28 de julho, 2010
«O curso da história da Terra está também nas mãos de Deus» É de fé a razão principal pela qual os cristãos não rezam ou rezam pouco, afirma o Reitor do Santuário de Fátima. “Quando se não tem fé ou se tem uma fé muito fraca pode-se, de vez em quando, pedir a Deus para ter sorte, ou para não ter azar, pode-se pedir, porventura, por medo, mas, seguramente, por motivos que não são centrais dentro daquilo que é a compreensão da relação entre Deus e o seu povo”, afirmou o Padre Virgílio Antunes, durante a homilia da missa dominical de 25 de Julho, no Santuário de Fátima. O Reitor considera que “de facto, é difícil entender que rezamos para pedir ou para agradecer se, não temos fé, ou se não temos uma fé forte na presença de Deus na nossa vida. Não se entende porquê e para quê rezar se não acreditamos que estamos na presença de Deus, se não acreditamos que ele é o criador e senhor de tudo o que existe”. O sacerdote reconhece que “muita gente deixou de rezar”. “De tal modo, que a oração é hoje um privilégio, ou uma prerrogativa, de pequenos grupos humanos, o caso dos sacerdotes, dos religiosos, ou de alguns leigos que têm uma formação e uma consciência mais viva da sua fé”, considera. “Grande parte dos cristãos de hoje reduz a sua oração a uma acção de graças ocasional, alguns muito raramente, outros reduzem a sua oração à recitação de uma ou outra fórmula breve que apreenderam na catequese, outros, porventura, à participação numa missa festiva num ou noutro momento especial da sua vida pessoal ou da sua vida familiar”. A falta de tempo, a falta de ambiente familiar e mesmo o cansaço são alguns motivos apresentados pelos cristãos como causas para a redução da oração. Em todo o caso, para o Padre Virgílio Antunes outro motivo existe: “A razão mais profunda pela qual os cristãos de hoje rezam pouco parece ter a ver com a falta de uma segurança e de uma certeza acerca do lugar de Deus na sua vida, falta de certeza acerca da relação que existe entre Deus e nós, entre Deus e o mundo. É que nós tendemos hoje a desligar Deus do mundo e o mundo de Deus, tendemos a desligar Deus da própria criação, da própria humanidade. Alguns continuam a acreditar que ele existe, mas não sentem que a sua vida esteja nas Suas mãos, acreditam porventura que ele é todo-poderoso mas não acreditam que o curso dos acontecimentos e da história cá na Terra está também nas mãos de Deus. Acreditamos porventura que ele é a salvação, mas os nossos horizontes de salvação, reduzem-se à vida que aqui vivemos, sobre esta Terra”. O Reitor conclui que a oração faz falta às famílias e à sociedade de hoje, “como pão para a boca”. “Quem reza ao Deus Vivo insere-se sempre num dinamismo de conversão que o coloca numa tensão para o bem, para o amor e para a verdade, que vêm somente de Deus. Porque quem reza examina sempre a sua consciência à luz da sua fé e da Palavra de Deus, porque quem reza tem noção do bem e do mal, da justiça e da injustiça, sente os apelos de paz familiar e de paz social. De facto, não é possível conviver diariamente com Deus sem sentir os seus apelos de amor, que são a única realidade que pode mudar a vida de qualquer pessoa”. Também a mensagem de Fátima, exortou o Reitor, é um apelo à oração. “A nossa vinda a Fátima neste domingo há-de levar-nos, por isso, a intensificar a nossa fé e também a nossa oração. Recordamos que Nossa Senhora aqui pediu insistentemente aos Pastorinhos que rezassem o terço todos os dias, pela paz no mundo, pelo Santo Padre, pela conversão dos pecadores. Este pedido de Nossa Senhora tem de estar presente na nossa vida, como uma característica fundamental da nossa condição de cristãos”. LeopolDina Simões, Sala de Imprensa A homilia, na íntegra: # (Foto de Arquivo) Foto de Arquivo |