10 de abril, 2016


Os pastorinhos “são o exemplo mais impressionante” do paradoxo cristão que “é perder a vida para a salvar"

Pe Manuel Morujão encerrou ciclo de conferências sobre o tema do ano em Fátima

 

A quinta e última conferência do ciclo de conferências sobre o tema do ano- "Eu vim para que tenham vida", proferida pelo jesuíta Pe Manuel Morujão este domingo na Casa de Nossa Senhora das Dores, em Fátima, encerrou com “chave de ouro” a iniciativa do Santuário de Fátima, integrada no âmbito das celebrações do Centenário das Aparições

“Quem perder a sua vida salvá-la-á” foi o tema de partida para a reflexão do sacerdote que, através desta ideia central da Boa Nova de Cristo numa  citação autobiográfica  como legenda da vida de Jesus, que viveu a dar a vida, se centrou na mensagem de Fátima e no exemplo dos três pastorinhos.

“Eles são o exemplo mais acabado desta solicitude de dar a vida por amor a Deus e aos homens:  carregaram a cruz , através da doença e da morte prematura, mas também através do seu silêncio cumprindo escrupulosamente o que Nossa Senhora lhes pediu” referiu o sacerdote que destacou que o fizeram “por amor a Deus, pela conversão dos pecadores, pelo santo padre e em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria”.

O sacerdote , que citou abundantemente as “Memórias da Irmã Lúcia”, referiu ainda que “é impressionante a capacidade dos pastorinhos em voluntariamente fazerem sacrifícios” não pelo sacrifício “em si mesmos mas como  apelo do céu e com grande finalidade apostólica”.

“Este ascetismo infantil deve-se ao facto de eles terem levado muito a sério o pedido de Deus por intermédio de Nossa Senhora” sublinhou o sacerdote desafiando os cristãos a seguirem este exemplo e a deixarem de parte “o egocentrismo humano” alicerçado “numa grandeza frágil que nos vem das riquezas terrenas e das virtudes pessoais” e não daquilo que é “essencial” e que é o facto de “sermos de Deus”, tal como “os pastorinhos foram”.

“Temos de ser mais de Deus e a vida dos pastorinhos confirma-o eloquentemente” acrescentou o Pe Manuel Morujão.

“Que poderíamos esperar de três crianças sem instrução, inocentes,  perdidas numa aldeia da serra ? Foi Deus omnipresente e omniamoroso que, por Nossa Senhora, os tornou grandes pois deixaram-se possuir pelo todo poderoso que faz maravilhas sempre que a nossa liberdade o permite”, concluiu.

O reitor da comunidade Facfil/AO, em Braga, falou ainda do exemplo de Maria “ela que é a Nossa Senhora da Visitação em Fátima, descentrada de si mesma e centrada no serviço amoroso de todos nós seus filhos”.

O sacerdote jesuíta fez também a ligação “perfeita” entre a proposta para este ano temático do Santuário de Fátima e o tema da conferência pois “para ter vida em abundância é preciso viver a oferecê-la”, referiu o Pe. Morujão.

“O egoísta centrado em si mesmo, talvez sendo milionário e vivendo no luxo, é um pobre de alegria e realização em cheio, que só está na doação e na entrega de nós próprios” referiu.

“Quanto mais nos damos mais rica é a nossa vida. Só quem se perde na entrega serviçal é que se encontra a si mesmo”, precisa lembrando que “perder a vida significa libertar‑se do egoísmo, da idolatria do eu, de sair do próprio amor, querer e interesse”, usando uma expressão dos Exercícios Espirituais de S. Inácio. Uma lógica evangélica que, de resto,  se encontra na conhecida oração de S. Francisco de Assis: “É dando que se recebe… É morrendo que se vive para a vida eterna”.

À primeira vista este paradoxo evangélico pode parecer exclusivista  da vida dos mártires, por exemplo, mas  o Pe Manuel Morujão fez questão de esclarecer: “Jesus dirige-se aos que aceitam segui-lo, indicando as condições, independentemente do próprio estado de vida”.

O conferencista destacou, aliás, a ideia de que “quem constitui a sua própria família também tem que seguir a mesma regra: perder a sua vida para a salvar; perder a vida na doação generosa ao próprio marido ou à sua esposa; perder a vida, superando todo o egoísmo, no amor e serviço dos filhos e de todas as pessoas que for encontrando”.

“Precisamos fazer esta experiência cristã que revoluciona os nossos critérios e visão do mundo” pois só “assim seremos felizes com a originalidade de Cristo que nos indica o caminho  para ganhar o mundo perdendo; para viver em cheio morrendo porque foi assim que ele viveu”, concluiu.

Esta foi a última conferência do ciclo de conferências sobre o tema do ano.

O reitor do Santuário, em declarações à Sala de Imprensa, fez um balanço positivo da iniciativa.

“Este encerramento pressupõe toda a reflexão anterior que nos centrou quer sobre a celebração cristã como elemento da vivência desta mesma vida que o Senhor nos oferece, que apontou a nossa atenção para o testemunho de alegria como algo fundamental desta vida e como testemunho desta vida”.

No fundo, “aspetos que nos ajudam a aprofundar o que significa receber a vida do Senhor e, sobretudo recebê-la a partir de Fátima e conduzidos pela mão de Nossa Senhora na Mensagem de Fátima”, destacou o Pe Carlos Cabecinhas.

A primeira conferência deste ciclo sobre o tema do ano – “Eu vim para que tenham vida”-  realizou-se dia 13 de dezembro e teve como orador o diretor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, João Duarte Lourenço, que apresentou o tema “O meu espírito alegra-se em Deus, meu Salvador”, numa reflexão a partir do Magnificat. A segunda comunicação teve lugar no passado dia 11 de janeiro pelo teólogo Pedro Valinho Gomes com o título “Em vós está a fonte da vida” e cujo ponto de partida foi a parábola de Jeremias- Jr 2,13-, em que o povo abandona as nascentes de águas vivas para construir cisternas rotas. A terceira conferência foi no dia 14 de fevereiro e teve como conferencista Alexandre Palma, professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa. A quarta conferência foi no dia 13 de março e teve como orador o Pe. Luís Pereira da Silva que apresentou o tema “Alegremo-nos e façamos festa”.

CR

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