29 de julho, 2006


 
Presidente: Cardeal James Francis Stafford, Penitenciário-Mor da Penitenciaria Apostólica
Tema: "Crescei e multiplicai-vos" (Gen 1,28)
13 de Julho de 1917 - Esta aparição de Nossa Senhora a Lúcia, Francisco e  Jacinta ficou marcada pela promessa de Nossa Senhora de em Outubro fazer um milagre "que todos hão-de ver, para acreditar" e pela visão do inferno, mostrada aos três videntes, após a Virgem ter proferido as palavras:
"Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes, em especial se fizerdes algum sacrifício: Ó Jesus é por Vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coracão de Maria".
Nossa Senhora anunciou de seguida que Deus queria estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria e que a guerra iria acabar.
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Cardeal Stafford concedeu bênção apostólica com indulgência plenária
O Cardeal James Francis Stafford, Penitenciário-Mor da Penitenciaria Apostólica presidiu a 12 e 13 de Julho à Peregrinação Internacional de Julho,  celebrativa dos 89 anos da terceira aparição de Nossa Senhora em Fátima, a 13 de Julho de 1917.
No final da Eucaristia do dia 13 de Julho, na qual participaram mais de dez mil peregrinos, o Cardeal Stafford concedeu uma bênção apostólica com indulgência plenária aos peregrinos, sob as condições prescritas: para além  da exclusão de qualquer  afecto ao pecado, a confissão, a comunhão eucarística e a oração pelas intenções do Papa.
 
Homilia do Cardeal James Francis Stafford,
proferida durante a Eucaristia, a 13 de Julho de 2006:
A espiritualidade do homem e da mulher casados significa que ambos vivem de acordo com o Espírito Santo. A minha homilia vai explicar em que consiste esta vida conjugal de acordo com o Espírito. Terá três partes: 1) a espiritualidade conjugal fundamenta-se no mistério do Verbo Encarnado, Jesus Cristo, o Esposo da Igreja; 2) o arquétipo da espiritualidade conjugal encontra-se na relação entre Cristo e a Igreja; 3) a realização concreta deste mistério encontra-se, por exemplo, no matrimónio do primeiro casal a ser beatificado pela Igreja: Luigi e Maria Quattrochi.
1) A espiritualidade conjugal fundamenta-se no mistério do Verbo Encarnado, Jesus Cristo, o Esposo da Igreja. A substância da primeira leitura, tirada do Livro do Génesis, repete-se e aprofunda-se na leitura tirada da Epístola aos Efésios: “E os dois serão uma só carne’. Este é um profundo mistério, e o que eu digo é que se refere a Cristo e à Igreja”. Aqui, São Paulo esclarece o mistério da comunhão de Cristo com os ‘santos’ da Igreja por meio de um sinal nupcial: o ser ‘uma só carne’ do homem e da mulher. Ele mostra assim que a nupcialidade é uma característica essencial do amor. E insiste em que o mistério da Encarnação encerra uma lógica especial. Quer dizer que o Deus Invisível Se torna Visível através de uma genuína manifestação de Si Mesmo no mundo do homem e em sua história. O Primeiro Prefácio de Natal transmite lindamente a representação que Deus faz de Si Mesmo na Encarnação: “Por meio do mistério do Verbo Encarnado, a nova luz da Vossa claridade brilhou aos olhos da nossa mente, para que, conhecendo nós Deus de modo visível, possamos ser arrebatados por este meio para o amor de coisas invisíveis”.
 2) O arquétipo da espiritualidade conjugal encontra-se na relação entre Cristo e a Igreja. São Paulo usa a imagem do amor de esposos em Génesis para ilustrar “o plano do mistério escondido, durante séculos, em Deus” (Ef.3-9). Aqui ele fala do sacramento nupcial entre Cristo e a Sua Igreja. Cristo é o Esposo e a Igreja a Esposa. O mistério da lógica nupcial de Jesus e da Igreja presume que o homem e a mulher cristãos juntos em matrimónio sacramental, como marido e mulher, estão inseridos numa relação distinta e pessoal um com o outro. Nos escritos proféticos, na literatura hebraica sobre a sabedoria e nos salmos, a caracterização de Israel como ‘esposa’ manteve-se principalmente como imagem ética e jurídica.
