14 de fevereiro, 2021

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Peregrinos anseiam pelo regresso à Cova da Iria

As limitações de mobilidade que o mundo e o país conheceram, devido à pandemia da Covid19, impossibilitaram a habitual presença de muitos dos que, ano após ano, acorrem ao Santuário de Fátima

 

Uma das imagens mais emblemáticas da Cova da Iria são as multidões de peregrinos que, sobretudo de maio a outubro, ali congregam para uma moldura humana que é mundialmente reconhecível.  As limitações de mobilidade que o mundo e o país conheceram, devido à pandemia da Covid19, impossibilitaram a habitual presença de muitos dos que, ano após ano, acorrem ao Santuário de Fátima para rezar à Senhora do Rosário. Por estes dias, as contas são feitas na esperança de dias melhores, que possibilitem um regresso rápido e pleno à Cova da Iria.

Durante o primeiro confinamento de março de 2020, o Santuário de Fátima levou, através dos seus meios digitais, a Cova da Iria aos milhares de peregrinos que se viram impossibilitados de vir à Cova da Iria devido às limitações de mobilidade então impostas. Para os que peregrinam com regularidade aos pés da Virgem do Rosário esta proximidade possível apenas atenuou o desejo de poder voltar a estar presente em Fátima.

Depois de uma peregrinação de maio despida de peregrinos e de um verão que possibilitou um regresso tímido de alguns peregrinos, seguiu-se uma peregrinação aniversária de outubro com um Recinto de Oração limitado na sua lotação e, depois, um final de outono e inverno que trouxe um aumento da propagação do novo vírus e consequente confinamento.

 

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“Uma devoção muito grande”

A viverem um novo confinamento, a esperança dos que habitualmente peregrinam a Fátima reside, por agora, no cumprimento das limitações de mobilidade que permita, num futuro próximo, uma peregrinação plena a Fátima. É nesta expetativa que Isaura Ferreira se refugia.

“Em 2021, gostaria de voltar a Fátima, mais que não fosse no verão, para dar graças por estar bem de saúde. Em maio, acho que ainda será cedo para ir a pé, mas talvez já seja possível em outubro”, prevê esta peregrina de 72 anos de São Pedro do Sul, Viseu, que vai habitualmente à Cova da Iria três vezes por ano.

Em 2020, Isaura não pôde pisar o Recinto uma única vez, mas acompanhou as celebrações de Fátima através da página do Facebook do Santuário. Apesar de ajudar, “não é a mesma coisa”, diz.

“Ver o Santuário vazio na peregrinação de maio comoveu-me. Apesar de, naquele momento, estarmos ligados em oração, comecei a imaginar quantas pessoas gostariam de ali estar, incluindo eu, e a pensar nas pessoas que estariam em situação de dificuldade no mundo, por tudo o que estava a acontecer”, conta, ao expressar o que sente quando vem à Cova da Iria.

“Ir a Fátima é ter um bocadinho de Céu: pela oração, pelo silêncio e pela paz que ali encontro. Quando posso ir, rezo pela família e amigos e por todos os que sabem que lá vou e me pedem alguma intenção... Levo todas as intenções e deixo-as ali, junto a Nossa Senhora. É uma devoção muito grande!”

 

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Um dos primeiros lugares a ir

Foi também pelos meios de comunicação que o casal Glória e António Santos, que anualmente cumprem a sua peregrinação em maio e outubro, acompanharam as celebrações da primeira grande peregrinação de 2020.

“Na impossibilidade de não irmos, acompanhámos as celebrações pela televisão e acendemos a nossa vela. Foi um momento muito comovente, além da emoção de não estarmos lá”, conta o casal à Voz da Fátima.

Desde que António foi operado à coluna, há 14 anos, o ano passado foi o único que não foram em peregrinação a Fátima. Apesar de disporem de uma autocaravana, que lhes dá “bastante independência”, optaram por não ir por uma questão de responsabilidade.

“Os tempos são difíceis e há que ter responsabilidade. Enquanto católicos, devemos dar o exemplo. Claro que ficámos com pena de não cumprir a nossa peregrinação, mas Nossa Senhora acolhe-nos sempre e sabe o que nos vai no coração… A fé não se perde, quanto muito, fica mais intensa”, asseguram, ao perspetivarem o regresso consoante a evolução da situação pandémica.

“Este ano, ainda não definimos se vamos a pé ou não. Vai ser conforme a situação da pandemia, mas um dos primeiros lugares onde queremos ir será a Fátima, seguramente. Se para ficar ou ir e vir no próprio dia, logo se verá.”

 

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Enquanto o regresso não acontece, reza-se

As peregrinações a Fátima ainda não constam na agenda das paróquias de Fernão Ferro e Pinhal de Frades, da diocese de Setúbal, revela o pároco, padre Rui Simão, que, apesar da incerteza sobre o futuro próximo, constata a vontade da comunidade que lhe está confiada em regressar logo que possível à Cova da Iria.

“Este ano ainda não será o ano das grandes peregrinações, mas continuamos a rezar para que possam voltar a acontecer até ao final deste 2021”, diz o sacerdote, ao lembrar a dificuldade que foi o de decidir não cumprir este ato de fé, tão presente naquelas comunidades.

“Em 2020, não foi fácil gerir o querer e o poder. Na paróquia de Fernão Ferro, há um grupo de peregrinos que celebrou, em 2020, 20 anos de existência. Foi de forma natural que começou a sua preparação, como todos os anos, em janeiro, na vontade de querer celebrar esta data marcante com uma peregrinação a pé, em Maio, ao Santuário de Fátima, mas que, dadas as circunstâncias, teve de ser cancelada. Houve momentos de esperança, em que o querer falava mais alto, mas, no fim, venceu o poder, ou neste caso, o não-poder”, conta o pároco, ao assegurar a ligação próxima à Cova de Iria, que, nos tempos que correm, é saciada na esperança de um regresso e, enquanto este não acontece, através das redes de comunicação.

“Esta realidade também permitiu introduzir novos hábitos, como a possibilidade de estar, com mais frequência, em comunhão com o Santuário de Fátima, na oração do Terço. Na vida de tantos crentes, a oração do Terço vive-se de uma forma especial a partir de Fátima, tal como Nossa Senhora pediu aos Pastorinhos: ‘rezem o terço todos os dias’. Esta súplica de Maria é transversal a todas as aparições, de Maio a Outubro, e, como padre, não posso deixar de aprofundar este apelo à oração”.

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