12 de agosto, 2024

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Por estes dias, há um novo jardim no Santuário de Fátima

A ornamentação floral concede uma beleza natural às celebrações das grandes peregrinações da Cova da Iria. Este 12 e 13 de agosto, as flores que adornam os espaços falam da Eucaristia, de uma tradição e do fim do verão.

 

A meio da manhã, do altar do Recinto de Oração já se sente a movimentação de peregrinos que chega à Cova da Iria para participar nas celebrações deste 12 e 13 de agosto. Ali, também se sente outra azáfama. Entre verduras, flores e esponjas florais, Manuela, Otília, Rosa, Dora e Conceição ornamentam o presbitério. Desde maio, esta equipa de funcionárias do Santuário de Fátima, responsável pelas ornamentações florais, conta com a ajuda de Diogo Figueiredo, um voluntário que está, desde maio, a dinamizar um workshop de ornamentação floral destinado às colaboradoras do Santuário de Fátima.

“Precisamos de uma pessoa assim, que saiba tudo”, afirma Manuela, ao apontar para o voluntário, que, no cimo de um escadote, termina um arranjo que se eleva pelo ambão. “Nós não somos especialistas, e ele, que estudou para isto, tem sido uma ajuda preciosa”, atesta.

A opinião do jovem de 27 anos, formado em organização de eventos e com formação em arte floral, é solicitada sem receio. “Diogo, achas que fica bem assim?”, pergunta Rosa, ao terminar um dos arranjos da ornamentação floral do Recinto de Oração que, nesta peregrinação de agosto, terá referências à Eucaristia, no lilás das rosas amnésia; à tradição da entrega do trigo pelos peregrinos, nas espigas de trigo; e também ao culminar da época estival.

“Como o agosto é o mês que liga o verão quente ao outono, usámos folhas castanhas de faia e espigas de trigo-selvagem”, pormenoriza Diogo, que as colheu diretamente do seu ambiente autóctone, na Serra da Estrela, de onde é natural, para reforçar a opção que tem sido assumida na ornamentação floral no Santuário de Fátima.

“Agora, tentamos recriar um estilo mais inglês ou francês, quase como aqueles quadros do barroco francês, onde eram pintadas misturas de flores campestres… Até porque, antigamente, quando se começou a fazer arranjos florais, as pessoas ornamentavam com o que tinham nos seus jardins e não compravam flores. No Santuário, são usadas flores compradas e oferecidas. Como até os peregrinos acabam por oferecer uma flor de cada nação, nós tentamos recriar uma espécie de jardim”, explica o voluntário, para justificar a mudança de um estilo de ornamentação formal para um estilo natural, que, apesar de parecer mais espontâneo, exige tanto ou mais esforço na disposição das flores.

“Tentamos agrupá-las num arranjo equilibrado, por cores, como se fosse um jardim natural, mas sem uma forma propriamente dita. A ideia é que tudo pareça mais orgânico e solto”, acrescenta, ao enumerar a diversidade floral ali presente: girassóis, jarros, antúrios, gladíolos, coroas imperiais, lisianthus, camomilas, espigas de trigo, cártamos, rosas amnésia, rosas inglesas e ranúnculos, que habitam entre diferentes tons de uma verdura igualmente diversa.

 

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Um trono em jeito de jardim

Muitos dos peregrinos que passam junto ao altar não resistem a tirar foto de um trabalho que, apesar de ainda não estar completo, já brota uma beleza incontornável, resultado de um trabalho dedicado e minucioso.

Os responsáveis pela ornamentação já ali estão desde as 8h00 e por ali vão continuar até meio da tarde, apenas com uma curta pausa para almoçar e para montar a ornamentação da Capelinha das Aparições, já trabalhada antecipadamente. O andor que vai transportar a imagem de Nossa Senhora também já está devidamente embelezado, um trabalho no qual Diogo gosta particularmente de colaborar.

“Em maio passado, pude ajudar na ornamentação do andor pela primeira vez e, no momento da procissão das velas, ao vê-lo descer o recinto, fartei-me de chorar de alegria… Neste serviço, sentimos que há também aqui obra do Espírito Santo, porque para fazermos algo tão bonito temos de estar inspirados”, diz o voluntário, ao constatar a mudança de estilo também no embelezamento do andor.

“Antes do Centenário das Aparições, o andor era enfeitado com cravos brancos; após o Centenário, usaram-se sobretudo rosas, para representar o Rosário; a partir de agora, procuramos colocar Nossa Senhora, que pareceu numa serra, no campo, num trono em jeito de jardim, num andor mais campestre, como se fosse uma seara, que, de certa maneira, acaba por simbolizar os diferentes povos que aqui vêm.”

Ao fim do dia, o trabalho de três dias estará concluído. Os espaços centrais desta peregrinação vão estar adornados em tons silvestres, a conceder uma beleza natural às celebrações, que serão vividas intensamente por todos os que aqui peregrinam. Os responsáveis pela ornamentação floral vão, enfim, constatar o seu trabalho a cumprir o propósito último, que, apesar de efémero, enche o olhar de quem o admira e a alma de quem o fez.

“Poder embelezar o Santuário de Fátima nestes dias é uma oportunidade única e, ao mesmo tempo, um trabalho duro, mas ao nível da fé é uma recompensa muito grande!”

 

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Terço
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