 No Novo Testamento esta caracterização é, acima de tudo, radicalmente alterada pela Encarnação do Verbo: o carácter de ‘esposa’ é agora baseado inteiramente no ‘ser uma só carne’ do Verbo Encarnado (“Uma só pessoa em cada uma das naturezas. Una persona in utraque natura”-Santo Agostinho). Santo Agostinho insiste em que a natureza humana foi assumida pela união pessoal com o Verbo Eterno no mesmo instante em que foi criada. A Sua natureza humana foi criada pela própria assunção (ipsa assumptione) de tal modo que “desde que Ele começou a ser homem, nenhuma outra coisa a não ser o Filho de Deus começou a ser homem”.
 Assim a Igreja/Esposa encontra a sua origem e identidade na natureza humana de Cristo. Porque o Verbo se identifica com o servo humano cuja natureza Ele assumiu, o sujeito ‘Igreja/Esposa’, juntamente com todos os baptizados, que recebem cada um a revelação de um modo próprio a cada um, deve necessariamente realizar uma encarnação análoga à Encarnação do Verbo de Deus.
 Na primeira leitura ouvimos que no princípio da história humana existiu uma criatura de uma complementaridade única: um homem e uma mulher. Assim o dado original humano não era a identidade, mas a relação. Quando Adão foi apresentado a Eva, ele viu beleza, verdade e bondade nela, e por isso cantou a primeira canção de amor: “Esta é finalmente osso dos meus ossos e carne da minha carne; ela chamar-se-á Mulher porque foi tirada do Homem”.
 Por isso o homem não se deve resignar a um universo surdo à sua música e indiferente aos seus anseios, aos seus sofrimentos ou mesmo aos seus crimes. Esse universo não pode ser definido em termos de progresso material, uma vez que estamos a descobrir, para nossa tristeza e desalento, que o preço do progresso é a morte do espírito. O mundo não é simples fruto da evolução; não se pode basear na sobrevivência do mais forte, na economia globalizada. O universo não é tosco e sem esperança; não se parece mais com um campo de batalha do que com uma orquestra. O facto de haver um homem e uma mulher desde o princípio basta para crer na visão nupcial do fim que realmente é o princípio: “Eu vi a cidade santa, a Nova Jerusalém, que descia do Céu de junto de Deus, ataviada como esposa adornada para o seu esposo, e ouvi uma voz alta que vinha do trono e dizia: ‘Eis a morada de Deus entre os homens’” (Apoc.21,2-3).
 3) A realização concreta deste mistério encontra-se, por exemplo, no matrimónio do primeiro casal a ser formalmente beatificado pela Igreja: Luigi e Maria Quattrocchi. Vemos esta realidade do significado do começo realizado no matrimónio cristão. Estou a pensar na bondade, verdade e beleza reveladas na relação entre o Beato Luigi Beltrame Quattrocchi e a Beata Maria Beltrame Quattrocchi. Em 2001 a Igreja Católica Romana beatificou o primeiro casal, em toda a sua história. A Igreja achou que o casal Quattrocchi era uma extraordinária testemunha do profundo mistério que é o sacramento do matrimónio. E assim este casal italiano dos nossos tempos foi promovido ao grau de “beato” – apenas a um passo formal da santidade – depois de ter sido julgado modelo da ‘espiritualidade cristã’, vivendo heroicamente o matrimónio e a família.
 
 O Papa João Paulo II declarou aquando da sua beatificação em 2001: “Queridas famílias, hoje temos a singular confirmação de que o caminho da santidade, seguido juntos como casal, é possível, é lindo, é extraordinariamente frutuoso e é fundamental para o bem da família, da Igreja e da sociedade”. Ele proferiu palavras especiais de encorajamento para os casais que experimentam o drama da separação, a doença ou a morte dum filho. O único casal antes deste a quem foi dado tal honra foram os mártires Aquila e Prisca, os quais se tornaram santos nos primórdios do Cristianismo, antes de ser estabelecido o processo formal de beatificação.
