02 de junho, 2005

Documentação:
1 - Mensagem de D. Anacleto de Oliveira, intitulada “Escravo de Todos” e lema para o ministério episcopal escolhido por este novo bispo português; publicada no Guia da Assembleia, para a cerimónia da Ordenação Episcopal, distribuído pelos participantes na celebração.
2 - Reflexão de D. Serafim Ferreira e Silva, Bispo da Diocese de leiria-Fátima e bispo ordenante de D. Anacleto, intitulada “O Bispo Hoje”, distribuída também pelos participantes na cerimónia da Ordenação Episcopal de D. Anacleto.
l.
 Escravo de Todos
 Receio que estas palavras, que escolhi para lema do meu ministério episcopal, possam ser, para alguns, estranhas, senão mesmo chocantes. Não um escravo precisamente aquele que está privado dos bens mais fundamentais para a dignidade da pessoa humana, como são a liberdade e, com ela, o direito de propriedade? E para mais com a agravante de ser ilimitado o número daqueles aos quais se pertence.
É por isso imprescindível que o lema seja visto no seu contexto original, o de Mc 10, 35-45:
Aproximaram-se dele Tiago e João, os filhos de Zebedeu, e disserram-lhe: «Mestre, queremos que nos faças o que te pedimos.>> Ele disse-lhes: «Que quereis que vos faça?» Eles disseram: «Concede-nos que nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda na tua glória.» Mas Jesus disse-lhes: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu vou beber e ser baptizados com o baptismo com que Eu sou baptizado?» Eles disseram: «Podemos.» Jesus disse-lhes: «Bebereis o cálice que eu bebo e sereis baptizados com o baptismo com que Eu sou baptizado; mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não pertence a mim concedê-lo; é para aqueles para os quais está preparado. »
Tendo ouvido isto, os outros dez começaram a indignar-se contra Tiago e João. Depois de os chamar, diz-lhes Jesus: «Sabeis como aqueles que se julgam chefes das nações dominam sobre elas e como os grandes têm poder sobre elas. Mas entre vós não é assim: quem quiser tornar-se grande entre vós, será vosso servo, e quem entre vós quiser ser o primeiro, será escravo de todos. Porque também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por todos.>>
2. Servo é a tradução do grego "diákonos", de que provém diácono, um termo porém, na origem, com um uso muito mais alargado do que tem hoje entre nós. Genericamente, diácono era aquele que fazia de mediador entre duas ou mais pessoas: a que o chama e envia e aquela(s) a quem é enviado. Uma missão só realizável mediante uma total sujeição: em primeiro lugar e acima de tudo à pessoa que envia, de tal modo que ela se torna presente e actuante no seu enviado; sujeição, por isso mesmo, também àquilo que tem de transmitir, para que chegue sem perdas nem deturpações ao seu destino; sujeição finalmente aos destinatários da diaconia, sobretudo se o que recebem é para seu bem.
Com escravo ("doulos" em grego) apenas se explicita e acentua a total dependência já inerente à condição de diácono. Para Jesus, a condição identificativa da comunidade dos seus discípulos. Deles exige uma total sujeição, que é tanto maior quanto mais elevada for a autoridade que exercem; uma sujeição não apenas aos restantes discípulos, mas sem limites de destinatários. Porquê?
3. Como mostra o final da passagem bíblica, o próprio Jesus define a sua condição e missão messiânica em termos de diaconia. E também ela na tríplice relação de total dependência, no seu caso associada já ao título de Filho do Homem.
Na origem e acepção mais comum, Filho do Homem era um simples ser humano. Mas, a partir da visão de Dan 7,13, passou também a significar na tradição bíblica aquele que vem com as nuvens do Céu, isto é, de Deus (Mc 14,62). Alguém, portanto, de origem e condição ao mesmo tempo divina e humana: Aquele em quem Deus mais se une aos homens, para, mais do que ninguém, unir os homens a Deus.
