11 de maio, 2023

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“Peregrinar é uma sensação que se tem e não se consegue dizer, e que cada indivíduo sente de uma forma diferente. Mas uma coisa que todos temos em comum é a emoção da chegada ao Santuário”

Milhares de peregrinos rumam à Cova da Iria, caminham vários dias, para chegarem junto da Mãe por ocasião da Peregrinação Internacional de maio

 

Os caminhos, as distâncias, as motivações, as condições são tão variadas quantos os peregrinos que se metem ao caminho com um objetivo comum: chegar a Fátima, aos pés de Nossa Senhora.

O ato de peregrinar e as peregrinações ocorrem desde os tempos mais remotos, mesmo nos denominados tempos primitivos em que prevaleciam as práticas ou ritos pagãos. Com os tempos, esta ação foi evoluindo e, hoje, independentemente da idade, da motivação, ou do caminho que se tome, peregrinar é cada vez mais uma prática comum.

A experiência de peregrinar à Cova da Iria, mesmo quando é feita em grupo, tem uma conotação profundamente individual, porque cada etapa acaba por ser um encontro de cada um consigo mesmo. Fátima, que começa por ser meta de chegada, acaba por se transformar em ponto de partida. Bruno Crespo é um claro exemplo. Em tempos foi peregrino de Fátima e, por meio das circunstâncias, hoje dá apoio aos peregrinos que rumam à Cova da Iria, oriundos da zona norte, onde também reside. Este ano, em conjunto com vários amigos, propuseram-se a fazer uma “ação em grande”. “Já é costume dar apoio a um grupo de peregrinos. Lembramo-nos de, em 2022, termos feito uma ação de suporte e de, durante um dia e uma noite, prestarmos apoio aos peregrinos com o fornecimento de alguns alimentos”, conta Bruno Crespo. Este ano, este grupo de amigos falou com várias empresas e conseguiu ajuda e colaboração de forma a prestar o apoio aos peregrinos durante uma semana na zona da Redinha, Pombal”.

“Eu também já fui a pé, e é uma zona em que eu considero que falta apoio; é uma etapa importante do caminho, e, por isso, decidimos reforçar o apoio aqui neste local”, explica. Este apoio permaneceu junto da tenda da Cruz Vermelha. Além das águas, frutas, bolachas, este grupo forneceu sandes de porco no espeto e música a quem ia passando. “Este apoio pretendeu estar disponível 24h para os peregrinos. Convidámos artistas com o intuito de animar alguns momentos, já que a música tem como objetivo ajudar a relaxar um bocadinho, para os peregrinos aproveitarem o momento e seguirem viagem.

A ida de Bruno Crespo a pé fica agendada para outubro, pois em maio o apoio aos peregrinos foi primordial.

A 5 de maio, orientados por cinco guias, o grupo “Peregrinos de Vila Nova de Famalicão”, caminhou até Fátima durante vários dias.

Marco Silva foi um dos responsáveis, e está envolvido neste projeto há 16 anos. Lembra que a primeira vez que peregrinou à Cova da Iria “foi para agradecer uma graça por motivos de saúde” e, a partir de então, começou a ajudar anualmente, “em jeito de promessa”.

Este ano, o grupo, composto por 100 peregrinos e 22 pessoas que trabalharam em toda organização logística, começou a ser preparado logo em janeiro; e cada detalhe foi tido em conta. “Cada peregrino tem um seguro de viagem, levamos um camião TIR com chuveiros, asseguramos o transporte de malas, garantimos as refeições com a ajuda de um grupo de cozinheiras, vão connosco enfermeiros, terapeutas, fisioterapeutas, e tudo tem de estar sincronizado”, explica Marco Silva.

Ajuda dos Bombeiros Famalicenses é essencial, como conta Patricia Ribeiro, outra guia do grupo, que colabora na organização da logística do grupo há sete anos.

“Comecei com uma brincadeira, numa conversa de café. Na altura, precisavam de um motorista para uma carrinha, ainda o grupo tinha 30 pessoas, e eu senti-me tão bem naquela envolvência, que nunca mais parei; é um bichinho que vai aumentando”, confessa.

Ao crescer o grupo, cresceu toda a logística inerente e, por exemplo, “a questão do seguro de grupo é cada vez mais importante e é algo de que não se prescinde, bem como a instalação dos chuveiros no camião; é uma forma de criar alguma autonomia no que toca à higiene. Levamos um forno para cozer pão, porque, para uma quantidade tão grande de pessoas, durante tantos dias, nem sempre há a facilidade de conseguir pão. Segue ainda uma carrinha frigorifica para acondicionar corretamente toda a alimentação”. Cada peregrino contribui com um valor monetário para ajudar a cobrir as despesas.

No ato da partida é entregue a cada pessoa o chamado “Kit do peregrino” que consiste num colete refletor, numa fita com a identificação de cada um e com os contactos da organização, um boné, um pin de identificação, um polo para participar nas celebrações no Santuário, toda a alimentação, apoio e dormidas.

A Associação “Eu Peregrino”, orientada por Fernando Jorge Rodrigues, desde 2009, começou após uma peregrinação a Fátima. Na altura, o grupo conheceu um sacerdote que era guia de peregrinos a pé e decidiu fazer o caminho; nunca mais pararam e vêm anualmente a pé até à Cova da Iria. “Inicialmente fomos inseridos num outro grupo, mas, entretanto, fomo-nos apercebendo das dificuldades sentidas em gerir um grupo e, naturalmente, surgiu esta associação”, explica Fernando Jorge Rodrigues. Atualmente são 22 as pessoas que trabalham para que os peregrinos possam ter todas as condições e apoio ao longo da peregrinação. “Vamos sempre de autocarro, em grupo, a Fátima no mês de outubro, e os trabalhos para preparar a peregrinação começam em dezembro”. Por exemplo, este ano, além dos 100 peregrinos a pé, contaram com uma unidade móvel que os acompanhou, com dois enfermeiros e os bombeiros a darem apoio.

“Tudo isto tem de ser acautelado com tempo, para podermos contactar os espaços que, de alguma forma, nos apoiam com alguns recursos, sejam entidades civis ou mesmo amigos, que, de alguma forma, se associam e prestam algum tipo de suporte”, lembra Fernando Jorge Rodrigues.

É também necessário contactar com tempo os locais onde acontecem as pernoitas para um grupo de tamanha dimensão. Este grupo partiu a 6 de maio de Moimenta da Beira e contou com a missa diária. “Tentamos escolher partes do trajeto com menos movimento para ir rezando o terço”, conta e revela ainda que, “enquanto guias, cabe-nos a tarefa de muitas vezes irmos percebendo os estados de alma, em pequenos momentos, por exemplo, durante as refeições, e ter uma palavra de conforto e ânimo, mas, acima de tudo, é importante o silêncio que advém da escuta”.

“Cada peregrinação é única, seja pelo estado físico ou emocional”, reitera Fernando Jorge Rodrigues, dizendo ainda que “Peregrinar é uma sensação que se tem e que não se consegue dizer, e cada indivíduo sente a peregrinação de uma forma diferente; e quem está envolvido nos trabalhos sente ainda de um outro modo, mas uma coisa que todos temos em comum é a emoção da chegada ao Santuário; sentimos, mas não conseguimos explicar as emoções”.

A emoção é muitas vezes o compasso que marca o passo destas pessoas que, tantas vezes, deixam as suas casas por uns dias e fazem do seu coração morada, para viverem um momento único e pessoal. Apesar de tantas vezes as dores físicas se confundirem com as dores espirituais, chegar a Fátima, ao colo da Mãe, é a meta comum a todos os peregrinos.

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