 Os esposos Beltrame Quattrocchi nasceram ambos na década de 1880/89. Casaram-se em 1905 e passaram toda a sua vida em Roma. Tiveram quatro filhos, dos quais três se tornaram religiosos. Os dois rapazes foram ordenados sacerdotes. Uma das raparigas fez-se freira. Os dois sacerdotes concelebraram com o Sumo Pontífice a Missa de beatificação de seus pais. O quarto filho também participou na Santa Missa. Se o quarto filho, o mais novo, tivesse entrado para a vida religiosa, Luigi e Maria haviam decidido que eles mesmos entrariam para a vida consagrada. Houve jornais que relataram que os filhos disseram que o casal decidira, ao fim de vinte anos, dormir em camas separadas, vivendo como irmãos os restantes 26 anos.
 Luigi morreu em 1951; era advogado e trabalhou no governo e em bancos, sendo ainda muito activo em vários grupos católicos. Em 1939, Dino Grandi, o ministro italiano da Justiça no regime de Mussolini, ofereceu a Luigi o alto cargo de Procurador Geral do Estado Italiano, mas ele recusou, para evitar ficar associado ao governo fascista.
 A esposa morreu em 1965; era professora e escritora. Durante a Primeira Guerra Mundial confortou soldados. Mais tarde estudou enfermagem e acompanhava inválidos em peregrinação a santuários, como Lourdes, França.
 “A nossa família era uma família normal que tentava viver os diversos relacionamentos num plano de alta espiritualidade”, disse Dom Tarcísio Beltrame Quattrocchi, um dos quatro filhos do casal, numa entrevista. O casal, ao princípio, apoiava o regime do ditador Mussolini, mas mais tarde rejeitou o fascismo e abriu as portas de sua casa a membros da resistência. Por vezes emprestava as vestes clericais de seus filhos sacerdotes para ajudar esses membros da resistência a evitarem captura pelos ocupantes Nazis. Registos detalhados das beatificações só começaram a ser mantidos há cinco séculos. Luigi e Maria Beltrame Quattrocchi tornaram-se, respectivamente, no 1.273º e 1.274º católicos a serem beatificados pelo Sumo Pontífice.
 À luz do que fica aqui dito, eu desejo mencionar explicitamente aquela característica do matrimónio cristão que é, em certo sentido, como escreveu o Cardeal Angelo Scola, fundamental para o laço matrimonial que une homem e mulher no vínculo nupcial: a sua indissolubilidade. Uma das visões de Ezequiel (37-15 & ss) tem sido fundamental para o meu entendimento do matrimónio. Trata-se do sinal dos paus que Deus torna milagrosamente num só. Esta acção divina significa o milagre que Deus opera ao unir de novo Israel e Judá numa só nação. Durante décadas esta visão tem sido para mim a interpretação fundamental da comunhão indissolúvel de marido e mulher, concedida por Deus no matrimónio. O matrimónio sacramental é indissolúvel apenas porque é participação na total e irrevogável comunhão de Jesus, o Esposo, com a Igreja, Sua Esposa.
 Para o homem e a mulher, que se unem em matrimónio cristão, as implicações são claras. Ambos devem empenhar-se em transfigurar aquilo que ao princípio é primariamente um amor de apego físico, o eros, naquela espécie de amor que reconhece ser agarrado por e transformado no amor ‘agape’ de Deus, aquele amor que se esvazia de si mesmo para receber o outro.
 E vou terminar com aquele magnífico entendimento do que é realmente o matrimónio sacramental manifestado pelo Papa Bento XVI. Escreve ele em sua Encíclica ‘Deus Caritas Est’:”Do ponto de vista da criação, o ‘eros’ aponta ao homem o caminho do matrimónio, um vínculo único e definitivo; assim e só assim é que ele cumpre o seu mais profundo desígnio. Correspondendo a um Deus único temos um matrimónio monógamo. O matrimónio baseado num amor exclusivo e definitivo torna-se o ícone da relação entre Deus e Seu povo e vice-versa. O modo como Deus ama torna-se a medida do amor humano”(12).