Uma missão que Jesus realizou enquanto não veio para ser servido, mas para servir. A Deus e aos homens. A Deus a quem, qual Filho muito amado, tratava por Abba, um termo expressivo da máxima intimidade e dependência, no fundo a mesma do diácono. Aos homens, na medida em que, sendo de condição divina, se esvaziou a si mesmo, tomando a condição de escravo (Fil 2,6-7); a condição em que foi provado em tudo como nós, excepto no pecado (Heb 4,15), para dele nos libertar: de um modo decisivo pela morte na cruz.
Foi então que Ele, em completa obediência ao Pai, lhe entregou o seu Espírito, a fonte da sua vida (Lc 23,46; Jo 19,30). Não porém, sem antes lhe pedir perdão para os que o matavam (Lc 23,34). E neles para toda a humanidade. Foi em resgate por todos que Ele deu a vida. Porque a deu como justo pelos injustos (1 Ped 3,18). Transformando assim a maior injustiça no acto da maior justiça, da máxima união a Deus e aos homens. Para os conduzir para Deus, num amor sem medidas, aquele de que só Deus é capaz.
E por isso Deus o exaltou e lhe deu o nome que está acima de todo 0 nome: o de Senhor (Fil 2,9.11). Isto é, foi na morte que Jesus também mais encarnou o objecto da sua missão: o Evangelho do Reino. Ao vencer a morte
e tudo o que a ela conduz, tornou-se definitivamente parte integrante do Reino de Deus. E, como tal, conteúdo do Evangelho. Mas sem deixar a condição de servo e escravo. Mostrando as mãos e o lado de Crucificado é que Ele, o Ressuscitado, apareceu aos seus, lhes transmitiu a paz, a que nasce do perdão, e os constituiu enviados seus, mensageiros do perdão para sempre obtido na cruz (Jo 20,19-23).
4. Foi dele que assim nasceu e assim vive a sua Igreja: pela fé de cada um. A fé que é obediência, isto é, entrega livre e total a quem se entregou todo por nós; a fé, pela qual Ele toma posse de mim e me transforma, de tal modo que já não sou que vivo, mas é Cristo que vive em mim (Gal 2,20); a fé que, nascendo do amor, actua pelo amor (Gal 5,6), o seu amor em mim e de mim aos outros, a todos os outros.
Neste contexto é perfeitamente compreensível o que Jesus exige dos seus: serem diáconos uns dos outros e escravos de todos. Ou Paulo com a exortação: Fazei-vos escravos uns dos outros (Gal 5,13). Escravos porém, sem qualquer perda de liberdade e de propriedade. Pelo contrário: Foi para a liberdade que Cristo nos libertou (Gal 5,1), a liberdade dos que amam à dimensão do seu amor. E a esses podem aplicar-se estas outras palavras de Paulo: Tudo é vosso: Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, o presente, ou o futuro. Tudo é vosso. Mas vós sois de Cristo e Cristo é de Deus (1 Cor 3,21-23).
5. É pois nesta condição que a Igreja adquire a sua identidade e realiza a sua missão. E isto em todas as áreas da sua vida, como aliás nos vão mostrar as leituras bíblicas da presente celebração:
 A de Act 6,1-7 fala-nos da evangelização: da Palavra que crescia em latitude. Um sucesso que se devia tanto à pregação dos Apóstolos como à caridade dos que tinham sido investidos na tarefa de socorrer as viúvas. Não é por acaso que, no original grego, às duas actividades se chama diaconia. É que ambas resultam da mesma entrega total ao Evangelho: uma entrega provocada pelo próprio conteúdo do Evangelho, isto é, a oferta da vida feita por Cristo para a salvação de todos; e uma entrega, por isso, em que o Evangelho é encarnado nas vidas daqueles que a ele se entregam: na total dedicação ao seu anúncio por parte dos Apóstolos e na generosa dedicação aos mais desfavorecidos da parte dos que servem às mesas. Daí e força convincente e salvífica da evangelização, ainda hoje.
