02 de março, 2019

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Pessoas com doenças raras peregrinaram a Fátima para descobrir alento no olhar singular de Deus

II Peregrinação Nacional das Pessoas com Doenças Raras juntou na Cova da Iria mais de uma centena de doentes e seus familiares

 

O mote para a II Peregrinação Nacional das Pessoas com Doenças Raras, que decorreu durante o dia de hoje no Santuário de Fátima, foi lançado, logo ao início do dia, durante a Missa das 11h00, na Basílica da Santíssima Trindade, pelo reitor do Santuário, numa saudação de acolhimento “muito especial” dirigida às mais de 100 pessoas que nela participaram: “São únicos! Únicos, no olhar da Mãe de Jesus!”.

Momentos antes da celebração, no adro da Basílica da Santíssima Trindade, onde se congregaram os participantes da peregrinação, Elisabete Almeida, que veio com um grupo de 15 pessoas ligadas à APOFEN – Associação Portuguesa de Fenilcetonúria, justificava a sua participação no aconchego e na paz que sente em Fátima.

“A paz e serenidade que experimentamos aqui ajuda-nos a colmatar as dificuldades que sentimos no nosso dia-a-dia”, explicava, ao falar da dieta específica que a doença genética de que padece lhe exige.

Vindos de várias partes do país, em nome individual ou em grupo, os participantes iam entrando na Basílica da Santíssima Trindade, onde lhes estavam reservados os lugares da frente.

Na homilia da Missa, que deu início à peregrinação, o padre Carlos Cabecinhas tomou as leituras proferidas e a devoção dos Primeiros Sábados – que hoje se cumpriu –, para, a partir do exemplo do Imaculado Coração de Maria, acentuar o simbolismo bíblico do coração nos seus significados de interioridade e unicidade.

“Assim como as nossas impressões digitais e a retina dos nossos olhos, também o nosso coração, aos olhos de Deus, é único e irrepetível, pois manifesta a nossa mais íntima e absoluta singularidade.”

O presidente da celebração lembrou o “apoio materno permanente de Nossa Senhora nas dificuldades da vida”, ao evocar o “refúgio e caminho” como Maria apresentou o Seu Imaculado Coração aos Pastorinhos, na Aparição de junho de 1917.

“Deixemos que Nossa Senhora seja, para cada um de nós, este refúgio e caminho, e descubramo-nos, também nós, únicos, no olhar da Mãe de Jesus”, exortou, no final da celebração.

 

O alento da “maternidade magoada de Maria”

É no exemplo de Nossa Senhora que Paula Deus e Isabel Matos, mães de filhas com doenças raras, procuram o alento diário, contavam à Sala de Imprensa do Santuário, à saída da celebração. Hoje, participaram nesta peregrinação, em nome individual, para “renovar as forças e a fé”, mas também vieram em grupo, com outros 25 elementos da ANPAR - Associação Nacional de Pais e Amigos Rett, que congrega familiares de doentes do síndrome de Rett, uma doença neurológica que afeta crianças do sexo feminino.

“A maternidade de Nossa Senhora é muito especial pelo seu exemplo de aceitação, que nos mostra que devemos, primeiro que tudo, aceitar a nossa realidade, sob o perigo de vivermos revoltados. Nossa Senhora aceitou o que Lhe foi dado e nós, seguindo-Lhe o exemplo, também aceitamos a nossa realidade, estando, assim, mais preparadas para enfrentar e ajudar as nossas filhas”, explicavam.

O programa da peregrinação seguiu, ao início da tarde, com uma catequese na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, num momento de escuta e interiorização da narrativa de Fátima, onde, a partir da experiência dos Pastorinhos – evocada através de relatos das “Memórias da Irmã Lúcia” –, os participantes foram interpelados a olhar o “colo maternal que Deus oferece em Fátima, através de Maria”.

Este é o segundo ano consecutivo que o Santuário convida as pessoas portadores de doenças raras e seus familiares a peregrinarem a Fátima. Aires Costa e a esposa, Jacinta Costa, quiseram voltar, depois da experiência do ano passado.

“Gostámos muito do que vivemos no ano passado. Este ano, há mais participantes, o que é muito bom para uma maior partilha”, dizia Aires Costa, ao sublinhar a importância de momentos como este, da fé, da família e dos amigos para enfrentar o quotidiano da doença de Machado-Joseph, que fragilizou a esposa ao ponto de a deixar numa cadeira de rodas.

Foi ao assumir-se como “lugar de assembleia onde a fragilidade humana ganha expressão de esperança” que o Santuário de Fátima tomou a iniciativa de promover esta peregrinação de pessoas com doenças raras, convocando os que delas padecem, seus familiares e amigos a se “abeirarem” da Cova da Iria como “lugar materno de conforto e de paz”.

No final do dia, centrando-se no “olhar único da Mãe de Jesus”, o padre José Nuno Silva, capelão e diretor do Departamento de Pastoral da Mensagem de Fátima, apontou precisamente para a "maternidade magoada" de Nossa Senhora, como alento para todos os que sofrem com doenças raras.

“A mágoa que Maria experimentou, ao acompanhar a vida do Seu Filho, é uma maternidade magoada, que Deus transforma em redenção. A mágoa da maternidade de Maria levou-A ao calvário, mas também A conduziu ao amanhecer da ressurreição”, concluiu o sacerdote, ao convidar os participantes a contemplar, em silêncio, o olhar de Maria, na Imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima que é venerada na Capelinha das Aparições.

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