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Homilia do Cardeal James Francis Stafford,
proferida durante a Eucaristia da vigília nocturna de oração, a 12 de Julho de 2006:



O tema catequético do Santuário de Fátima este ano é “ Sexto Mandamento: Guardar Castidade”. O sexto mandamento chama os baptizados à prática da virtude da pureza. O mandamento abrange toda a sexualidade humana e está intimamente relacionado com o nono mandamento, o qual trata directamente da purificação do coração. Ambos os mandamentos insistem no facto de a continência absoluta ser obrigatória para aqueles que não estão unidos por laços de um matrimónio legítimo.
Eu irei explorar algo de unicamente cristão no que respeita à virtude da pureza. É a mais misteriosa das virtudes. Os cristãos nunca teriam sequer pensado nela se não tivessem olhado em frente para a ressurreição do corpo.
Em 1956, Flannery O’Connor, escritora católica do Sul dos Estados Unidos, desenvolveu este ponto de vista. Ela partilhou, em carta a uma amiga sua, os seus notáveis pontos de vista sobre a virtude da pureza. Para ela, pureza significava castidade não só para os solteiros, mas também para os casados. Pureza – afirmava ela – envolve algo mais que simples renúncia: “Eu não presumo que renúncia signifique submissão, nem sequer que renúncia seja um bem em si mesmo. Renunciamos sempre a um bem menor para alcançarmos um bem maior; o contrário é que é pecado”. E ela continua, admoestando as pessoas a não se vangloriarem da sua pureza: “E, nesta linha de pensamento, parece-me que a expressão ‘pureza ingénua’ é uma contradição de termos. Não acho que pureza seja mera inocência; não me parece que os bebés e as pessoas com deficiência mental a possuam. Eu acho que é algo que adquirimos com a prática ou com a Graça de Deus, de maneira que nunca se pode considerar ingénua (inocente). Em questão de pureza nunca podemos ser nós a julgarmo-nos a nós mesmos e muito menos qualquer outra pessoa. Quem se julga puro seguramente que não o é”. Nesta última afirmação, a Srª O’Connor apoiava-se aqui no ensinamento mais alargado de São Paulo, quando diz: “Por isso, todo aquele que pensa estar de pé tome cautela, não caia” (1 Cor.10,12). E, noutra passagem, São Paulo escreveu de modo semelhante: “Se alguém acha que é alguém, sendo nada, engana-se a si mesmo” (Gal.6,3).
Muitos daqueles que ainda se encontram influenciados pelas teorias mecanicistas do século XIX acham que os ensinamentos da Igreja no que respeita à virtude são horríveis e de modo especial rejeitam os seus ensinamentos no que toca às virtudes da castidade e da pureza. Zombam da observância do sexto mandamento como sendo causa de perturbações emocionais, afirmando mesmo ser completamente repugnante e contra a natureza. Na sua vigorosa defesa da virtude da pureza, Flannery O’Connor revela a sua profunda compreensão da fé e da imitação de Paulo de Tarso, que por sua vez imita Jesus Cristo (1 Tes.4,1 e ss). Ela defende com rigor a sua própria convicção de que a vida evangélica de virtude é inseparável do âmago da fé cristã. Em carta de 1955, ela revela as profundezas da sua fé ao alicerçar, corajosa e brilhantemente, as origens da virtude da pureza na ressurreição do corpo: Para mim, é o nascimento de uma Virgem, a Encarnação, e a Ressurreição, que são as verdadeiras leis da carne e do físico. Morte, apodrecimento e destruição significam a suspensão destas leis. Espanta-me sempre a ênfase posta pela Igreja no corpo. Não é a alma – diz ela – que há-de ressuscitar, mas sim o corpo, uma vez glorificado. Eu sempre pensei que a pureza era a mais misteriosa das virtudes, mas vem-me ao pensamento que nunca teria entrado na cabeça do homem aceitar a pureza se não ansiássemos pela ressurreição do corpo, que será carne e espírito unidos em paz do mesmo modo que se deu em Cristo. A Ressurreição de Cristo parece ser o ponto alto da Lei Natural...”