Na 1 Ped 2,4-9 são realçados a origem e os efeitos da união entre os cristãos, as pedras vivas do templo do Senhor. É espiritual o edifício que formam, porque animado pelo Espírito que deles se apodera e leva cada um
a entregar-se ao serviço dos outros, a dar de graça o que de graça recebe. Daí a forte coesão de diferenças entre eles.
Uma unidade que exige sacrifícios. Uns no interior da Igreja, outros provenientes de fora: entre os cristãos, a renúncia ao que partilham; de fora, a marginalização da parte de não crentes, devida ao abandono pelos cristãos de práticas contrárias à sua fé. Mas são exactamente esses os sacrifícios que agradam a Deus, porque feitos em total adesão de fé a Cristo. A fé pela qual Ele passa a actuar naqueles que a Ele se confiam - como pedra tornada viva e vivificante pela total entrega a Deus e aos homens, incluindo aqueles que o rejeitam.
Por isso é que os sofrimentos a que tantas vezes somos sujeitos por fidelidade às convicções e práticas cristãs acabam por nos fortalecer na fé, na esperança e no amor, e nos levam a participar mais vivamente do sacerdócio de Cristo: como testemunhas da sua salvação, que se revela ao vivo em nós... se a Ele nos mantivermos unidos.
É dessa união que Ele nos fala em Jo 14,1-12. Mas agora mais na perspectiva da celebração da fé. As suas palavras são ditas na última Ceia, que tem a sua memória na Eucaristia. É nela que, ainda neste mundo, se entra com mais intensidade na morada que o Ressuscitado nos preparou com o seu regresso à casa do Pai.
Um regresso que Ele realizou como escravo. A lavagem dos pés era obrigatória só para escravos e a crucifixão era uma pena reservada a escravos ou pessoas degradadas a essa condição. Um acto de escravo sem dúvida, mas de modo algum escravizante. Pelo contrário: foi o acto mais livre e libertador, porque expressão de amor, o que atinge o grau máximo no dom da vida por aqueles que se ama.
Foi assim que Ele se tornou presente entre nós como o caminho, a verdade e a vida: o caminho que nos conduz à mesma entrega da vida; a verdade do Pai que no Filho nos liberta e capacita para o mesmo amor; a vida em que, nesse amor, triunfamos definitivamente sobre o pecado e a morte. Razões de subejo para a Ele nos confiarmos pela fé: para que, em nós, continue a fazer as obras do Pai - no amor que nos une, nomeadamente nesta Eucaristia.
6. A tentativa dos filhos de Zebedeu de subirem ao topo da glória e do poder, a todo o preço, até da própria vida, não foi a última na história do cristianismo. Com os custos a que o Evangelho já alude: a destruição da unidade entre os cristãos; a adopção de critérios e hábitos mundanos e a consequente perda da identidade, credibilidade e poder interventivo da igreja; e sobretudo a instrumentalização e até manipulação de Deus e do sagrado para proveito próprio, o pecado da idolatria.
Contra tais tentações e pecados, não encontro meio algum que não passe pela oração. A autêntica: a que, nascendo do reconhecimento- dos nossos limites e fragilidades de criaturas, consiste na entrega de fé ao Deus detentor da vida e Senhor da história, o Deus que, para isso, em Jesus Cristo desceu ao nosso nível, encarnou as nossas fraquezas, para fazer delas o dom da vida... e nessas condições nos conquistar para a oração, nos ensinar a rezar.
Essa a oração a que todos somos convidados nesta celebração. Aquela em que na prostração assumo a atitude do escravo que reconhece a distância que o separa do seu Senhor e a Ele se confia para acolher a sua graça e se deixar transformar pelo seu poder. A oração que, para isso, necessita do apoio e intercessão de tantos que, para serem santos, se fizeram escravos: como Pedro e Paulo, escravos de Cristo, ou Maria que, ao oferecer-se como eservava do Senhor, se tornou a Mãe do Filho do Altíssimo.
