07 de setembro, 2023

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Pe. Carlos Cabecinhas considera que “a autoridade que a Igreja deve procurar ser é a do seu testemunho, coerência e autenticidade, pois hoje os jovens rejeitam precisamente as figuras de autoridade e as imposições vindas de fora”

Reitor do Santuário de Fátima participou num painel do 32º Fórum Económico, a decorrer em Karpacz, Polónia

 

O Reitor do Santuário de Fátima, Pe. Carlos Cabecinhas, está em Karpacz, Polónia, no âmbito do 32º Fórum Económico.

O Fórum Econômico em Karpacz é a maior conferência económica e política da região Central e Oriental da Europa. É um evento que reúne participantes da Polónia, da Europa e do mundo há mais de 30 anos. Este ano estão representados cerca de 60 países, numa edição cujo tema é “Novos Valores do Velho Continente – Europa no Limiar da Mudança", com mais de 5.000 participantes.

O Pe. Carlos Cabecinhas participou num painel, onde a temática incidia sobre o papel da religião na vida dos jovens e sobre a autoridade das religiões para guiarem a vida dos jovens.

O sacerdote considera que “os jovens não abandonaram a religião, nem deixaram de contar com Deus, a crise é bem mais da relação com a mediação que é a instituição religiosa, a Igreja”.

O reitor do Santuário de Fátima, recordou a recente experiência da visita de mais de 1 milhão de jovens a Fátima, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude, onde “todos vieram em busca de algo, todos vieram ao encontro da Mãe”.

“Não passaram só por Fátima, rezaram, visitaram vários lugares que evocam a memória do acontecimento e remetem para a mensagem de Fátima, participaram em workshops por nós organizados sobre as palavras-chave desta mensagem - a adoração, a oração, o sacrifício, a conversão - e, sobretudo, fizeram festa”, acrescentou o Pe. Carlos Cabecinhas, falando dos ecos nas Redes Sociais, onde os jovens referiam expressamente “que se sentiam em casa e que vir a Fátima era vir ao encontro da Mãe”.

O sacerdote abordou ainda um estudo desenvolvido pela Universidade Católica Portuguesa – Jovens, Fé e Futuro – publicado em Portugal no final do mês de julho do presente ano, e que revela que 56% dos jovens portugueses dizem-se crentes; cerca de metade dos jovens portugueses (49%), entre os 14 e os 30 anos de idade, são católicos; um terço dos jovens que se afirmam religiosos também são praticantes: rezam regularmente, participam em celebrações religiosas ou estão integrados em grupos na sua comunidade religiosa. Os restantes, apesar de crentes, dizem que não são praticantes, sobretudo, por falta de tempo, mas também, segundo admitem, falta empenho, ou ainda porque não concordam com algumas das normas da prática religiosa.

Novamente, “os jovens não rejeitam Deus e dão importância à dimensão espiritual das suas vidas, as dificuldades são sobretudo com a instituição”, reiterou, considerando que “é a Igreja que tem que se interrogar de que modo pode ir ao encontro dos jovens e tornar-se significativa, como mediação, para conduzir a Deus”.

 

Numa outra questão sobre figuras de autoridade na Igreja, o reitor do Santuário de Fátima afirmou “que a autoridade que a Igreja deve procurar é a do seu testemunho, coerência autenticidade, pois hoje os jovens rejeitam precisamente as figuras de autoridade e as imposições vindas de fora”.

O sacerdote referiu o exemplo do Papa Francisco que, em Fátima, no dia 5 de agosto, mostrou que, “para nos aproximarmos dos jovens, para os tocarmos, devemos falar uma linguagem com três características: brevidade, simplicidade e autenticidade”.

Os jovens “quando questionados sobre este pontificado, entusiasmam-se e apressam-se a elogiar o Papa, que os toca”. F

“Num mundo acelerado em que vivemos, em que a vida e a sociedade mudaram rapidamente, a Igreja tem dificuldade em acompanhar a velocidade de tais mudanças, mas tem de se reformar constantemente, pois trata-se de uma questão de fidelidade à sua missão, mudar os modos para não comprometer o fundamental, que é o anúncio de Jesu Cristo”, considera.

O 32º Fórum Econômico teve lugar de 5 a 7 de setembro de 2023, no Hotel Gołębiewski em Karpacz, Polónia.

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