A Srª O’Connor está aqui a dizer que é fundamentalmente a lembrança do Mistério Pascal de Cristo e do baptismo de cada um aquilo que fornece a fundação e a motivação para a prática da virtude da pureza e de todas as outras virtudes. São Paulo ensinou exactamente a mesma norma quando escreveu: “Finalmente, irmãos, nós vos suplicamos e exortamos no Senhor Jesus que, do mesmo modo que aprendestes de nós como deveis viver e agradar a Deus, o que estais precisamente fazendo, assim também procurai fazê-lo cada dia mais e mais... Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação; que eviteis a impureza” (1 Tes.4-1,3). Em todo o Novo Testamento a prática da virtude era baseada na manifestação do ‘escathon’, isto é, na obra de salvação de Jesus pela Sua Morte e Ressurreição.
A leitura que ouvimos esta noite, tirada da Epístola aos Hebreus, fala-nos das virtudes que devem formar as relações entre cristãos. O autor enumera as seguintes formas de conduta moral cristã: os baptizados devem amar-se uns aos outros, ser acolhedores, visitar os presos e os maltratados. Por fim, o autor sublinha o tema catequético escolhido para o ano 2006 no Santuário de Fátima e acima mencionado: “Sexto Mandamento: Guardar Castidade”. Ele desenvolve em que consiste a pureza matrimonial: “Honrai todos o matrimónio e não permitais que o leito matrimonial seja conspurcado; pois Deus julgará todo aquele que pratica a imoralidade e o adultério”.
O autor da Epístola aos Hebreus colocou estas exortações morais no âmbito de uma nova e total forma de vida em que a procura humana foi forjada sob a tutela da fé no Deus de Jesus Cristo. Ele apresenta a parte moral da sua epístola proclamando a unidade indivisível de fé e vida: “Por isso, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, deixemos de lado todo o peso, todo o pecado que se agarra a nós tão intimamente, e corramos com perseverança aquela corrida que se nos apresenta diante de nós, com os olhos fixos em Jesus, o pioneiro e aperfeiçoador da nossa fé, o Qual, por amor àquela alegria que Lhe era proposta, suportou a cruz, desprezando o opróbrio, e agora está sentado à direita do trono de Deus” (Heb.12,1-2).
A inviolabilidade da castidade matrimonial é do mesmo modo um proeminente tema na Igreja primitiva. S. Inácio de Antioquia escreve a S. Policarpo: “Diz a minhas irmãs que amem o Senhor e que estejam contentes com seus maridos em corpo e espírito. Do mesmo modo exorta também meus irmãos em nome de Jesus Cristo a amarem suas esposas como o Senhor ama a Igreja” (5).
S. Inácio aconselha a virtude da virgindade ao mesmo tempo que admoesta fortemente a que não se alardeie dela: “Se alguém é capaz de guardar castidade em honra da carne do Senhor, que a guarde sem disso se vangloriar. Porque, se se vangloriar, está perdido; e, se alguém, a não ser o bispo, souber disso, então está arruinado”. S. Inácio está aplicando aqui a importância dada por Jesus à maneira silenciosa como os cristãos devem abordar as várias práticas ascéticas, tais como a oração, o jejum e a esmola: “Mas, quando deres esmola, não deixes que a tua esquerda conheça o que faz a tua direita, a fim de que a tua esmola permaneça em segredo; e assim o teu Pai que vê em segredo te recompensará” (Mt. 6-4).
