22 de junho, 2018
“Os Três Pastorinhos são uma boa síntese daquilo que a Igreja é chamada a ser, pela sua fidelidade”Primeiro dia do Simpósio Teológico-Pastoral sublinhou a importância da Mensagem de Fátima para o mundo contemporâneo
O Simpósio Teológico-Pastoral "Fátima Hoje: que sentido?" começou esta manhã no salão do Bom Pastor, no Centro Pastoral de Paulo VI, Santuário de Fátima. Até domingo, este encontro pretende ser um contributo privilegiado para a vivência do tema proposto pelo Santuário para o este ano pastoral: "Dar graças pelo dom de Fátima", integrado no triénio 2017-2020, sob o tema "Tempo de Graça e Misericórdia". A primeira reflexão da tarde "O caminho de Jacinta, Francisco e Lúcia: geografia de um itinerário espiritual", foi proferida por Pedro Valinho Gomes. “As «crianças de Aljustrel» colocaram quatro questões, que são os pontos cardeais deste itinerário espiritual: Como é Deus? O que é o inferno? Queremos sofrer pelos pecadores? Nosso Senhor ficará contente?”. Segundo a comunicação do teólogo, S. Francisco Marto, tinha a “boca junto ao coração, coração esse tocado por Deus com muitas questões”, e por isso é possível concluir que “a testemunha de Fátima não é só aquela que conta a história”. “Os Pastorinhos testemunharam que o encontro com Deus foi o acontecimento maior”, uma vez que a partir daquele momento as suas vidas sofreram uma transformação, e depois das aparições os “Pastorinhos só existiam porque viram”. Francisco, Jacinta e Lúcia “testemunharam um olhar que os cativou” e dessa forma “deixaram-se enamorar por Deus”. Os videntes não se preocupavam com a “intensa geografia do inferno, mas sim com os que para lá caminhavam”. A pequena Jacinta oferecia muitas orações e sacrifícios pelos pecadores, e não podia desistir desse ato “precisamente por ser testemunha Daquele que não desiste”. Apesar de breves, as suas vidas são “uma boa síntese daquilo que a Igreja é chamada a ser, pela sua fidelidade”. Pedro Valinho Gomes é doutor em Filosofia e licenciado em Teologia, com especialização em Estudos Bíblicos. É diretor do Departamento para o Acolhimento de Peregrinos do Santuário de Fátima e do Centro de Cultura e Formação Cristã da Diocese de Leiria-Fátima. É investigador do Centro de Estudos Filosóficos e Humanísticos da Universidade Católica Portuguesa. No painel “A mensagem como Dom”, a Ir. Ângela Coelho falou sobre a santidade, numa comunicação intitulada «"E eu vou para o Céu?": a vocação para a Santidade». “A Santidade é a resposta humana ao amor de Deus”, disse, salientando que a “Santidade é Cristo em nós”. A religiosa da Aliança de Santa Maria, ex postuladora da Causa de Canonização de Francisco e Jacinta Marto, salientou que cada ser humano é interpelado a não se deixar “resignar” com “uma vida medíocre”. “A Santidade não é apenas aquela que é aclamada”, reiterou. “Quando iniciei funções na Postulação, questionei-me sobre o que seria o «grau heróico» das virtudes, e percebi que não é encontrar o herói atrás do Santo, porque são vidas nada relacionadas com aquilo que é visível na vida dos heróis das histórias que nos são apresentadas”, relembrou explicando que o Papa Francisco considera que ser Santo é ser mais que herói. “Ser Santo é permitir que Deus nos conduza além de nós mesmos, ser Santo é recusar-se a ser protagonistas da própria história e dar protagonismo a Deus” e isso é possível em Fátima onde tudo “fala de luz”. Ângela Coelho é religiosa da Aliança de Santa Maria. Estudou Medicina na Faculdade de Medicina do Porto, e Ciências Religiosas na Universidade Pontifícia Comillas de Madrid. Foi Postuladora da Causa de Canonização dos Santos Francisco e Jacinta Marto e é vice-postuladora da Causa da Irmã Lúcia. É diretora da Fundação Francisco e Jacinta Marto. O Pe. Alexandre Palma convidou os presentes a refletir sobre «"Para fazer como Nosso Senhor": A imitatio Christi», através do corpus das Memórias da Irmã Lúcia. O teólogo considera que “não é fácil desenhar uma cristologia de Fátima, Jesus surge no texto sempre como objeto e nunca como sujeito”. Alexandre Palma é teólogo e padre. É doutorado em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana. É professor auxiliar na Universidade Católica Portuguesa e investigador do Centro de Investigação em Teologia e Estudos de Religião. «"O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus" : O coração como lugar teologal», foi a reflexão apresentada pela Ir. Luísa Almendra. “Para Lúcia, ao ouvir as palavras de Nossa Senhora, no céu confirma-se aquilo que já tinha compreendido em terra”, afirmou. Segundo a religiosa, “Maria ofereceu o que tem de mais precioso, o lugar onde ela vê e participa em Deus”. “Em Fátima, Maria participa continuamente em Deus e as suas palavras garantiram a solidez do seu refugio para Lúcia”, reiterou. Luísa Almendra é professora auxiliar na Faculdade de Teologia. Doutora em Teologia Bíblica pela Universidade Católica Portuguesa, é diretora do Centro de Investigação em Teologia e Estudos de Religião e membro da direção da Associação Bíblica Portuguesa. Esta noite tem lugar pelas 21h00, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, um concerto com o Coro Feminino do Vale do Sousa, sob a direção de Sílvio Cortez, com as solistas Inês Pinto, Inês Silva e Marta Marques, e no órgão Bruno Teixeira. A iniciativa que se insere na abertura do Simpósio Teológico-Pastoral Fátima Hoje: Que Sentido?, e aberta ao público em geral, tem um repertório vasto no que respeita aos compositores e natureza musical das obras, integrando obras de diferentes épocas, desde o Renascimento ao Século XXI, com especial atenção à música introspetiva e também meditativa, de louvor a Maria. |