03 de julho, 2011
Irmãos e irmãs Caríssimos amigos Quis Deus que aqui nos congregássemos como assembleia de fiéis para celebrar a Eucaristia e a minha ordenação episcopal. Da minha parte, procuro elevar até à Santíssima Trindade a minha oração de louvor e acção de graças, porque nos seus pobres servos continua a realizar as suas grandes coisas. Sei que todos vós aqui presentes, e muitos outros que nos acompanham espiritualmente, manifestais a Deus a mesma gratidão e o mesmo louvor. Agradeço, neste momento, a todas as pessoas que por esta altura ofereceram a Deus as suas preces e me tiveram presente na sua oração. Em Setembro de 2008, quando nesta mesma Igreja assumi a reitoria do Santuário de Fátima, estava bem longe de imaginar que passado este tempo, aqui estivesse nestas circunstâncias. Quando o Senhor Núncio Apostólico me informou da decisão do Santo Padre me nomear bispo de Coimbra, tive a tentação de pensar se era uma boa ou má opção, se o momento seria oportuno, se não deveria continuar a desenvolver os projectos em curso no Santuário... A conclusão impôs-se: é a voz da Igreja que, seguindo os trâmites prescritos, precisa de prover às suas necessidades; prometeste obediência à mesma Igreja, não podes senão dizer “sim”. Neste momento, reafirmo a minha comunhão com a Igreja de Cristo e a minha disponibilidade para cooperar com ela na realização da sua missão de sacramento de salvação universal. Ao Papa Bento XVI manifesto a grande alegria que me confere a graça de poder colaborar com ele, de forma mais próxima, na tarefa de servir a missão de Cristo Pastor. A partir da Primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios (1, 23-24), escolhi como lema episcopal a frase: Anunciamos Cristo crucificado, sabedoria de Deus. Significa que procuro centrar-me na pessoa de Jesus Cristo, cujo significado só se pode entender a partir da cruz como caminho de ressurreição e da glória. Significa também que a linguagem da cruz, que hoje se procura calar e esconder, continua a ser o grande sinal do amor de Deus pelo seu povo em todas as situações de consolação e de sofrimento. Significa ainda que o anúncio evangelizador precisa de continuar a fazer-se aos quatro ventos, com uma linguagem nova e acessível, mas sempre centrada no acontecimento fundante da nossa fé, o mistério pascal de Jesus Cristo. Significa finalmente que quero exercer o ministério na Igreja com a alegria proveniente da gloriosa ressurreição de Cristo e com a humildade e espírito de entrega e serviço provenientes da sua paixão. À diocese de Coimbra, aqui representada no Senhor D. Albino Cleto, Administrador Apostólico, e em muitos sacerdotes religiosos e leigos, quero dizer que estou disponível para ir ao vosso encontro com a confiança e a esperança fundadas em Cristo que me chamou e me envia. Gostaria de chegar ao meio de vós como um amigo e como um irmão que comunga das vossas alegrias e tristezas, que acolhe e é acolhido na simplicidade, e que vos confirma na fé enquanto porção do Povo de Deus. Saúdo a diocese de Leiria-Fátima, na pessoa do nosso bispo D. António Marto e do bispo emérito D. Serafim Silva. Servi-a com muito gosto durante 25 anos, e sinto-me muito grato por todas as possibilidades que me proporcionou. Saúdo a minha paróquia de São Mamede e todos os conterrâneos que se alegram comigo neste momento. Uma palavra muito especial de gratidão para a minha família, sobretudo para os meus pais e as minhas irmãs, que nunca faltaram com o amor e o apoio necessários à vida em todos os seus momentos. Saúdo o Santuário de Fátima, com o Reitor, os capelães, os funcionários e os voluntários. Devo dizer que foram muito bons os anos aqui passados e que foi generosa e amiga a vossa colaboração e ajuda. O mesmo posso dizer dos grupos, associações, movimentos e instituições ligados a Fátima e com os quais tive a possibilidade de contactar. A última palavra reservo-a aos Beatos Francisco e Jacinta Marto, a quem peço poderosa intercessão junto de Deus, e a Nossa Senhora do Rosário de Fátima, a quem consagro a totalidade da minha vida e o ministério episcopal que recebi. Que eu seja todo teu, ó Mãe de Cristo e Mãe da Humanidade. Que esta pedra azul, pequenina e discreta, que figura nas minhas insígnias, signifique a tua presença materna aos pés da cruz de Cristo e de todas as minhas cruzes. Ámen. Igreja da Santíssima Trindade, Santuário de Fátima, 3 de Julho de 2011 Virgílio do Nascimento Antunes |