Não restam dúvidas de que S. Inácio compreendeu que doutrina cristã e castidade matrimonial são mutuamente interdependentes. Ele usa o termo politicamente incorrecto ‘cristão’ na sua carta a S. Policarpo, como aliás o faz em outras. Desde o tempo do Imperador Adriano que o Direito Romano usava o termo ‘cristãos’ para designar membros do bando de conspiradores de Cristo contra o Estado. Ser cristão era um crime contra o Estado, punível com a morte. Os cristãos eram considerados criminosos traidores. Nas suas cartas, S. Inácio usa o termo com ironia teológica. De facto, associação com Cristo significa participação, por meio do baptismo, na morte de Cristo e, por meio da morte, na Sua vida. Cristãos casados – dizia S. Inácio – fazem seu o modo de viver e de morrer de Jesus. O termo legal romano ‘cristão’ significava ironicamente que tal pessoa estava envolvida numa associação com Cristo. E assim o Direito Penal Romano exprimia exactamente esse significado do termo ‘cristão’: a vocação cristã era punível com a morte precisamente porque significava participação na ‘con-spiratio’ do Espírito de Jesus Cristo.
Eu recordo o quão profundamente me afectou a canonização, no dia 24 de Junho de 1950, da jovem virgem-mártir Maria Goretti. Presentes na Praça de São Pedro naquela ocasião encontravam-se a mãe dela e o seu assassino, Alessandro Serenelli. Ao tempo do seu martírio em defesa de sua pureza, eu tinha 17 anos de idade. O seu testemunho de pureza e coragem tornou-se a estrela polar da minha geração.
O seu martírio começou a 5 de Julho de 1902. A família do seu atacante partilhava a mesma casa com a família Goretti. Situava-se por cima de um velho palheiro numa zona de pobres lavradores, os pântanos Pontine, a Sul de Roma. O seu atacante, Alessandro, tinha vinte anos de idade na altura do ataque contra Maria de 12 anos. Ele testemunhou mais tarde que Maria apelou a que ele parasse com o ataque para salvação de sua alma e que não cometesse tão grave pecado. Antes de morrer no dia seguinte das facadas infligidas, ela perdoou-lhe e rezou para que Deus lhe perdoasse também.
Como Flannery O’Connor, S. Maria Goretti, cuja memória a Igreja acaba de celebrar no dia 6 de Julho, percebeu que a pureza está intimamente associada à dignidade do corpo humano. Ela estava consciente de que a Igreja ensinava que não era a alma mas o corpo que havia de ressuscitar glorioso. Em união com a Igreja ela professava todos os domingos: “Eu creio na ressurreição da carne (do corpo)”. Ela deu testemunho deste mistério: que a Encarnação e Ressurreição de Jesus constituem as verdadeiras leis da natureza, da carne e do físico.
Santa Maria Goretti, rogai por nós!
Maria, Mãe Castíssima, rogai por nós.
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Outros textos de Arquivo/Informação:
Informação da Associação de Servitas de Nossa Senhora:
Ás 13h00 do dia 13 de Junho
- Admissão de Doentes para a bênção: 106
- Posto de Socorros: 94
- Confissões: 888
- Lava pés: 98
 
Prestaram serviço 91 servitas e 15 escuteiros.
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Cardeal James Francis Stafford em entrevista:
“Fátima é um local de Deus”
Em entrevista à Sala de Imprensa do Santuário de Fátima, ao final da manhã de 12 de Julho, o Cardeal James Francis Stafford, que preside à Peregrinação Internacional de Julho, sublinhou a alegria por estar de novo, pela terceira vez, em visita a este Santuário mariano.
Para o Cardeal Penitenciário-Mor da Penitenciaria Apostólica, “Fátima é um dos mais privilegiados locais do mundo porque fala dos homens e das suas necessidades da misericórdia de Deus. Fátima é acima de tudo um lugar de espiritualidade, um lugar de Deus, mas, para aceitar a misericórdia de Deus, os devotos sabem que devem converter-se e praticar a penitência” e é aí, considera este cardeal norte-americano, que reside a força da mensagem de Fátima, neste apelo à conversão.
