03 de janeiro, 2021

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Padre Carlos Cabecinhas considera que “uma fé acomodada, satisfeita consigo própria, é uma fé morta”

Na missa deste domingo foram anunciadas as festividades móveis deste novo ano

 

O reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, presidiu esta manhã à missa dominical na Basílica da Santíssima Trindade.

Neste dia em que a Igreja celebra a Epifania do Senhor, o sacerdote falou do Senhor como “Luz que vem até nós, marca o tempo litúrgico, e se estende a todos os povos e lugares”.

Assim como no Natal, “o Salvador se manifesta aos pastores, aos mais pobres e humildes do Seu povo, agora, Deus dá a conhecer o Seu Filho a todos os povos da terra, e estes povos são representados nas figuras misteriosas dos Magos”, e é sobre estas figuras que “somos convidados a refletir e é esse exemplo que somos desafiados a imitar”.

Sobre os Magos, sabe-se muito pouco, mas “perceberam os sinais de Deus numa estrela porque se dedicavam a observar os astros e estavam em atitude de procura, pois só percebe os sinais de Deus aquele que O procura realmente”.

“Como então, também hoje Deus fala-nos, manifesta-Se, envia-nos os Seus sinais”, alerta o padre Carlos Cabecinhas, lembrando o desafio diário de “viver a fé como inquietação constante, numa atitude de desejo de Deus, de procura e de atenção aos sinais da sua presença nas mais diversas situações e de esforço por viver de acordo com a Sua vontade”.

E esses sinais são visíveis quando “somos animados por este desejo de prestar atenção aos sinais de Deus”.

O percurso de procura do Messias que os Magos fazem “é um percurso de conversão”, pois procuraram o Messias “que a estrela anunciava em Jerusalém”. Os Magos vão encontrar Jesus num local secundário, num cenário de “grande pobreza e simplicidade, mas foram capazes de reconhecer naquela frágil criança o Salvador”.

“O nosso Deus é um Deus surpreendente e ter fé é aprender com os Magos a converter permanentemente a nossa imagem de Deus de acordo com o Evangelho; é não criarmos “deuses” à nossa medida e à medida dos nossos desejos e expectativas; é não nos colocarmos a nós mesmos no lugar que só a Deus compete, na nossa vida”, afirmou o reitor do Santuário de Fátima.

Na Epifania “manifesta-se também a dimensão missionária da Igreja, de que fazemos parte, pois a missão da Igreja é fazer resplandecer no mundo a luz de Cristo, e a Igreja existe para fazer brilhar essa luz e nós somos essa Igreja”.

“Da atenção aos sinais de Deus, do encontro com Cristo nas nossas vidas, brota a necessidade de O anunciar, de O dar a conhecer, de O testemunhar na nossa vida”, explicou, alertando para o facto da “fé acomodada, satisfeita consigo própria, é uma fé morta”.

O exemplo dos Magos mostra “que a fé sempre nos desinstala e incomoda, porque desinstala-nos porque nos leva a estar atentos aos sinais de Deus, sempre surpreendentes; incomoda-nos porque nos exige conversão permanente da nossa imagem de Deus e porque desmascara os ídolos que colocamos no lugar de Deus; desinstala-nos porque nos impele à missão, ao anúncio, ao testemunho”.

Nesta celebração foi feito o anúncio das festividades móveis. Em 2021, o Domingo da Páscoa será a 4 de abril; as Cinzas, início da Quaresma, a 17 de fevereiro; a Ascensão do Senhor, a 16 de maio; o Pentecostes, a 23 de maio; o primeiro Domingo do Advento, a 28 de novembro.

O ofertório deste tempo festivo, este ano, será destinado à Diocese de Pemba em Moçambique, para os deslocados de Cabo Delgado, uma zona norte de Moçambique, onde existe uma grave crise humanitária devido aos ataques perpetrados por milícias fundamentalistas islâmicas, e na qual resultaram mais de 2000 mortes e 560.000 pessoas deslocadas.

Em consequência das restrições decretadas pelo Governo, o Santuário de Fátima alterou o calendário de celebrações previstas. Durante a tarde deste domingo não haverá celebrações. Exceção para a oração do terço, na Capelinha das Aparições, com transmissão pelos meios de comunicação social e digital, às 18h30 e 21h30, mas sem a participação de peregrinos.

A bênção dos veículos, foi igualmente suspensa. Também a partir das 13h00, os postos de informação e os espaços museológicos estarão encerrados.

A impossibilidade de circulação entre concelhos e o recolher obrigatório decretados, ao abrigo do Decreto do Estado de Emergência em vigor, limita a presença de peregrinos de outros concelhos para além do de Ourém.

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