20 de setembro, 2024

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Os últimos dias de uma exposição feita de mistérios

“Rosarium: Alegria e Luz, Dor e Glória” termina a 15 de outubro. Sóbria e tocante, a exposição percorre os vários mistérios do Rosário e confronta o visitante com os mistérios de Deus e da humanidade.

 

É possível que os visitantes não se apercebam, mas no início da exposição há uma frase que pode fixar-se-lhes nas costas: “Rezem o terço todos os dias para alcançar a paz”. Consoante o circuito que fazem, o pedido de Nossa Senhora aos Três Pastorinhos, que é projetado no chão à entrada da exposição “Rosarium: Alegria e Luz, Dor e Glória”, pode pousar no dorso dos visitantes e, por instantes, transformá-los em guias de um caminho de oração.

O diálogo com Deus que se estabelece através do terço é o tema desta exposição que, no próximo dia 15 de outubro, cumpre o seu desígnio de temporária e encerra portas. As peças hão de regressar ao lugar de origem — o Museu do Santuário de Fátima, na maior parte — e o Convivium de Santo Agostinho, no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade, acolherá uma nova mostra que já se encontra em preparação.

Mas não nos adiantemos. Vale a pena determo-nos em vários aspetos da exposição “Rosarium”. Desde 22 de novembro de 2022, data em que foi inaugurada, até meados de agosto deste ano, foi visitada por mais de 350 mil pessoas.

Os portugueses foram os que mais procuraram este espaço museológico, mas com pouca margem percentual relativamente aos de outras nacionalidades, informa a equipa do Museu do Santuário. Aos visitantes nacionais sucedem, em número e por esta ordem, os oriundos de Espanha, Brasil, França, Estados Unidos da América, Polónia e Itália.

Não é possível tocar nos objetos, mas sente-se esse impulso, ou não fossem os terços concebidos para serem manuseados. O desejo adensa-se diante da instalação artística “Saltério”, de Ana Bonifácio. A equipa do Museu confirma que “a peça suscita muita curiosidade acerca do seu simbolismo e sobre os terços que a compõem”. No total são 150, todos eles oferecidos ao Santuário por peregrinos anónimos. “Estão suspensos, mas ligados à terra numa linha, a linha que liga o Céu à terra e que mostra a mole humana que são todos os peregrinos, tão diferentes entre si, como os terços”, disse a artista na terceira visita temática à exposição.

Perante “Saltério” de Ana Bonifácio, muitos visitantes manifestam ainda a intenção de deixarem os seus terços junto dos que compõem a instalação e foram oferecidos por peregrinos.

Também a peça “Suspensão”, da autoria da artista Joana Vasconcelos, tem suscitado elevada curiosidade entre os visitantes. Desde logo a surpresa de encontrar naquele espaço a obra que muitos viram no exterior da Basílica da Santíssima Trindade, por ocasião do Centenário das Aparições. Depois, a museografia que envolve a obra e que permite um contacto próximo com as contas de luz é motivo de interesse.

Se “Saltério” de Ana Bonifácio retém os visitantes e “Suspensão” de Joana Vasconcelos os envolve, a escultura “Jaz morto e arrefece o Menino de sua mãe”, de Clara Menéres, inquieta-os. Os técnicos do Museu são questionados, com frequência, sobre a representação de um soldado morto no contexto da exposição e o seu significado.

 

Tocados pela exposição

Dos terços dos Pastorinhos aos que pertenceram a Papas, a Santa Teresa de Calcutá ou aos pescadores de Caxinas, para mencionar apenas alguns, é grande a diversidade do que está exposto e que integra o espólio do Museu do Santuário.

Essa variedade denota também que o valor das contas que guiam a oração está longe de residir na matéria de que são feitas. Ouro, prata, marfim, plástico, madeira ou osso, não é o material que determina a força da cadeia que liga cada crente a Deus.

Não se pode tocar nos terços nem nas restantes peças expostas, mas a exposição toca os visitantes. Muitos deixam aquele espaço museológico com a sensação de terem percorrido um caminho espiritual com o qual não contavam.

Alguns episódios relatados pela equipa do Museu revelam isso mesmo, como partilha Rui Bessa, técnico dos Serviços Educativos.

“Depois de uma visita guiada, impressionou-me a partilha de um casal português, natural de Aveiro, mas emigrado em Zurique. Apesar de terem nascido no seio de famílias católicas, redescobriram, com esta exposição, o interesse pela oração do terço. Este é um exemplo de pessoas cujos nomes desconhecemos, mas que são tocadas e interpeladas pela temática desta exposição”.

“Rosarium: Alegria e Luz, Dor e Glória” motivou 10 visitas temáticas, em que participaram mais de 800 pessoas. Nesta exposição, através de visitas guiadas e de atividades pedagógicas, os Serviços Educativos do Museu do Santuário de Fátima envolveram 248 grupos, num total de 4031 visitantes.

De uma exposição que promove a saudável convivência entre diferentes expressões artísticas, como a pintura, a fotografia, a escultura e a instalação, fica ainda a lição que a professora e investigadora Maria Isabel Roque assume numa recensão: “mais do que o tema, é a forma como o discurso expositivo se desenvolve que marca a diferença e pode fomentar um novo olhar”. E do que viu salientou: “esta é uma exposição sóbria, mas com inspirados espaços de grande beleza, num convite a uma contemplação introspetiva”.

A entrada é livre e as portas estão abertas entre as 9h00 e as 12h30 e as 14h00 e as 17h30, até 15 de outubro.

 

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