16 de julho, 2023

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Peregrinos exortados a serem “semeadores do Evangelho da esperança e da alegria”

Na Missa deste domingo, o Cardeal D. António Marto desafiou os peregrinos a serem semeadores da Palavra através de “pequenos gestos” de fraternidade e perspetivou a JMJ Lisboa como uma “semente de esperança” que pode “ajudar a reavivar a fé” da Igreja e da sociedade.

 

Na homilia da Missa deste XV Domingo do Tempo Comum, o cardeal D. António Marto exortou os peregrinos, reunidos em assembleia no Recinto de Oração do Santuário de Fátima, a serem “semeadores do Evangelho da esperança e da alegria”. O bispo emérito de Leiria-Fátima sugeriu “pequenos gestos” em prol desta disposição e olhou para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que se realiza no próximo mês de agosto em Lisboa, como uma oportunidade para renovar a Igreja e o mundo.

A partir do Evangelho hoje proclamado, que apresenta a parábola do semeador e da semente, o prelado começou por justificar a opção de Jesus por esta narrativa figurada com o contexto de “desalento e desânimo” que experimentavam, então, os primeiros cristãos, devido ao decréscimo do entusiasmo no acolhimento da Palavra de Deus.

“Hoje, vivemos uma crise semelhante, que põe à prova a nossa fé. Em poucos anos, estamos a passar de uma sociedade profundamente religiosa para outra mais descrente e indiferente, onde se vão perdendo as referências mais elementares à fé cristã: na vida das pessoas, das famílias, da cultura e da sociedade”, constatou o presidente da celebração, ao questionar-se sobre a razão da Palavra de Deus parecer “não transformar” a humanidade e o mundo atual.

“Esta Palavra de Deus traz, em si, uma força interior, um poder de germinar vida nova e de dar frutos de vida, mas isso depende das situações do terreno e das diversas respostas”, constatou.

 

Quatro tipos de terreno: quatro disposições para acolher a Palavra de Deus

Num exercício de hermenêutica, o cardeal D. António Marto identificou “quatro tipos de terrenos” presentes na parábola do semeador e da semente, que apresentou como “quatro disposições interiores que se podem encontrar no coração das pessoas e em diferentes fazes da vida”. O “caminho do asfalto, duro e seco, símbolo do coração endurecido, impermeável e impenetrável, onde a Palavra não tem possibilidade de entrar”; o terreno pedregoso, símbolo de um coração onde a Palavra não consegue lançar raízes”; o “terreno de espinhos, símbolo do coração onde a Palavra, embora acolhida com entusiasmo, é sufocada por seduções ou distrações”; e, por fim, a “terra boa, onde a semente lança raízes, germina e dá frutos de vida, símbolo do coração aberto, atento e disponível a escutar, a meditar, rezar e pôr em prática a Palavra”.

“A escassez dos resultados da sementeira não depende da semente, nem do semeador, mas do tipo de terreno onde ela cai. Mas, mesmo no pecador mais empedernido, está oculto um terreno fértil, onde poderá entrar a Palavra de Deus, a seu tempo”, assegurou o prelado, lançando perguntas de reflexão e autoanálise à assembleia.

“Escuto a palavra de Deus com atenção e gosto, na celebração da Missa? Quais os impedimentos que esta Palavra encontra na minha vida?”, perguntou, ao propor um exercício de maior consciencialização do significado do triplo sinal da cruz, no momento da altura do Evangelho, e da bênção que o presidente faz, no final, com o Livro do Evangelho.

“O sinal da cruz na testa, na boca e no peito simboliza a disposição interior para que Deus faça entrar a Palavra na minha mente; na minha boca, para depois a anunciar; e no meu coração (…) e a bênção com o Livro do Evangelho simboliza a vida e a salvação que a Palavra oferece”, explicou.

 

“Estamos num tempo que é mais de sementeira do Evangelho que propriamente de colheita (...) não podemos desanimar!"

Na conclusão, o cardeal D. António Marto exortou os peregrinos a uma escuta atenta da Palavra de Deus, alertando para o facto de que cada cristão deve ser um “semeador do Evangelho da esperança e da alegria”, para se enfrentar o “esmorecimento da fé sentido que atualmente se sente nas comunidades cristãs”.

“Estamos num tempo que é mais de sementeira do Evangelho que propriamente de colheita. Não podemos esperar resultados da noite para o dia, mas não podemos desanimar. (…) na complexidade da vida de hoje, tão dispersa e, por vezes, desorientada, temos necessidade de semeadores que, por onde passam, semeiam o Evangelho com palavras e gestos de: ternura, compaixão e fraternidade. Semeadores de esperança e de paz, que curam feridas que doem… São sementes que geram nova humanidade”, afirmou, sugerindo “pequenos gestos” que concretizam esta atitude.

“Uma palavra sábia que dá luz a quem anda desorientado; um olhar amigo de atenção a quem se sente descartado; um sorriso acolhedor a quem está só; um sinal de proximidade e ajuda a quem está próximo do desespero; um raio de alegria num coração triste e desolado; uma partilha de dons materiais ou espirituais com o pobre, o carenciado e sofredor; um ambiente de paz onde há divisão e conflito”, exemplificou.

No final, o bispo emérito de leiria Fátima perspetiva a JMJ como uma “semente de esperança”, lançada por Deus na nossa sociedade e na nossa Igreja, que pode “ajudar a reavivar a fé”.

No início e no fim da celebração, o cardeal D. António Marto saudou “com particular afeto” os mensageiros do Movimento da Mensagem de Fátima (MMF), que hoje cumprem a sua 45.ª peregrinação à Cova da Iria.

“Tende sempre um sentido nobre e belo da vossa missão. Sois mensageiros de uma mensagem de graça e de misericórdia, de esperança e de paz”, disse aos membros do MMF.

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