“A mensagem de Fátima é vivida pelos peregrinos portugueses, e também sei que pelos italianos. Eles compreendem, estão realísticos do sofrimento, das situações graves do mundo. Conhecem-se e sabem que têm necessidade de Deus e de pedir perdão a Deus, com actos de reconciliação e penitência. Eles ouvem e reconhecem que a mensagem de Fátima lhes fala sobre a sua identidade como pessoas e como pecadores”, refere o Cardeal Stafford, que visitou Fátima pela primeira vez em 1955, era ainda um jovem seminarista. 
 Após a primeira visita a Fátima, D. James Stafford regressaria a este Santuário em 2003, já como Cardeal, mas na qualidade de presidente do Conselho Pontifício para os Leigos, onde presidiu à Peregrinação Internacional Aniversária de Julho.
Questionado sobre a actualidade da mensagem de Fátima, o Cardeal Stafford considera que esta se mantém actual porque “este novo século se mantém irreal, é um mundo sem a verdadeira resolução dos conflitos. Não tendo conseguido o mundo verdadeiro, o homem criou e cria o mundo dos sonhos, um mundo onde o homem julga que pode criar a sua verdadeira felicidade, sem Deus. Os peregrinos sabem que é preciso combater esta essência da secularização, que é perigosíssima”.
“Maria, Nossa Senhora de Fátima é hodigatria, é quem aponta o caminho, é o caminho que nos leva a Jesus”, acrescenta.
D. Francis Stafford presidirá à Eucaristia desta noite, às 22h30. Para a homilia, o Cardeal James Stafford prepara uma reflexão sobre o tema anual proposto pelo Santuário de Fátima aos peregrinos «Guardar Castidade».
“O imperativo da secularização (no tema da castidade) é afirmar que a Igreja quer o sofrimento e a repressão, mas a Igreja insiste que é baseada na ressurreição do corpo que a castidade deve ser pensada. Só nas comunidades de fé se acredita que a ressurreição é possível pela pureza, pela castidade, pelo respeito pela pessoa humana”.
A sexualidade deve ser pensada no sentido da purificação do ser e não, considera o Cardeal, como “manipulação dos outros para próprio prazer”.
“O grande desafio da Europa é o desafio da socialização, em que homens e mulheres são pais e mães, aceitam a responsabilidade pela sua sexualidade, que tem como fim fazer nascer uma criança, e tudo aquilo que uma criança implica: amor, responsabilidade e estabilidade”, refere D. James Francis Stafford.
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Recorde-se que o Cardeal James Francis Stafford presidiu, em Fátima, à Peregrinação Internacional Aniversária de Julho de 2003, na qualidade de presidente do Conselho Pontifício para os Leigos.
No dia 13, numa manhã de muita chuva, perante cem mil peregrinos, o Cardeal Stafford lançou um apelo à reparação dos pecados pessoais e da Igreja.
Na homilia, exortou os peregrinos a confiarem na intercessão de Nossa Senhora e a darem cumprimento à mensagem de “reparação a Deus pelos pecados”.
“Esta é a mensagem de Maria em Fátima. Maria pede que os seus filhos façam reparação a Deus pelos seus pecados. Desde a altura em que começou a pedir insistentemente que a Igreja se preparasse para o Ano Santo, João Paulo II apelou à Igreja a fazer reparação pelos pecados dos católicos ao longo de séculos. Foi especialmente na Quaresma do Ano Santo que o Papa pediu perdão e fez reparação pelos pecados do passado. Parte da sua intenção era para cumprir o desejo da Nossa Mãe bendita, Maria de Fátima. Por isso um dos frutos da nossa peregrinação a este santuário de Nossa Senhora é que nos decidamos a fazer reparação pelos nossos próprios pecados e pelos pecados de todos os membros da Igreja. Por isso pedimo-Vos, Santa Mãe: orai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Ámen”, afirmou.
 
 
 
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HORÁRIOS

07 jul 2024

Missa, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima

  • 07h30
Missa

Rosário, na Capelinha das Aparições

  • 10h00
Terço
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