10 de julho, 2020
Peregrinação de Agosto presidida pelo Bispo de SantarémPeregrinos celebram em Fátima a quarta aparição de Nossa Senhora. Apesar das dificuldades do tempo presente, a peregrinação de agosto manterá o calor da diáspora.
A Peregrinação Internacional Aniversária de agosto, que integra a Peregrinação Nacional do Migrante e Refugiado há 48 anos, arranca quarta-feira, dia 12, na Cova da Iria. A presidir ao evento estará o bispo de Santarém, D. José Traquina, que é também o Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e da Mobilidade Humana. Esta peregrinação assinala a quarta aparição de Nossa Senhora, a única que teve lugar noutra data, a 19 de agosto, e noutro lugar. A Virgem apareceu numa zona chamada Valinhos, a cerca de três quilómetros da Cova da Iria e a poucas centenas de metros da casa de Lúcia. Ao contrário do que havia sucedido anteriormente, as crianças não puderam deslocar-se à Cova da Iria no dia 13 já que, contra a vontade deles e da família, e à de Nossa Senhora até (que lhes tinha pedido para estarem na Cova da Iria a cada dia 13), o Administrador de Ourém levou-as para sua casa, ali as mantendo do dia 13 ao dia 15, para evitar a sua presença no lugar das aparições. Durante esses dias insistiu num interrogatório sobre o teor do segredo que os Pastorinhos haviam recebido. Jacinta , a mais pequena dos três, chorava com saudades da mãe e da família em geral; o Francisco sofria e rezava, para que ela fosse forte; e a Lúcia olhava para os dois, com a responsabilidade de ser mais velha, mas a angústia maior, que era se Nossa Senhora não lhes aparecia mais! Regressados a casa, Francisco e Lúcia, acompanhados de João, irmão do Francisco e da Jacinta, foram apascentar o rebanho no dia 19. Sentindo uma envolvência sobrenatural e suspeitando que Nossa Senhora estaria para aparecer, os dois videntes pediram a João que fosse chamar Jacinta, para que ela pudesse também estar presente. Uma vez chegada Jacinta, viram de novo Nossa Senhora, que lhes apareceu sobre uma carrasqueira, árvore entretanto desaparecida (tal como a azinheira da Cova da Iria), levada aos poucos pelos fiéis. O local da aparição, na qual pela primeira vez a Senhora alude à construção de uma capela na Cova da Iria, está assinalado por um monumento, oferta dos católicos húngaros, inaugurado em 12 de agosto de 1956. É constituído por um nicho, da autoria do arquiteto António Lino, no interior do qual se encontra uma imagem de Nossa Senhora, obra da escultora Maria Amélia Carvalheira da Silva. Habitualmente o Santuário de Fátima promove sempre uma Vigília de Oração a este lugar, na noite do dia 19, que conta com uma participação muito expressiva de peregrinos, sobretudo de grupos estrangeiros. Este ano, por razões de segurança, e atendendo à configuração do espaço que impede o necessário distanciamento social no Caminho dos Pastorinhos, o Santuário decidiu cancelar a Vigília mantendo, contudo, o Terço e a Procissão das Velas, na Capelinha das Aparições e Recinto de Oração, respetivamente, nessa noite. A peregrinação de agosto é marcada sempre pelo calor da diáspora, mas este ano, em virtude da pandemia, a mobilidade das pessoas está mais comprometida. Ainda assim estão registados 7 grupos da Alemanha, Espanha, Costa do Marfim, Sri Lanka, Itália e Polónia. Todas estas participações já foram agendadas depois do inicio do desconfinamento e é a primeira grande peregrinação aniversária do ano que regista a inscrição de grupos estrangeiros. Esta peregrinação conta com a participação dos peregrinos que integram a 48ª Peregrinação dos Migrantes orientada pelo título ‘Entre a incerteza e a esperança há uma ponte em construção’. Perante as limitações impostas pela pandemia, a Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) decidiu lançar um desafio aos “colaboradores e agentes pastorais ao serviço da Igreja” mas também a organismos da sociedade civil. “Queremos conhecer o percurso migratório, tomar a iniciativa de contar a sua história de vida e fazer-nos chegar todas as iniciativas, seja em formato vídeo, seja por escrito, seja gravando um áudio ou até quem tem jeito para o desenho que faça uma banda desenhada”, explica Eugénia Quaresma, a presidente da OCPM. Os bispos portugueses convidam a enviar, pelo email [email protected], testemunhos de vida por escrito, vídeo, áudio ou desenhos. “É preciso perceber que a nossa sociedade precisa de migrantes e de refugiados, contar com o talento de todos e aprender a conviver e não embarcar nos estereótipos e no que vemos discorrer nas redes sociais, que é tão triste e revela ignorância, vamos por isso conhecer para compreender”, destaca Eugénia Quaresma. Um gesto com 80 anos Gesto característico no ofertório da Eucaristia da peregrinação aniversária de 13 de agosto, e que se manterá, é a oferta de trigo, pelos peregrinos. Este gesto realiza-se este ano pela 80ª vez. A sua história remonta a agosto de 1940, quando um grupo de jovens da Juventude Agrária Católica, de 17 paróquias da diocese de Leiria, ofereceu 30 alqueires de trigo, destinados ao fabrico de hóstias para consumo no Santuário de Fátima. Desde aquele ano, os peregrinos, já não só de Leiria mas também de outras dioceses do país, e até do estrangeiro, têm vindo a dar continuidade, ano após ano, a este ofertório. Durante o ano de 2019 foram oferecidos 8060 quilos de trigo e 545 quilos de farinha. Consumiram-se, no Santuário, aproximadamente 15.500 hóstias e 1.089.000 partículas. O programa da Peregrinação mantém-se idêntico ao celebrado este ano, desde maio. No dia 12, às 21h30 haverá a recitação do Rosário, seguido da Procissão das Velas e da celebração da Palalvra no Altar do Recinto. No dia 13, às 9h00, haverá novamente o Rosário internacional, seguido, às 10h00 da Missa Internacional, com a Bênção dos Doentes. A peregrinação terminará com a Procissão do Adeus.
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