01 de maio, 2019

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Primeira visita temática à exposição Capela-Múndi estabeleceu relação entre obra literária setecentista e a mensagem de Fátima

Diretor da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra apresentou a obra literária “História Trágico-Marítima”, que inspirou a pintura homónima de Vieira da Silva, que a partir de hoje integra a exposição

 

Realizou-se, esta noite, a primeira de seis visitas temáticas à exposição temporária Capela-Múndi, que, durante este ano pastoral, vão aprofundar elementos da mostra comemorativa do centenário da Capelinha das Aparições. A visita de hoje ganhou especial relevo pela integração da peça “História Trágico-Marítima”, de Maria Helena Vieira da Silva, pertencente ao Museu da Fundação Calouste Gulbenkian, que colheu o nome na obra literária de Bernardo Gomes de Brito, também presente na exposição, e que foi o propósito desta primeira visita temática, sob a orientação de José Augusto Cardoso Bernardes, diretor da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra.

Com o propósito de justificar a inclusão da obra na exposição, o orador falou da natureza e do conteúdo do livro, destacando um dos episódios relatados. A propósito da natureza, José Augusto Cardoso Bernardes começou por esclarecer que a obra é uma compilação, da autoria de Bernardo Gomes de Brito, de doze relatos de naufrágios reais.

Após a análise de um dos relatos da obra, que foi publicada pela primeira vez no século XVIII (1735-36), o diretor da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra justificou a inclusão da mesma na exposição, estabelecendo uma relação de “conformidade” entre a “antropologia cristã, que lhe subjaz”, e o “apelo que Nossa Senhora deixou em Fátima”.

“A ‘História Trágico-Marítima’ mostra-nos que somos peregrinos, que enfrentam tempestades e que têm a memória de onde vêm e o sentido do encontro. O naufrágio atesta a necessidade de contar com a contingência das nossas forças e a moderação da nossa cobiça. É precisamente sobre este despojamento, temor a Deus e certeza no encontro, de que estes relatos de naufrágio falam, que Nossa Senhora vem alertar em Fátima”, concluiu.

Na concretização da relação de conformidade que estabeleceu, o orador terminou a apresentação com a leitura de um relato de naufrágio extraído da VI Memória da Irmã Lúcia, que alude a um episódio passado com o seu tio José, numa viagem ao Brasil em que, náufrago, se salva, invocando a proteção de Nossa Senhora do Rosário, regressando depois a Aljustrel, onde vem a construir a casa onde viriam a nascer os Pastorinhos.

O encontro terminou com um diálogo aberto entre a plateia e o orador, sobre o tema que deu mote à visita.

Para este ano estão previstas mais cinco visitas temáticas. A próxima, agendada para 5 de junho, tem por título “Imagens e histórias de devoção - a propósito de Agnus Dei, de Josefa d’Ayala” e será apresentada por Fernando António Batista Pereira, presidente do conselho diretivo da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.

Desde a sua inauguração, a exposição temporária Capela-Múndi foi visitada por mais de 88 mil pessoas.

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