Que assim o Espírito do Senhor, pela oração ordenante e a imposição das mãos, penetre em mim... para fazer de mim escravo de todos.

D. Anacleto de Oliveira


2-
0 Bispo Hoje
Recordo que em 1954 o cardeal Spellman foi a Roma fazer uma conferência. Eu estava lá. Falou cinco minutos, e mandou distribuir um texto em diversas línguas.
Em dia festivo de ordenação episcopal, com tanta gente mal acomodada ,entendi escrever um apontamento, que cada um poderá ler oportunamente, com mais atenção.
É rica a história e é basta a bibliografia sobre a missão dos Bispos,"Sucessores dos Apóstolos". Porque os destinatá¬rios desta nota não são os Bispos, limito-me a transcrever um simples paragrafo do Directório do Ministério Pastoral dos Bispos (DMPB, 22-02-2004).
O Directório tem 246 números e a primeira parte do número dois diz o seguinte:
"Algumas imagens vivas do Bispo, tiradas da Escritura e da Tradição da Igreja, a saber, de pastor, pescador, pai, irmão, amigo, portador de conforto, servidor, mestre, homem forte e sacramento de bondade, apontam para Jesus Cristo, e mostram o Bispo como homem de fé e de discerni¬mento, de esperança e de empenho real, de indulgência (mitezza) e de comunhão. Tais imagens indicam que entrar na sucessão apostólica significa entrar no combate pelo Evangelho".
Este breve e belo texto condensa e determina as coorde¬nadas vitais da identidade e da missão do Bispo. Ao assinalar os traços bíblicos e eclesiológicos, não se aborda, nem desconhece, as diversas figuras do Bispo
na arte e na literatura, nem são inventariados os reflexos, com luzes e sombras, que vai projectando historicamente na opinião pública, e menos ainda o uso da palavra, porven¬tura abusivo, que aparece na linguagem corrente, por exemplo propósito do esturro ou do jogo do xadrez...
O breve texto do Directório, acima transcrito, pressupõe o "conhecimento" do mistério de Cristo na Sua Igreja.
De facto, à luz do mistério de Cristo, Pastor e Bispo das almas (cfr.lPe 2,25) que o Bispo compreenderá sempre mais profundamente o mistério da Igreja" (DMPB,I).
O Bispo é, pois, o "Vigário" (LG 27) d´ Aquele que é o grande e único "Pastor das ovelhas" (Hb 13,20). E assim
a sua identidade e a sua missão é consagrar-se a assemelhar-se, na vida e no ministério, a Cristo,"que veio para dar a vida e fazer de todos os homens uma só família, reconciliada no amor do Pai" (DMPB,1).
"Sucessor dos Apóstolos", o Bispo de hoje continua a ser o elo sacramental da grande Família cristã e o porta¬-voz do Salvador, também para os gentios. Considerando, apenas, as dez características do Bispo, gispoNque se encontram na Bíblia e na Tradição, poderemos, sumariar assim:
l. Pastor. No nosso tempo de grandes cidades e auto-estradas, quase não vemos, ao vivo, os pastores e os rebanhos, nos campos e nos montes. Teremos imagens de pinturas e da televisão, que nos dão a ideia de um conjunto de seres e de alguém que conduz.0 pastor é dirigente ou condutor. Por exemplo, Exequiel "profetiza contra os “pastores de Israel" (34). Em todo o médio oriente usava-se a palavra "pastor" para significar também o chefe de um povo ou de um grupo.
Por sua vez, o próprio Cristo apresentou-se como o "bom Pastor" (Mt..9,36),e constituiu Pedro e os outros Apóstolos pastores da Sua"Ecclesia”(cfr.Jo.21,15-18).
O Papa e os Bispos, sucessores dos Apóstolos, têm colabora¬dores ordenados sacramentalmente. Por isso, dizemos que são pastores de pastores e ao mesmo tempo servos de servos...
