13 de janeiro, 2024

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“Precisamos de cultivar a esperança"

A religiosa, Serva de Nossa Senhora de Fátima, coordena o Centro
de Escuta do Santuário de Fátima e no podcast #fatimanoseculoXXI fala-nos do desejo de paz que todos, de uma forma individual ou coletiva, manifestam, do acolhimento como matriz do Santuário e da necessidade de procurar e encontrar Deus nas pequenas coisas da vida.

O mal sempre existiu e continuará a existir tal como os problemas das famílias, das pessoas e das sociedades, mas “Deus está na humanidade”, e os cristãos têm a “obrigação de O mostrar”, afirma a irmã Inês Vasconcelos, Serva de Nossa Senhora de Fátima e coordenadora do Centro de Escuta do Santuário de Fátima, desde fevereiro deste ano.

“Precisamos de cultivar a esperança. Faz-me impressão que me diga cristã, serva e batizada e diga que o mundo está perdido... Sim, eu vejo as notícias todas as manhãs, que há guerra, que há pessoas mortas, mas uma coisa é certa: Deus está na humanidade, e a certeza do amor de Deus, que me impele a fazer o bem à minha volta, diz-me que eu tenho de ser capaz de O mostrar”, afirma a religiosa no podcast #fatimanoseculoXXI.

“Deus não me pede para ir para a China, onde a congregação não está presente, mas pede-me para ser uma presença entusiasmada e delicada de Jesus. Precisamos de aquecer a relação humana para, depois, chegarmos ao divino. A esperança está ligada à alegria e à fé: sempre existiram o mal e o pecado, mas também sempre existiu a graça. “Não importa se são ‘40, 30 ou 10 justos na cidade’: eu tenho de ser um deles; esta é a minha responsabilidade como cristã e, por isso, tenho de comunicar esta Esperança, que é Deus que se fez menino e depois homem para habitar em nós”, refere sem deixar de lamentar que o mediatismo, o sobrevalor e a notícia de aspetos mais negativos do quotidiano tomem o espaço da palavra de Deus.

“Nós somos aquilo de que nos alimentamos e, de facto, é quase desanimador ouvir e ver um telejornal do princípio ao fim; faltam boas notícias! Se se apresentasse a família, que tem problemas, como fonte de amor, se se mostrasse como a confiança em Deus nos pode ajudar no sofrimento, no combate à mágoa e à perda, talvez ressignificássemos a esperança e a tornássemos mais visível”, esclarece ainda a religiosa que serviu durante mais de 20 anos a pastoral do cuidado na diocese de Coimbra, na capelania hospitalar dos Hospitais da Universidade de Coimbra.
“O meu maior desejo para o próximo ano é a paz para toda a humanidade e, depois, ligada a esta paz, crente ou não, que Deus se torne presente no meio da humanidade... Há uma necessidade de evangelização para os dias de hoje”, afirma a irmã Inês Vasconcelos.

Questionada sobre o papel do Santuário neste processo, a religiosa afirma: “Não precisamos de estar à espera de coisas extraordinárias. Extraordinárias foram as aparições, e agora temos de saber ler os sinais deste tempo e como esta mensagem celeste deixada por Nossa Senhora se concretiza no nosso dia a dia”.

“Deus não se manifestou de forma esplendorosa, manifestou-se na escuridão de uma noite — a escuridão da humanidade —, num estado pobre apenas ladeado do amor de Maria e José, e quem vai em sua busca, num primeiro momento, são os pastores. Temos de saber ler isto”, refere destacando a narrativa do Natal, um tempo que nos remete para a simplicidade.
“A esperança cristã é simples, exigente mas simples”, enfatiza. “Jesus pegou sempre no humano para chegar ao divino, e para mim esta é a grande preocupação: as pessoas têm de se encontrar consigo próprias — a dimensão humana — e, depois a partir daqui, tentar a cura, não com teorias mas com afeto”, salienta.

“Falta situarmo-nos no Evangelho e vermos como Jesus fazia: a vida simples... Usava a ternura, usava a mão para curar, para libertar. Da nossa parte, como cristãos, é isso que se espera, e o encontro há de acontecer”, diz ainda adentrando-se no tema do ano pastoral do Santuário de Fátima “Chamados ao Encontro”.

“Não se trata de teorias, mas de tentar mostrar este rosto amoroso de Deus para que ninguém se feche ao amor. Podemos tentar fechar-nos a muita coisa, que muitas vezes fazemos passar numa Igreja que parece não ser mãe, e que até parece distante, mas o que nunca podemos fazer é fechar-nos ao amor, a esta tentativa de mostrarmos o rosto de ternura deste Deus, que é próximo e que nos ama”.

“Enamora-te! Se nos detivermos e conhecermos Jesus, se O estudarmos, verificamos que Deus é amor e não é Direito Canónico, e é aqui que reside o acolhimento. Diria que esta é a palavra-chave da evangelização: acolher, acolher, acolher”, destaca sublinhando que é este o papel do Centro de Escuta do Santuário.

“É certo que precisamos de momentos de oração, de estarmos atentos às pessoas. Diria que a parte litúrgica está feita e bem feita; se calhar, talvez, precisasse de ser aqui e ali mais simples e descodificada, mas a chave está no acolhimento e, no momento próprio, fazer uma ponte para a mãe do Céu e para Deus”.

“A minha experiência diz-me que uma mãe quanto mais vê a fragilidade do filho mais cuida dele; por isso, quem tem estado no Centro de Escuta e no Santuário tem procurado fazer o acolhimento incondicional. No Centro da Escuta tem de estar a pessoa”, conclui a religiosa.

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