06 de março, 2022
Peregrinos desafiados à conversão sob o escudo da Palavra de DeusD. António Augusto Azevedo convidou os peregrinos a encetar um caminho de deserto para descobrir o essencial, rumo a uma conversão que toma a Palavra de Deus para vencer as tentações que assolam as vidas e o mundo.
Na homilia da Missa deste primeiro Domingo da Quaresma, D. António Augusto Azevedo, bispo de Vila Real, convidou a assembleia reunida na Basílica da Santíssima Trindade a refletir sobre as tentações que afetam as suas vidas pessoais, perspetivando o tempo quaresmal como tempo de conversão. À luz do Evangelho deste domingo, que relata os 40 dias que Jesus se isolou no deserto, o prelado apresentou três tentações que proliferam no mundo de hoje e apresentou a Palavra de Deus como escudo derradeiro para as vencer. A partir da tentação feita a Jesus para transformar as pedras em pão, o prelado inferiu a tentação do materialismo atual. “Tantas vezes, reduzimos tudo à equação: o que é que posso ganhar, em que é que posso beneficiar? (…) Colocando como critério o nosso bem-estar e o nosso interesse. A vida do Homem não se reduz às coisas e ao seu bem-estar. Esta sociedade da abundância em que vivemos é, simultaneamente, uma sociedade onde há vidas e corações vazios, marcados pela solidão e carentes de amor, vida, esperança, sentido, e onde falta a Palavra de Deus.” Partindo da proposta que o diabo faz a Jesus para que se ajoelhe perante ele para dominar os reinos da terra, o bispo de Vila Real deduziu a “tentação insaciável” do poder, dos pequenos poderes das instituições e o desejo de dominar sobre os outros e sobre as sociedades e os povos. “Hoje, essa tentação envenena tantos raciocínios, usando métodos reprováveis que atropelam valores, regras, princípios e a dignidade do outro. A ânsia do poder é de todos os tempos, mas hoje tem expressões verdadeiramente desumanas, porque usam violência e não olham a meios para obter fins, causando sofrimento e morte.” Relembrando a proposta que o diabo faz a Jesus para que se lance do pináculo do tempo, confiando que os anjos o amparam, o presidente da celebração leu uma outra tentação atual: a de “perverter a própria essência da religião e do essencial da relação com Deus”. “Não podemos pôr Deus ao nosso serviço… Somos nós que nos colocamos ao serviço de Deus, (…) do Seu Reino e dos irmãos”, afirmou, ao lembrar outras tentações que habitam o mundo de hoje como: o comodismo, o egoísmo e os vícios. Na conclusão, D. António Augusto Azevedo apresentou a vitória derradeira de Jesus sobre as tentações como impulso para um caminho pessoal de conversão. “Depois daqueles 40 dias, Jesus venceu o espírito do mal e continuou o Seu caminho, bem mais forte. Neste tempo de pandemia, também nós fizemos um tempo de deserto que nos confrontou com tantas situações, limitações e fragilidades concretas da nossa vida. Devemos sair deste tempo mais fortes espiritualmente. Devemos, também, terminar este tempo quaresmal mais fortes e preparados para renovar a nossa fé pascal e batismal. Para vencermos as tentações que afetam a nossa vida, importa que a Palavra de Deus esteja na nossa mente e no nosso coração.” Na celebração participaram casais que estão reunidos este fim-de-semana em Fátima no 52º Encontro Peregrinação Nacional dos Centros de Preparação para o Matrimónio. Estiveram também presentes na Basílica da Santíssima Trindade o Ministro de Estado dos Negócios Estrangeiros do Brasil, Carlos França, e o futuro embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreira, que estão de visita oficial ao Santuário de Fátima. Esta tarde, às 15h30, a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima acolhe o primeiro Encontro na Basílica de 2021/22, onde o padre David Palatino, docente na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, vai apresentar uma reflexão assente na vida de S. Paulo. |