidiu à missa do primeiro domingo da Quaresma, no dia 9 de março, na Basílica da Santíssima Trindade.
Na missa do primeiro domingo da Quaresma, no dia 9 de março, na Basílica da Santíssima Trindade do Santuário de Fátima, D. Manuel Clemente, cardeal emérito de Lisboa, convidou os muitos peregrinos e famílias presentes a meditar o trecho da carta de São Paulo aos Romanos: “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. “A nossa salvação está precisamente aí”, disse D. Manuel Clemente, referindo-se, à “invocação do Senhor Jesus”, “em quem Deus oferece tudo aquilo que tem para nós”, “e em quem nós encontramos tudo aquilo que iremos ter para Deus”: “Cristo. Cristo oferecido, Cristo em nós, Cristo para Deus, Cristo para todos”, disse, levando a Assembleia a contemplar Cristo, para afirmar o quanto "significa na vida de cada um”, dado “o exame de consciência que temos de fazer", "sobre o que nos falta", e "sobre o que temos de levar por diante”.
O sacerdote centrou-se depois no Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas, dito "Evangelho das tentações de Jesus no deserto", sobre o qual afirmou que "é realmente um Evangelho, não pelas tentações, mas pelas respostas que Jesus deu". Neste Evangelho "Jesus quis sofrer por nós as tentações que nós também sofremos", "e que, com Ele, venceremos", disse. É pelo exemplo que Jesus nos mostra como lidar com as tentações, clarificou.
D. Manuel Clemente reportou e comentou, em seguida, cada uma das tentações que Jesus venceu, transportando a Assembleia, com as suas palavras, para o deserto, cenário das tentações. "A primeira é aquela de deixarmos a nossa intensidade espiritual por coisas mais comezinhas, ainda que necessárias”, como o alimento: à primeira tentativa de desvio, colocada como "Se és Filho de Deus, manda que esta pedra se transforme em pão", Jesus respondeu: "Nem só de pão viverá o homem". "É natural que tivesse fome naquele jejum que fazia", mas "Ele queria dedicar aquele tempo à oração, a essa intimidade que ele mantém eternamente com Deus-Pai, e que, na Terra, também manteve", aclarou. Perante a segunda tentação, a "do poder a qualquer custo", "Jesus também recusa, qualquer concessão para alcançar fosse que poder fosse", quando, perante a proposta “Tudo isto te darei, se te prostrares e me adorares”, respondeu: "Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele prestarás culto”. A terceira tentação, que D. Manuel Clemente referiu como "a tentação das aparências" e do poder baseado no "parecer" perante as multidões, Jesus também nega, ao responder: "Não tentarás o Senhor teu Deus".

Acerca do poder tal, como figurado nas tentações neste Evangelho, D. Manuel Clemente sublinhou que "não é esse o poder que Deus quer…", pois "o poder de Deus é o poder criador", "e, tal como em Jesus Cristo, o poder é o serviço". Destacou que "tudo aquilo que acontece na vida de Jesus", quando "Ele nos mostra como ultrapassar situações", que depois nós aclamamos como "Palavra da Salvação", é efetivamente "o que nos salva!".
Ao concluir, aconselhou a "negar o que Jesus negou, afirmar o que Jesus afirmou, em todas as circunstâncias da nossa vida, pessoal, familiar, social, eclesial, procurar fazer tudo como Jesus fez", dado que "com os olhos em Jesus temos os olhos em Deus, como nele se pode ver e também humanamente, entrever"; assim "temos também os olhos nos outros, como Deus nos faz ver", "como ocasião de servir, e de crescimento no serviço", "porque esse é realmente o único poder", pois "a única verdade é amar".
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