07 de abril, 2013


"Este Papa é um sinal de esperança”
O Papa Francisco pediu, por duas ocasiões, a D. José Policarpo, cardeal patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, que consagrasse o seu ministério petrino a Nossa Senhora de Fátima.
A revelação foi feita esta tarde no Santuário de Fátima por D. José Policarpo, na sessão de abertura da 181.ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
No final do discurso de abertura, D. José Policarpo revelou: “O Papa Francisco pediu-me duas vezes que consagrasse o seu novo ministério a Nossa Senhora de Fátima. É mandato que posso cumprir no silêncio da oração. Mas seria belo que toda a Conferência Episcopal se associasse à realização deste pedido. Maria guiar-nos-á em todos os nossos trabalhos e também na forma de dar cumprimento a este desejo do Papa Francisco”.
 
A Assembleia Plenária decorre até à próxima quinta-feira, 11 de abril, na Casa de Retiros de Nossa Senhora das Dores.
Neste momento inicial de abertura de trabalhos, o presidente da CEP centrou a sua reflexão em dois acontecimentos: a Ressurreição de Cristo e a eleição do Papa Francisco.
A propósito do primeiro acontecimento, D. José Policarpo sublinhou dois aspetos que considera relacionados com a “exigência pascal”. O primeiro prende-se com a necessidade de acentuar nos cristãos a vocação de serem peregrinos do santuário celeste.
“Todos temos consciência de que é urgente acentuar, nos cristãos e nas comunidades, esta vocação de peregrinos do santuário celeste. O desejo de participar, com Cristo, da plenitude da vida, em Deus, é frágil na compreensão da fé de muitos dos nossos cristãos”, afirmou.
O segundo aspeto da exigência pascal é, considera D. José Policarpo, os cristãos terem “a coragem de assumir todas as realidades criadas, ao ritmo da plenitude de Cristo”.
“Essa é também uma exigência para o nosso magistério de Bispos: nada fica de fora do ensinamento da Igreja, mas é nosso dever falar de todas as realidades, iluminando-as com essa vocação de eternidade. Podemos falar de tudo, mas não devemos falar de nada sem iluminar a realidade com a luz pascal, que revela o verdadeiro sentido de todas as coisas”, disse.
Sobre o conclave e sobre os primeiros tempos do ainda recente pontificado, D. José Policarpo disse que a eleição de D. Jorge Mario Bergoglio foi “uma autêntica surpresa do Espírito Santo e está a surpreender mesmo aqueles que o elegeram”.
Relembrou que “logo no início (o Papa Francisco) falou-nos da importância da ternura na nossa relação pastoral – dá um lugar privilegiado aos pobres, aos marginalizados, a todos os que sofrem. Foi muito claro ao afirmar que o modelo de Igreja que o atrai é uma Igreja pobre, ao serviço dos pobres”.
O presidente da CEP destacou ainda a “ousadia” do novo Papa em traduzir “essa sua visão de Igreja nos símbolos exteriores da grandeza do ministério Petrino: a simplicidade no vestir, a renúncia às joias preciosas, escolher viver num sítio onde a convivência, em Igreja, seja dado fundamental”.
“Este Papa é um sinal de esperança. Não deixar morrer a esperança já é sua mensagem explícita. Isso significa reformas inevitáveis na vida da Igreja? Com certeza. Toda a gente fala na reforma da Cúria; ele ainda não falou. Mas já deu para perceber a linha que seguirá”.
Sobre esse rumo, D. José Policarpo antevê que o Papa venha a “corrigir algo que também sentimos nas nossas Dioceses que é dar prioridade à vitalidade pastoral, não deixando que a burocracia administrativa tome o primeiro lugar”.
“No caso da Cúria Romana a sua reforma tem de ser feita revalorizando a doutrina do Concílio Vaticano II sobre a colegialidade dos Bispos e a justa autonomia das Igrejas particulares. Esta reforma não pode ser feita a partir de erros e escândalos, concentrados num tão falado relatório”, alertou.
Para D. José Policarpo, “os erros são para corrigir, as pessoas para converter”.
LeopolDina Simões


Discurso do presidente da CEP, D. José Policarpo, na abertura da 181.ª sessão da Assembleia Plenária da CEP
Fotografia: D. José da Cruz Policarpo, Patriarcado de Lisboa

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