22 de setembro, 2024
Patriarca de Lisboa lembrou que motociclistas assumem “uma verdadeira missão profética”A IX Peregrinação da Bênção dos Capacetes realizou-se este domingo no Santuário de Fátima, com cerca de 180 mil participantes.
O patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, desafiou hoje os motociclistas a contagiarem o mundo e a sociedade com uma “dimensão espiritual e humanista para o desenvolvimento das tarefas da vida quotidiana”, atribuindo-lhes “uma verdadeira missão profética”. Na IX Peregrinação da Bênção dos Capacetes, que se realizou este domingo no Recinto de Oração e à qual presidiu, o patriarca pediu aos cerca de 180 mil participantes que fossem “caminhantes que vão ao encontro do Senhor, irradiando, pelos caminhos, a luz luminosa da esperança”. Ao deixarem de estar “focados apenas nas dimensões físicas das velocidades alcançadas, dos quilómetros feitos, das etapas percorridas, das cilindragens possuídas”, D. Rui Valério acredita que os motociclistas “passam a compreender e a sentir que quem efetivamente nos move e transporta não são os potentíssimos motores de muita cilindrada, mas é o Senhor da Vida”. “É ele que nos move e é ao seu encontro que, no mais profundo do seu íntimo, o ser humano sempre anseia ir”, referiu. No encontro com os jornalistas que antecedeu a celebração, o patriarca também aludiu à dimensão espiritual que o viajar de motociclo suscita: “O motociclista, a bordo do seu motociclo, tem sempre no seu horizonte uma meta, um objetivo e, a pouco e pouco, de uma forma não muito consciente, vai vislumbrando que assim é a vida, é um caminho, é uma viagem, uma peregrinação constante, em que no horizonte da existência não está tanto um lugar, mas está uma pessoa”. No contexto desta analogia, lembrou ainda que “para um motociclista não há distâncias, e assim é para o ser humano em relação a Deus e em relação aos grandes valores”. “Por muito exigentes que eles se afigurem nunca estão suficientemente distantes”, completou.
Homenagem às vítimas dos fogos Ainda na homilia, D. Rui Valério recordou os homens e mulheres que combatem “os nefastos incêndios que destroem a floresta, dizimam vidas atentam as habitações”. Apesar da “intensidade destrutiva das chamas do fogo, no nosso coração arde um fogo ainda mais forte, o do amor”, referiu. O patriarca exortou os fiéis a rezar “por aqueles cujas vidas foram ceifadas nos incêndios e no seu combate” e deixou “uma palavra e um abraço de solidariedade, de proximidade e de conforto” às famílias e amigos das vítimas. Sob o tema “Somos moldados e guiados pelo que amamos!”, e com organização da Associação da Bênção dos Capacetes (ABC), esta peregrinação teve associadas duas recolhas solidárias de donativos: uma para a aquisição de uma cadeira adaptada para um jovem motociclista de 22 anos, tetraplégico devido a um acidente de moto; outra com o intuito de ajudar as corporações de bombeiros mais afetadas pelo esforço de combate aos incêndios. Para esta causa, a ABC apelou à doação de bens como garrafas de água de 50cl, soro fisiológico, pomadas para queimaduras, compressas, pensos, anti-inflamatórios, paracetamol e produtos de higiene pessoal. Também o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, destacou o caráter solidário da Peregrinação da Bênção dos Capacetes. “É sem dúvida um momento particularmente importante pelas causas solidárias que tem no horizonte”, referiu durante o encontro com jornalistas que antecedeu a celebração. “Este ano, no contexto dramático que temos vindo a viver, é impossível não ter presente as vítimas dos incêndios, como é impossível não termos especialmente presente os bombeiros”. Reconhecendo que “este é um grande dia em Fátima”, o reitor do Santuário sublinhou o ambiente festivo da peregrinação. “É também um momento de convívio e este é um aspeto que não é secundário”, notou.
GNR distingue Santuário de Fátima Após a bênção dos capacetes dos milhares de motociclistas presentes no Recinto de Oração, o comandante-geral da GNR, tenente-general Rui Veloso, distinguiu o Santuário com a Medalha D. Nuno Álvares Pereira – Mérito da Guarda Nacional Republicana, 2.ª Classe. Na base da distinção está a cooperação e a excelente relação entre as duas instituições.
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