Neste grande dia de nova ordenação episcopal, recordamos com saudade João Paulo II, rezamos pelo novo Papa, e eu próprio presto homenagem aos meus predecessores nesta Igreja particular, porção da Igreja universal, agradeço a todos os Sacerdotes que exercem o ministério pastoral
nesta Diocese, e todos fazemos votos e empenho para que haja, quanto antes, "um só rebanho e um só Pastor" (Jo.10,16)
2.Pescador. Cristo, chamando Pedro, mudou-lhe o nome (Jo 1,42) e anunciou que de futuro seria "pescador de homens" (Lc 5,11),como já lhe tinha dito e ao seu irmão André:"Eu farei de vós pescadores de homens" (Mt 4,20)
Trata-se, é óbvio, de uma tarefa mais difícil, que é lidar com homens, um a um, olhos nos olhos, na convergência para a unidade incorrupta, de uma rede que nãp se rompe.
0 pastor de ovelhas que se tresmalham é também "pescador" de pecadores que recalcitram.
Nos muitos rios e diversos mares da vida, todos pensamos, em voz alta, nas obrigações de testemunhar e de evangelizar, em sentido missionário e ecuménico. Todos os cristãos, no mesmo Bareo, devem fazer comunhão.0 Bispo é pescador e timoneiro.
3.Pai.Todo o sacerdote, esteja na aldeia ou na cadeira de S. Pedro, é Padre. Poderemos acrescentar que o Bispo é Pai e Mãe. Tendo renunciado à paternidade biológica, é Pai de milhares de filhos na Igreja particular e de muitos milhões na Igreja sem fronteiras e sem barreiras. Constatamos que muitos desses filhos são rebeldes e pródigos, ou de outros redis e casas. Mas a paciente esperan¬ça e a diligente benignidade pastorais e paternais saberão procurar tresmalhados e chamar quantos noutro redil buscam o verdadeiro Pastor (Jo.10,16).
Cristo é o farol e o caminho. Logo depois de ressuscitado diz à Madalena:"Vai dizer aos meus irmãos que eu vou subir para o meu Pai e vosso Pai" (Jo.20,17) Fazendo-se irmão, deseja que os Seus ministros sejam também Pais e Irmãos, na caminhada permanente para a casa do Pai comum.
4.Irmão. É bom repetir que o Bispo tem muitos filhos,que também são seus irmãos,qualquer que seja a idade. Se "todo aquele que faz a vontade do Pai,é irmão e irmã" (Mt.l2,50), o pecador ou inimigo não deixa de ser irmão e requer atenção especial. Todos formamos uma grande família plural, em que Cristo é "o primogénito de muitos irmãos" (Rm.8,29).
Todos compreenderão, e todos desejam, que o Bispo, não fazendo acepção de pessoas,priorize os mais afastados e lubrifique o vinculo especial com o colégio episcopal e com a sua família sacerdotal.
5.Amigo. Ninguém duvide que o Bispo será motor e modelo de amizade. Não uma amizade de ocasião ou de passagem, mas, como se diz, do peito ou do coração. O Bispo sabe que não é chefe de empresa ou funcionário. E os outros? 0 Bispo mostrará que tudo quanto faz é ilumi¬nado pelo amor e motivado pelo zelo apostólico. A amizade episcopal será sacramento de perdão e de paz.
6.Consolador. Aliviar a dor e consolidar a esperança é missão dó Bispo. Consolar o triste ou aflito e consoli¬dar a fé do dubitativo ou errante está na linha da frente do plano do Pastor, que tem muitas solicitações e oportuni¬dades em geral, e especialmente, sem esquecer a família de sangue, com os colaboradores mais próximos que são sacerdotes e diáconos ...
0 DMPB fala de "portador de conforto" para sublinhar a imperecível solicitude do Pai que ama os seus filhos e irmãos.
7.Servidor. Diz a sabedoria popular que quem não vive para servir quase não serve para viver... Esta regra geral, que é um imperativo ou súmula de todos os mandamen¬tos, ganha mais força na pessoa/missão do Bispo, que se consagrou ao serviço de Cristo e da Sua Igreja (Mt. 20,27).
