08 de agosto, 2015
“Os migrantes devem tornar-se evangelizadores de uma Europa que carece da luz da fé” D. Manuel Linda D. Manuel Rodrigues Linda, Bispo das Forças Armadas e Segurança de Portugal, preside em Fátima à peregrinação internacional de 12 e 13 de agosto. As diferentes realidades que caraterizam a migração são sempre colocadas em relevo nesta peregrinação de agosto, quer pela elevada presença de comunidades e famílias migrantes em visita ao santuário, quer por coincidir com o momento em que a Igreja Portuguesa realiza a peregrinação anual do Migrante e do Refugiado a Fátima, iniciativa inserida na 43.ª Semana Nacional das Migrações, promovida pela Obra Católica Portuguesa das Migrações, organismo da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana. Em declarações ao Centro de Comunicação Social do Santuário de Fátima, D. Manuel Linda antecipa as principais ideias-chave que deixará aos peregrinos: “que a Igreja é, por natureza, migrante” e que “a Europa estaria a lutar contra a história se construísse muros de qualquer espécie para barrar a entrada de emigrantes”. Para D. Manuel Linda, “basta ver o exemplo de Abraão e a difusão do cristianismo após o martírio de Estevão devido, precisamente, às migrações dos cristãos por motivos de segurança”, para comprovar a natureza migrante da Igreja. Também hoje, refere, os migrantes “têm de sair das suas legítimas preocupações económicas e tornarem-se evangelizadores de uma Europa que carece da luz da fé”. Em sentido inverso, a sociedade e a Igreja da Europa deparam-se com a chegada de muitos migrantes, em grande número em situações de extrema gravidade humana e social. Para este bispo, o projeto de Deus deve estar acima de todos os interesses. “Quanto ao acolhimento dos migrantes na Europa, embora com critérios de racionalidade, é preciso lembrar-nos que Deus criou o mundo, como casa comum de todos os homens, e nós criamos as nações, enquanto linhas imaginárias de fronteiras, mas o projeto de Deus tem de se sobrepor aos regionalismos humanos”. Na mesma entrevista, D. Manuel Linda, que presidiu à peregrinação internacional aniversária de setembro de 2014 neste mesmo santuário, antecipa a principal intenção da oração que pretende fazer em Fátima: “rezar por todos os pobres do mundo que arriscam tudo para atingirem uma existência minimamente humana” e, de "uma forma especial, pelos africanos que intentam chegar à Europa através do Mediterrâneo e os do Médio Oriente que fogem às guerras fratricidas”. Para quem menospreza o valor da oração, D. Manuel Linda lembra que a oração pela paz “não é para mover ou demover o mundo ou os que mandam nele: é para que Deus lhes humanize o coração, para que sejam menos selvagens, é para se tornarem mais pessoas”. “De resto, rezar corresponde ao cumprimento de muitos pedidos de Nossa Senhora: Rezai, rezai muito. Com estas palavras ou outras semelhantes, o apelo à oração percorre todas as aparições de Fátima”, destaca. No próximo ano de 2016, a 24 de janeiro, D. Manuel Rodrigues Linda cumprirá dois anos como bispo do Ordinariato Castrense, diocese que se apresenta como aquela que, em Portugal, detém a missão de estar “ao serviço daqueles que vivem das armas mas que anseiam a paz do Senhor” (http://www.ecclesia.pt/castrense/). Convidado a fazer o balanço do trabalho desenvolvido, D. Manuel Linda começa por referir que “seria presunçoso dizer que já se transformou tudo, até porque o objetivo da Igreja, nas suas estruturas, é sempre o mesmo: que sejamos mais santos, isto é, mais amigos de Deus e dos outros irmãos e esta tarefa nunca está suficientemente cumprida”. Todo o modo, o tempo que leva de Bispo das Forças Armadas e de Segurança traduziu-se por um saldo que D. Manuel Linda avalia como “imensamente positivo” e que descreve como “de forte amizade e aceitação do bispo; da revalorização da figura dos capelães, pois cada vez me pedem mais… e eu cada vez tenho menos...; e de escuta da palavra do bispo”. Em outras áreas existem aspetos positivos a referir, nomeadamente, a “credibilização do dado da fé no meio militar ou nas Forças de Segurança e o sentido de proximidade da Igreja a sectores muitas vezes desprezados pela sociedade. “A avaliação que faço é extremamente positiva, quer sob o ponto de vista humano, pelo carinho que me dedicam, quer sob o ponto de vista da fé, pela assistência espiritual, que efetivamente se está a prestar. “Formamos um só corpo” (Ef 4, 4) é o tema da peregrinação de 12 e 13 de agosto no Santuário de Fátima. Cumprir-se-á o programa habitual das peregrinações aniversárias, com a abertura oficial da peregrinação marcada para as 18:30, na Capelinha das Aparições. LeopolDina Simões |