11 de fevereiro, 2017

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Os que sofrem “são a vanguarda profética da igreja”, afirmou capelão do santuário de Fátima

Pe José Nuno Silva interpelou peregrinos sobre as maravilhas que Deus faz no sofrimento de cada um
 

A alegria e a persistência de viver por parte de quem sofre “é uma das maiores profecias do mundo”, sobretudo num tempo que “promove o descarte dos frágeis, dos que não produzem e não têm valor económico” disse esta tarde o Pe José Nuno Silva.

O capelão do Santuário de Fátima que realizou uma reflexão na Basílica da Santíssima Trindade para assinalar o 25º Dia Mundial do doente, a partir do Magnificat e do exemplo de Maria “a mãe do mistério da oblação e da entrega ao outro”, elogiou todos os que encaram o sofrimento como um dom.

“Num tempo e numa sociedade que promove a cultura da indiferença e do descarte  é importante que, tal como Maria, que foi serva da páscoa de Cristo, também nós, os que sofremos, consigamos descobrir a potência pascal do nosso sofrimento, oferecendo-o”, disse o sacerdote que aproveitou a ocasião para se referir a exemplos contrários a esta atitude.

“Quando admitimos a Eutanásia parece que admitimos que há vidas que não têm sentido ou dignidade” afirmou sublinhando que a dignidade da pessoa “não depende nem da sua produtividade, nem do consumo que faz mas sim do tamanho do seu sofrimento e da sua capacidade para o oferecer”.

“Persistir em viver, mesmo diante o sofrimento, é o maior testemunho que podemos dar nesta sociedade da indiferença”, disse ainda lembrando que uma coisa “é desejar a morte quando se está em sofrimento- o mesmo é dizer que se deseja um encontro com Deus- outra, bem diferente, é pedir a morte”.

Por isso, acrescentou, “Os que sofrem não são apenas a retaguarda orante da igreja  são, antes a vanguarda profética da igreja” que deve valorizar “esta interpelação”.

“Não há nada de mais profético do que a alegria de viver de quem sofre”, concluiu o sacerdote que leva cerca de duas décadas ao serviço dos doentes, concretamente como capelão do Hospital de São João, no Porto.

O Pe José Nuno, que está desde o final do verão passado em Fátima como capelão do santuário, lembrou ainda os cuidadores e deixou uma palavra aos peregrinos no sentido de valorizarem mais quem sofre.

“Uma sociedade solidária e orientada por valores cristãos deve perguntar sempre: como nos ocupamos dos nossos filhos que sofrem”, interpelou o sacerdote exortando sobretudo os mais novos a aproximarem-se dos idosos e dos doentes que lhes podem ensinar “a sabedoria do amor”.

“O Evangelho é uma experiência de amor e colocar um jovem a visitar um velho é por um jovem a viver essa experiência do amor”, referiu.

O Santuário de Fátima celebrou o Dia Mundial do Doente com uma tarde especial na Basílica da Santíssima Trindade, depois da oração do Rosário na capelinha, animada pelo responsável diocesano pela Pastoral da saúde, Pe José Nunes.

O bispo da diocese de Leiria-Fátima, D. António Marto, presidiu à Eucaristia, durante a qual se celebrou o sacramento da Santa Unção e na homilia, sublinhou a importância do respeito pela vida “em todas as idades e todos os seus estados”.

“Cada doente é e permanece sempre um ser humano e é como tal que deve ser tratado, com toda a dignidade” afirmou D. António Marto.

“Os doentes não podem ser tratados como objectos ou como coisas pois cada pessoa tem uma história, um dom que é preciso preservar”, através de uma cultura de “proximidade, de atenção, de ternura”, atributos “indispensáveis” de uma sociedade com valores, concluiu.

O Dia Mundial do Doente foi instituído a 11 de Fevereiro de 1992 pelo Papa João Paulo II e é celebrado com o intuito de apelar à humanidade para que seja promovido um serviço de maior atenção à pessoa doente.

Na mensagem para este 25º Dia Mundial do Doente, o papa destaca a «dignidade inalienável» de todas as pessoas, independentemente da sua condição, doença ou deficiência, porque “Cada pessoa é, e continua sempre a ser, um ser humano e tem de ser tratada como tal”.

O Papa salienta neste documento a “missão fundamental” da Igreja Católica, em “servir os mais pobres, os enfermos, os que sofrem, os excluídos e marginalizados”, e recorda todos quantos vivem o seu quotidiano junto dos doentes.

O dia mundial do doente, assinalado a 11 de fevereiro de 2017, tem como tema “O Senhor fez por mim maravilhas”, retirado do Evangelho de São Lucas (Lc. 1, 49), do cântico do ‘Magnificat’, proclamado por Nossa Senhora em louvor de Deus.

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