Para quê exemplos? Bastará pensar no "lava pés",como sinal, e escutar bem a recomendação de "não servir a "dois senhores" (Mt.6,24), o que exige verdade, e manifes¬ta alegria. Em consequência, a recompensa é iluminada, com valor acrescentado, pelas palavras do próprio Cristo, que nos manda concluir: "Somos servos inúteis, pois só fizemos o que devíamos" (Lc.17,10).
8.Mestre. Sabemos e dizemos que só Cristo é Mestre e Senhor. Mas também podemos e devemos dizer que o Bispo, Seu Ministro, está investido num poder de agir "in persona Christi" e mandatado para exercer um ministério que é também magistério. A missão profética, em todo o tempo e lugar, é prioritária, por palavras e por obras (verba et opera, como diz o lema do bispo de Leiria-Fátima).., Serão diferentes os meios (electrónicos ou de cultura), porém a mensagem é sempre a mesma, e a prevenção de não ser "frei Tomás" fala porventura mais alto.
9.Forte.0 DMPB diz que o Bispo é,ou deve ser,"homem forte".A fortaleza, dom do Espírito e virtude cardeal, marca e sustém o ministro de Cristo, em qualquer dos três graus do sacramento da Ordem, mas terá o reforço da graça de estado para o Bispo. E S. Paulo quem lembra que Cristo "é a força e a sabedoria" 1 Cor.1,24),e por Bispo "tudo pode n´ Aquele que dá força" da mansidão e da fortaleza isso o mesmo (Fi1.4,13).A conjugação dá luz e paz.
10.Bom.Finalmente o DMPB diz que uma da dez imagens do Bispo é ser "sacramentum bonitatis",ou sinal manifesta e comunica a bondade, que é dom e fruto Espírito Santo. Assim do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, auto-domínio; contra tais não há lei" (Ga1.5,22-23).
Terminarei esta. Série de traços para o “perfil episcopal´, lembrando que na minha ordenação recebi um belo poster que diz: se é bom ser importante, é mais importante ser bom!
Anacleto Cordeiro Gonçalves de Oliveira (17-07-1946),orde¬nado presbítero em 15-08-1970 na igreja catedral de Leiria, doutorado em Sagrada Escritura, exerceu diversas funções pastorais na diocese de Leiria-Fátima e foi
nomeado (4-02-2005) Bispo auxiliar do Patriarcado de Lisboa com o título de Acquae Flaviae, Chaves, diocese extinta no século V e que foi título do seu antecessor imediato nas terras do Oesta no Patriarcado de Lisboa.
O Sr. D. Anacleto escolheu como lema do seu episcopado uma frase extraída do diálogo de Cristo com os seus Apóstolos, em Cafarnaúm: "Se alguém quiser ser o primeiro, há-de ser o servo de todos" (Mc.9,35).
Servo de todos ou "escravo de todos" foi a tradução que D. Anacleto preferiu para as suas "armas". Na Nova Vulgata diz-se "omnium minister", que significa "servidor de todos".
É uma grande promessa. É uma mensagem evangélica. É um programa de vida.
Se Maria disse: "Eis a escrava do Senhor", rezo para que cada Bispo possa dizer, por palavras e por obras, a toda a gente: estou verdadeiramente ao vosso serviço. Concluindo, poderemos ainda observar que as palavras servo, servente, servidor e escravo são afins, mas não rigorosamente sinónimas; de qualquer modo, todas elas contêm três letras do verbo e do substantivo SER.
Irmão Anacleto, que continues a ser, cada vez mais e melhor, servo e ministro de Cristo, ao serviço do povo de Deus.
Em comunhão com o Papa Bento XVI, com a Conferência Epis¬copal Portuguesa e com toda a Igreja, que sejas uma bênção de graça para o mundo. Que Nossa Senhora de Fátima e Santo Agostinho te protejam. Amen!
 D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva
Bispo da Diocese de Leiria-Fátima
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